Os
10 melhores livros da Literatura Brasileira
Você vai conhecer um pouco sobre dez dos mais
importantes romances brasileiros de todos os tempos em ordem cronológica.
10- Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
Com “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, Machado de Assis
não só estabeleceu um dos marcos do Realismo no Brasil como também mostrou que
era possível uma literatura que fosse identificada como brasileira, sem
precisar ter índios, caipiras e vida rural. No texto, o defunto autor Brás
Cubas rememora sua vida no Rio de Janeiro do século 19, a partir de sua morte.
A narrativa é lenta e sem muita ação, mas com uma visão
irreverente e irônica que consegue captar com precisão a estrutura social
brasileira. Rico e sem um projeto de vida, Brás Cubas, ao contar sua história e
analisar seu comportamento, constrói um romance psicológico, cheio de
digressões e reflexões. Nele revela as hipocrisias, vaidades e oportunismos
daqueles com quem conviveu. O livro foi uma revolução na literatura brasileira
pelas inovações na temática, na estrutura e na linguagem que trouxe.
9- Dom Casmurro (1899)
Talvez ela seja uma das mais importantes obras
literárias sobre adultério já escrita. O mesmo tema presente em “Othelo” de
Shakespeare está também desenvolvido de forma magistral em “Dom Casmurro”.
Machado de Assis fez do triângulo amoroso Bentinho-Capitu-Ezequiel o maior dos
enigmas da literatura nacional. A pergunta sobre se Capitu, que tem olhos de
cigana dissimulada, traiu ou não Bentinho com seu amigo Ezequiel continua a
render estudos e discussões.
Na narrativa que apresenta Bentinho ou Dom Casmurro,
como foi apelidado, como um narrador torturado entre o amor e o ciúme, Machado
de Assis deixa a solução do enigma da traição para a mente do leitor, ao
inundar o texto de provas e contraprovas do possível adultério. A construção
psicológica dos personagens e do ciúme na mente do narrador é feita de forma
magistral pelo escritor.
8- Os Sertões (1902)
O repórter Euclides da Cunha provavelmente não tinha em
mente que escreveria uma das mais importantes obras literárias de todos os
tempos quando foi cobrir a Guerra de Canudos em 1897 para o jornal O Estado de
S. Paulo. Euclides conseguiu juntar arte e ciência. Nitidamente influenciado
pelo positivismo, o livro mistura geografia, geologia, história, filosofia,
psicologia e arte literária para descrever e narrar poeticamente um dos mais
dramáticos episódios da história do Brasil.
O repórter traz o testemunho da epopéia do líder
místico Antonio Conselheiro que à frente de uma população pobre e de jagunços
resistiu à República e impôs seguidas derrotas às tropas do governo federal.
“Os Sertões” foi um sucesso de público imediato e logo foi reconhecido pela
crítica como uma das mais importantes obras literárias nacionais.
O tupi e não o português deveria ser o idioma oficial
do Brasil. Essa irônica proposta é uma das muitas ideias do major Quaresma,
protagonista da obra escrita pelo jornalista Lima Barreto. O livro trouxe
algumas das características que definiriam o Modernismo na literatura
brasileira alguns anos depois, como a linguagem coloquial e a denúncia das injustiças
e desigualdades sociais no país.
Em “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, Lima Barreto
narra em cinco capítulos as tentativas do major Quaresma de colocar em prática
seus ideais patrióticos. O escritor fez um romance social no qual estabelece
uma metáfora da construção do Brasil ao misturar fatos históricos e fictícios.
O protagonista vai tendo sua visão ingênua, patriótica e utópica confrontada
pela realidade de um país extremamente desigual, cínico e injusto.
6- Macunaíma (1928)
Capa de uma das edições de Macunaíma um herói sem
caráter
Impressionante alegoria sobre o Brasil, “Macunaíma” foi
escrita por Mário de Andrade e se tornou uma das obras mais representativas do
Modernismo brasileiro. Desenvolvido como uma rapsódia, ele mostra a viagem pela
cultura nacional e o encontro de Macunaíma, o herói sem caráter, com a cidade,
as prostitutas, o mulato, o gigante capitalista e personagens míticos e
históricos.
Na obra, Mário de Andrade procura estudar a identidade
do Brasil a partir do olhar de um personagem híbrido que mistura aspectos da
criança e do adulto. “Macunaíma” revela as contradições da formação cultural
brasileira, ao mesmo tempo em que mostra a integração entre as raízes de nossa
cultura, o progresso e as influências estrangeiras, numa fusão de primitivismo
e modernidade.
