Miudeza
Sou miudeza. Minúscula. Poeira. Grão de pólen dourado
que só brilha no sol. Brevidade. Tenho mãos pequenas e pés que se perdem. Tenho
dedos curtos, finos, delicados, desses que tremem ao segurar um cristal. Tenho
olhos brilhantes e curiosos. Sou pequena luz inquieta que busca acender olhos
que vagam por breus.
Por ser pequena, não tenho muito. Tenho quase nada. O
que tenho me basta. Bastaria se fosse seu. Se eu fosse sua. Bastaria se não
fosse de silêncio, do seu silêncio atordoantemente agudo aos meus ouvidos.
Sou minúscula e seus olhos não me veem. Espero à sombra
de mim mesma que me veja. Que olhe para mim e perceba que sigo seus rastros.
Como a delicada joaninha ao pé da flor que tem sua beleza anulada, quase
imperceptível porque só os aromas interessam a quem visita o campo.
Sou poeira levada pelo vento. Arrastada pelos passos de
um caminhante qualquer que ousa em becos e vielas. Sou poeira repousada nas
curvas de um ponto de interrogação que ecoa pelos vãos do tempo. Em galhos
secos de frases podadas da boca seca de palavras certas.
Sou grão de pólen de versos desalinhados que provocam
reboliços turbilhantes em minha própria mente. Contiguidade em meus
descontínuos temas paralelos que se encontram em meu infinito de ideias,
prantos, lamentos, desabafos e alegrias, rompendo a lógica euclidiana.
Sou brevidade, tempo determinado. Sou hora marcada para
o fim. Tenho pouco tempo no relógio, pouca areia na ampulheta, pouco sol nas
pedras angulares. Sou folhas contadas na agenda, dias esgotados do calendário,
mas ainda assim lhe espero.
Pelas minhas mãos pequenas a caneta lhe escreve, lhe
descreve, conjuga suas ações com as minhas. Salvam-me do limite da eira, tiram-me
da beira, evitam a vertigem.
Pelos meus dedos pequenos toco canções ininteligíveis,
com palavras nunca antes pronunciadas por nossas bocas. E já são tão poucas que
pago pelo preço do que não vejo e já nem sinto tanto. Será que ainda há o
encanto? Vago. Silêncio. Silencio. Não ouço resposta ou assobio. Suplico,
conjuro, adormeço em minha miudeza de ser e grandeza de sentir, em minha
pequenez de alma e imensidão de amar.
Dy Eiterer.
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de
novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora,
escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa
mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu,
seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do
ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada
morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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