Fio Vermelho
Um fio invisível conecta os que estão destinados a
conhecer-se.
Independentemente do tempo, lugar ou circunstância. O fio pode
esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá se partir.”
Essa sabedoria chinesa martelou na cabeça dela o dia
todo. E ao passar das horas a ouviu mais de uma vez. Devia estar na moda. Mais
uma dessas frases que são repetidas incontáveis vezes em seus dez minutos de
fama.
Não era. Findo o dia, outros tantos vieram e a frase
martelava. Era como se o tal fio vermelho estivesse embolando-se cada vez mais
nela. Havia começado como um novelo entre seus pés, mas agora já a envolvia até
a cabeça, amarrando-lhe os pensamentos.
A água quente do banho ajudou a lavar os pensamentos.
Ajudou a organiza-los, talvez. Pensou onde estaria o seu fio vermelho. Quem
estaria segurando a outra ponta? Seria preciso um mapa da mina para
descobri-lo?
Suspirou. Passou pela sala. Tomou uma bebida qualquer
com gelo. Muito mais pelo prazer de brincar com cubos em temperaturas mais
baixas do que os seus lábios do que para saciar a sede ou mudar o paladar.
De pronto pensou em uma série de pontas para o seu fio
vermelho, mas nenhuma foi tão desejada quanto uma que, por acaso, havia se
enroscado em seus cabelos vermelhos em um dia desses. Não era nada especial.
Talvez nem tivera sido notada, mas notou e, de leve, sussurrou: Talvez os
orientais estejam certos: talvez haja mesmo um fio vermelho que ligue as
pessoas e, com sorte, o seu fio é o fio dos meus cabelos, tão vermelho, tão
próximo de seus dedos...
Mais uma vez suspirou e desejou que a ponta de seu fio
vermelho fosse logo encontrada. Não por carência, mas porque desejava se sentir
amada.
Dy Eiterer.
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de
novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora,
escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa
mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu,
seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do
ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada
morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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