Morre o escritor colombiano Álvaro Mutis, vencedor do
prêmio Cervantes
DE SÃO PAULO
O colombiano Álvaro Mutis morreu neste domingo (22),
aos 90 anos, na Cidade do México, onde morava desde 1956. Ele era um dos mais
importantes escritores latino-americanos da atualidade, tendo vencido em 2001 o
Prêmio Cervantes, a maior honraria literária de língua espanhola.
Sua mulher, Carmen Miracle, confirmou ao jornal
espanhol "El País" que Mutis estava internado havia uma semana por problemas
cardiorrespiratórios.
Nascido em Bogotá, em 1923, Álvaro Mutis estudou em
Paris e Bruxelas quando jovem. Depois da morte de seu pai, retornou à Colômbia,
onde trocou os estudos pela vida boêmia. Trabalhou numa emissora de rádio e,
após passagens por empresas petroleiras como Esso e Standard Oil, lançou seu
primeiro livro de poesias, "A Balança", em 1947.
Em 1953, criou o personagem Maqroll, el Gaviero (tipo
de marinheiro que fica na vela mais alta da embarcação), que se tornou uma
marca de sua escrita, protagonizando sete de seus nove romances.
"Ele vem das minhas leituras de [Joseph] Conrad,
de [Herman] Melville, principalmente de 'Moby Dick'; é um cara que fica lá, na
vela, algo que me parece o trabalho mais belo que pode haver num barco, entre
as gaivotas, diante da imensidão e na solidão mais absoluta", afirmou o
colombiano em entrevista.
O primeiro desses romances foi publicado em 1978,
"A Neve do Almirante" (Record), aos quais se seguiram "Ilona
Chega com a Chuva" e "A Última Escala do Velho Cargueiro" (todos
publicados no Brasil), entre outros.
Depois disso, acumulou prêmios literários, como o
Príncipe das Astúrias das Letras, o Rainha Sofía de Poesia Iberoamericana
(ambos de 1997) e o Cervantes (2001).
Um de seus grandes amigos, o escritor e compatriota
Gabriel García Márquez, escreveu um texto para homenageá-lo em seu aniversário
de 70 anos, em 1993.
Segundo Márquez, "basta ler uma página qualquer
deles [os livros de Mutis] para entendê-lo totalmente: a obra completa de
Álvaro Mutis, sua própria vida, é a de um vidente que sabe com certeza que
nunca voltaremos a encontrar o paraíso perdido. Quer dizer, Maqroll não é
apenas ele, como se diz com tanta facilidade. Maqroll somos todos nós"
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