O Fantasma do Som, no Centro Cultural São Paulo, entra para o rol dos grandes espetáculos da Banda Mirim [Dib Carneiro Neto]
Assim é O Fantasma do Som, em cartaz já há algumas semanas – e de graça – no Centro Cultural São Paulo, como parte de um projeto mais amplo dessa instituição, Vitrine do Rádio.
Desta vez, a trama é bem básica. Não é uma peça com muita ação, mas um espetáculo de contemplação, uma pérola para observação e fruição de todos os nossos sentidos. Os destaques maiores são a trilha sonora (que esbanja coerência ao usar referências o tempo todo de jingles da era do rádio) e a rica e variada gama de personagens, muito bem interpretados e caracterizados.
No início, depois do terceiro sinal, uma grande e simples sacada: uma brincadeira com um programa radiofônico de adivinhações e trívias serve de veículo para os tradicionais avisos de "desliguem o celular" e "fotos só sem flash". Um encanto já assim de cara.
Eis que começam a surgir os personagens e aí a empatia é imediata. Tata Fernandes está divertidíssima como Neusa Maria, que só fala cantando. O dono da emissora, Pino Azambuja, um cego, é maravilhosamente defendido por Alexandre Faria, em seu melhor papel na trajetória do grupo, em minha opinião, claro.
A dubladora velhota Suzete Rupião, que adora levantar o vestido e mostrar a calçola, nos garante boas risadas, graças à afiada verve cômica da premiada Claudia Missura. O cantor Rubi, sempre arrasando nos números musicais dos espetáculos da Banda Mirim, também marca seu ponto com mérito, na pele do porteiro Abdias. Nô Stopa, por sua vez, brilha como a sobrinha do dono da rádio, Mary Lee, que chega de viagem toda americanizada – um tributo a Carmem Miranda.
E tem mais, muito mais. Talvez seja a peça de Romagnoli que melhor tenha contemplado o elenco com personagens fortes, embora em papéis pequenos, sem chance para protagonismos. Todos têm sua hora e sua vez e brilham igualmente.
A iluminação de Marisa Bentivegna é mais um acerto do espetáculo, que inclui em sua trama um momento em que termina a energia dentro do estúdio e a luz se apaga. A solução de Marisa para a cena é ótima e bastante eficiente.
Não se pode deixar de falar também dos figurinos retrôs de Fabio Namatame, que arrasa sobretudo nos personagens femininos, com releituras de estampas de épocas passadas e um bom jogo de cores.
Um programaço para toda a família, com o perdão da frase clichê. Os três últimos espetáculos desta temporada no CCSP serão neste fim de semana de Páscoa, inclusive hoje à tarde, sexta da Paixão.
SERVIÇO
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