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Com
Wagner Moura no elenco, "Elysium" retrata o mundo como um lixão
RODRIGO SALEM
DE CANCÚN (MÉXICO)
2154. A Terra é uma imensa
favela com prédios destruídos e construções baratas. As pessoas trabalham em
fábricas sujas, tentando vislumbrar uma escapatória longínqua, quase
inalcançável. O paraíso é uma estação orbital para ricaços chamada Elysium
(confira trailer abaixo), que também é o nome do filme dirigido por Neill
Blomkamp. Seu primeiro longa-metragem, "Distrito 9" (2009), faturou
R$ 480 milhões e foi indicado a quatro Oscar --incluindo melhor filme e
roteiro.
"Não tenho otimismo.
O planeta está cada vez mais populoso e com mais diferenças sociais. Nossa
única esperança é que a tecnologia reverta esse quadro", diz o cineasta
sul-africano de 33 anos.
Em "Distrito 9",
Neill usou as memórias da adolescência, quando presenciou os conflitos do
apartheid. Trocou os africanos negros por extraterrestres em campos de
contenção e os brancos por corporativistas engravatados, com um plano
"milagroso" de realocação dos "camarões", apelido dado aos
alienígenas aprisionados.
O cineasta dá um passo
mais ambicioso dessa vez. Ele gastou R$ 240 milhões para filmar
"Elysium", em que critica as leis de imigração, as diferenças sociais
e a política de saúde pública dos Estados Unidos. "O que fiz foi tirar
fotos instantâneas com lentes do futuro", conta o diretor. "Elysium é
uma metáfora do governo americano, um lugar distante onde grandes decisões são
tomadas. Eles policiam a Terra e usam agentes infiltrados para executar as
missões."
O agente do filme é
Kruger, psicopata turbinado por alterações robóticas, interpretado pelo sul-africano
Sharlto Copley, o protagonista humano de "Distrito 9" e amigo de
Neill desde criança. Kruger é o ponto de divisão de "Elysium": você o
ama ou o odeia. "Ao viver Kruger, descobri um lado perverso e sujo que não
sabia que existia em mim", diz Sharlto.
A sujeira real, do set,
também teve seu papel no filme. Matt Damon, que vive o protagonista, Max, um
ex-delinquente que tenta levar uma vida normal depois de sair da prisão, lembra
um episódio particularmente nojento. "Estávamos filmando em um lixão no
México e havia um rio imundo no local. Um helicóptero fez um voo rasante numa
cena de perseguição e nós respiramos e engolimos aquele nojo."
Ele se refere a uma
sequência na qual Max, com poucos dias de vida após ser envenenado, precisa
sequestrar dados da mente de um empresário (William Fichtner) para ganhar uma
passagem para Elysium das mãos do hacker e revolucionário vivido por Wagner
Moura. "Essa história parece meio folclore", diz o baiano. "As
filmagens pareciam difíceis e fedidas, mas eu fiquei no meu hotel tomando
tequila."
"Elysium"
estreou em primeiro lugar nos Estados Unidos e faturou R$ 72 milhões no
primeiro fim de semana --números nada espetaculares, mas esperados. No Brasil,
a pressão para o longa estourar é maior. Além de Wagner Moura, o filme traz
Alice Braga como o par romântico de Matt Damon e um clima latino-americano com
muitas referências a "Tropa de Elite".
"Sou fanático pelos
filmes do José Padilha", diz Neill. "Vi o primeiro [Tropa] quando
estava filmando 'Distrito 9' e gosto ainda mais do segundo, o que parecia
impossível." Ele não vem ao Brasil promover "Elysium" porque
está preparando um novo longa, "Chappie", comédia de ficção
científica, com Sharlto Copley e Dev Patel ("The Newsroom").
"O filme é tão maluco
que pode acabar com minha carreira", brinca o sul-africano. "Antes
disso, preciso dar um jeito de ir ao Brasil."
O ator Wagner Moura está prestes a fazer sua estreia no cinema
hollywoodiano com o filme "Elysium"
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