Morte à poesia
“As editoras desistiram de publicar poesia, esgotaram
as possibilidades” A resposta de Raphael Draccon, escritor e editor foi mais ou
menos esta durante a Nerd Expo realizada em Blumenau, quando perguntei se
haveria um ressurgimento da poesia, ou se continuaríamos apenas lendo velhos
mortos. Esta fala me deixou doente no primeiro momento, literalmente, tive dor
de cabeça e ânsia de vômito posteriormente, está bem, houveram outros fatores
que auxiliaram na doença, mas este me fez pensar muito.
A fala dele continuou, no sentido em que Vilto e eu já
havíamos percebido em certa conversa, que a poesia se encontra cada vez mais
frequente dentro da prosa, ainda disse que a poesia continua viva no RAP, citou
Emicida e outro, nisso concordo com ele, ainda acrescento, Criolo, manda muito,
já falei sobre ele aqui no Homo Literatus. Também está presente nos cordéis de
artistas nordestinos, e nas trovas de todos os CTG`s espalhados pelo mundo.
Na perspectiva atual, talvez haja lógica na fala de
Raphael, não estou aqui querendo falar mal dele, na real aprendi muito durante
as respostas dele, sei que é uma resposta padrão de editores, qualquer outro
editor teria dado resposta similar, no entanto, em questão de futuro sou
obrigado a discordar, a poesia irá sim ressurgir!! As editoras voltarão a
publicá-la, a saída ele mesmo apontou em outra fala, vamos então a ela, que é
aproximadamente isso:
“Hoje as editoras não pedem para aqueles que desejam
enviarem textos, o autor deve se destacar antes e chegar na editora afirmando que
há um público a sua espera.” Não foram bem estas exatas palavras, mas o sentido
é este.
Eis que temos a saída, gerar uma demanda poética. Amo
ler autores clássicos, mas também amo ler autores atuais, e prefiro ler em
livros do que virtualmente, penso que a maioria dos poetas o prefere. Dentre os
poetas contemporâneos que leio gostaria de citar: Celeste Fontana, Serenita
Rienzo (esta até nome poético possui, Serenita), nosso colunista Bernardo
Pacheco, recomendo a vós uma das maiores pérolas aqui do site o Soneto de
Incerteza, dentre outros. Então, sabemos que hoje o ambiente virtual tem força,
a própria realização da Nerd Expo é prova disso, Eduardo Spohr prova ainda
maior. Logo, basta gerar uma grande demanda virtual para que o real se
concretize.
Sei que sou um sonhador, nascido na provinciana Porto
Alegre e morador da linda e bucólica Presidente Getúlio, mas há fatos concretos
a minha volta que me fazem enxergar além, tais como: Minha cidade possui em
torno de 17.000 habitantes, estou aqui a 1 ano exatamente e conheço outros três
poetas na cidade: Nelson Linhaus, Larissa Coelho e Rafaela Heinzen. Neste site
dentre os colunistas cito ainda outras duas poetas que admiro Gisele Correa e
Claudia de Villar. Logo há poetas! E de qualidade!
Então proponho que aqui seja um espaço de aglutinação
de poesias, para que assim possamos gerar interesse na leitura de poemas, e
como consequência o desejo das editoras em publicá-las, quem sabe o próprio
citado Raphael gere tal interesse ao ver o movimento na web. Visto que a
principal mídia hoje é a internet, facebook já é mais comentado em rodas de
conversa do que as novelas, então basta compartilhar, curtir, e como falam os
gaudérios espraiar.
Assim, comam poesia, bebam poesia, comprem poesia. Criem
sites, blogs de poesia. Deste modo fortaleceremos a literatura que tanto
amamos, e voltaremos a sentí-la com o doce perfume de livro novo. Não poderia
terminar este post sem citar outro espaço de divulgação poética que é o
www.liberarti.com, de nossa amiga Maria Cristina Alves Dias, que está na
vanguarda deste processo.
Dizem que todo escritor consagrado teve uma decisão
maluca em sua vida, eis a minha aqui, que é maior do que eu mesmo, resgatar a
publicação de poesia, e sei que não estou só. Comentem, amem, critiquem, odeiem
este sonho ali nos comentários, deixo-vos com um poema que compus e foi um
divisor de águas em minha vida, declamado pelo célebre PhD Juan Mosquera,
crentes não me matem, entendam antes…
Amor
de Peleia
Amor não é ilusão
Mas ilusão dele se faz
Num mundo de fantasias e devaneios
Cada qual inventa o seu
Por egoísmo esquece
Que o amor só pode ser universal
Amor não é agressivo
Mas de lutas se faz
Afinal que lutas?
Lutas contra a ignorância
Batalhas pela consciência
Duelos pró-virtudes
Extermínio de crueldades
Amor não é sexo
Mas com sexo, mais gostoso se faz
Oh como é bom
A todo momento transar
Não somente o sexo genital
Mas também o trepar verbal
A fornicação intelectual
O transar do amor
É entrelaçar
Estreitar laços
Perpetuar o vínculo
Amém
Juliano é poeta em tempo integral. Professor,
psicopedagogo e escritor nas horas vagas. Ama as coisas simples desta vida, a
paisagem, as flores, uma rede e um bom livro. Acredita que a Palavra é uma
fonte de vida e libertação, se inspira e agradece ao Criador por ela
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