5- Vidas Secas (1938)
Graciliano Ramos compôs uma das obras-primas da
literatura brasileira ao contar a história da família de retirantes que luta
pela sobrevivência em meio à interminável seca nordestina. Com uma linguagem
depurada, o escritor narra a saga de Fabiano, Sinhá Vitória, a cachorra Baleia,
o menino mais velho e o menino mais moço. Assim como o sertão nordestino
retratado na obra, a narrativa em “Vidas Secas” é seca, econômica e
contundente.
A economia de termos, que inclui o pobre vocabulário de
seus personagens, reflete a miséria da região e da vida de eternos retirantes
em busca do essencial para manterem-se vivos. E é essa mesma seca, da qual eles
fogem, que condicionará a moral e o comportamento deles, tornando-os
embrutecidos e levando-os a perderem sua humanidade. A obra é um exemplo do
romance regionalista do Modernismo dos anos 1930.
A trilogia escrita por Érico Veríssimo é composta dos
volumes “O Continente” (1949), “O Retrato” (1951) e “O Arquipélago” (1962).
Neles é contada a saga da família Terra-Cambará, tendo como pano de fundo a
história do Rio Grande do Sul no período de 1745, época das missões jesuítas, a
1945, com o fim da ditadura de Getúlio Vargas.
É dessa narrativa que mistura ficção e fatos históricos
que surge o lendário capitão Rodrigo, um dos mais conhecidos personagens da
literatura brasileira. Considerado o primeiro grande romance histórico
latino-americano, ele virou um paradigma literário ao apresentar as trajetórias
das diferentes classes sociais, a composição étnica e a função de cada uma
delas no contexto brasileiro.
3- Grande Sertão: Veredas (1956)
O romance escrito por Guimarães Rosa é uma das criações
mais originais da literatura brasileira. Nele é contada a história de Riobaldo,
um fazendeiro que vive às margens do Rio São Francisco, na região norte de
Minas Gerais. Ele narra as histórias que vivenciou no sertão, inclusive
enquanto foi jagunço.
Entre elas está a incrível e impossível paixão dele por
seu companheiro Reinaldo, que na verdade era uma mulher chamada Diadorim, fato
que Riobaldo só descobriu após a morte dela.
A linguagem utilizada por Guimarães Rosa para expor as
memórias de Riobaldo foi uma revolução na literatura nacional. O escritor
misturou arcaísmos e neologismos, juntou a oralidade da cultura sertaneja e a
norma culta e inventou palavras por analogia, entre outras inovações.
2- Gabriela, Cravo e Canela (1958)
Um dos muitos sucessos de Jorge Amado, “Gabriela, Cravo
e Canela” é um dos romances brasileiros com o maior número de traduções para
outros idiomas e com várias adaptações para outras linguagens, como o cinema e
a TV. A história remete ao ciclo econômico do cacau na Bahia dos anos 1920, mais
precisamente na rica Ilhéus.
É lá que o romance entre o imigrante sírio Nacib e a
mulata sexy Gabriela funciona como trama central em uma história que mostra as
disputas políticas e a hipocrisia social na cidade. Romance urbano, ele
inaugurou uma nova fase na escrita de Jorge Amado, que se distanciou do
“realismo socialista” anterior, para mostrar com bom humor como a libertária
retirante Gabriela contribuiu para a modernização dos costumes na provinciana
Ilhéus.
Além de escritora, Clarice Lispector trabalhou como
jornalista, por longos anos, e como tradutora, por períodos curtos, mas
intensos.
Acervo de Divulgação / Editora Rocco
"A Hora da Estrela" foi a última obra escrita
por Clarice Lispector
Macabéa é uma moça sonhadora e ingênua que migra do
Nordeste para o Rio de Janeiro. A partir desse mote, Clarice Lispector constrói
ao menos duas histórias paralelas em “A Hora da Estrela”. Uma narra o trágico
percurso da migrante nordestina na cidade grande e o choque cultural que ela
enfrenta. A outra é um discurso metalinguístico em que o próprio narrador
Rodrigo S. M. revela suas angústias como escritor e com o seu papel social.
O existencialismo, o recurso ao fluxo de consciência na
narrativa e até o inédito, na obra da escritora, regionalismo se mesclam nessa
obra que ao mesmo tempo representa a terceira geração literária do Modernismo
no Brasil e transita para uma estética contemporânea. Ao longo do texto,
Clarice Lispector estabeleceu o paralelo entre a trágica história de Macabéa e
o ato de escrever, a ponto de o narrador ser um co-protagonista do romance.
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Um comentário
Jorge Amado é um dos melhores escritores brasileiros. Porém, de suas obras, uma das mais fracas é justamente Gabriela Cravo e Canela.
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