Livros lançados por George
dos Santos Pacheco, ou com sua participação:
O fantasma do Mare Dei
Existem suspeitas que um
estelionatário procurado pela polícia embarcará em fuga para fora do país no
navio de passageiros Mare Dei, um dos últimos de sua época. Para encontrá-lo
foi colocado em seu encalço o jovem detetive Aquiles Balmant. Mas existe um problema.
A polícia não tem uma descrição exata do bandido. O detetive não sabia seu
nome, nem tinha um retrato falado. Apenas uma descrição fraca do que seria o
homem que roubava dezenas de mulheres pelo Rio de Janeiro. Um quebra-cabeça
para ninguém por defeito. Ele pode ser qualquer um...
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Mare Dei, clique aqui!
Assassinos SA - Vol. II
Desde que começou a raciocinar, o homem busca desvendar
o que vai pela cabeça de um matador. Tarefa difícil, se pensarmos que cada
assassino possui maneiras e motivações diferentes para matar. Logo, não temos
como identificá-los, não conhecemos as regras que obedecem, não sabemos o que
deles esperar. Suas ações e reações são igualmente imprevisíveis, aleatórias,
ocasionais, tal e qual os níveis de sua imaginação doentia e os requintes de
sua crueldade.
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Contos Sombrios de
Natal
Natal! Época de paz, de
harmonia, de luz... Quando todas as esperanças se renovam e... Esqueça. Nada
disso é verdade quando os participantes do Fórum da Câmara dos Tormentos
decidem voltar o olhar para o Natal. Essas mentes sombrias da LitFan nacional
espreitaram mistérios sob as asas obscuras dos anjos do Natal para
transformá-los nas mais nefastas histórias natalinas. Onze contos! Onze mentes
sombrias e uma única data.
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Sombrios de Natal, clique aqui!
Sete - Contos Capitais
Neste livro, os sete
pecados capitais foram ilustrados com sete contos – os contos capitais –
histórias de pessoas que ultrapassaram os limites da razão no que se refere a
esses desvios de conduta. Há nestas páginas um apetite insaciável; ganância; o
maior ódio que uma pessoa pode ter; sensualidade; psicopatas; depressão e
sangue, muito sangue.
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Capitais, clique aqui!
TARDE DEMAIS PARA SUZANNE
Acordei por volta das sete horas. À contragosto, é
verdade. Tomei um banho bem quente - daqueles em que a pele fica avermelhada -
escovei os cabelos, pus um vestido chemisier curto negro e mocassins pretos, e
fui tomar café. Meus pais já tinham saído para trabalhar e nem saberiam se eu
fosse à escola ou não. Acho que não se importavam muito com isso, aliás. Como
filha única, sempre tive tudo que quis, nenhuma de minhas vontades era
contrariada. Se isso foi bom? Não sei. Acho que sim, mas faltava alguma coisa.
Deixei a louça do café na mesa e fui escovar os dentes.
Depois passei um batom bem vermelho e brilhante, e maquiagem nos olhos. Queria
me sentir bem sensual neste dia. Não que eu não me sentisse assim
habitualmente, mas ese dia seria diferente.
Olhei para minha bolsa com os cadernos. Não, eu não os
levaria em meu passeio. E para ser sincera, não notariam minha falta na classe.
Sou bonita, sensual, interessante, mas sou daquele tipo de pessoas que passam
despercebidas na multidão, e eu não me importo com isso. É, talvez eu me
importe um pouco.
Saí de casa sem trancá-la e fui caminhando calmamente
rumo ao centro da cidade. No caminho, algumas pessoas corriam, fazendo
exercícios, outras liam jornais com as barbaridades mais macabras de todos os
tempos do último dia, algumas bebiam nos bares, outras saíam benzendo-se de
igrejas e outras tantas sorriam, gargalhavam.
Senti vontade de gritar: Estão rindo de quê?, mas não
gritei. O mundo está repleto de guerras, assassinatos, fome e doenças, numa
dimensão muito maior do que se pode noticiar. Eu não riria por isso. Tem gente
morrendo aos montes nos hospitais e sabe, ninguém parece se compadecer delas.
Tem um mendigo logo ali na calçada e as pessoas passa rindo e conversando por
ele, como se ele fosse uma pedra, ou árvore, ou qualquer objeto inanimado. Não
estão nem aí para ele, acham que ele escolheu ficar na sujeira, que tudo faz
parte de um plano maquiavélico para usurpar o dinheiro daqueles que tanto
batalharam para tê-lo. Isso é um absurdo! - gritei para mim mesma, e minha voz
não deu um passo além de meus dentes.
Tive vontade de chorar. Atravessei a rua abarrotada de
carros que buzinavam impacientes e irritados com os outros carros que não se
moviam atrás do sinal verde. A buzina é um instrumento mágico que faz desaparecer
da face da Terra todo meio de transporte que empacar no trânsito. Mas a desse
pessoal aí deve estar com defeito, coitados. Do outro lado da rua havia um
casal de namorados, felizes, que se beijavam e também riam. Porque estão
felizes? Eu não vejo motivo nenhum para isso. Na primeira oportunidade que ele
tiver, queridinha, ele vai te trair. Foi assim comigo, eles são todos assim.
Um dia eu acreditei em felicidade, no amor. Meu
primeiro namorado eu conheci na escola, assim como os outros. Eu queria
carinho, eu queria ser amada, mas rapidamente percebi que ele não estava nem aí
para minha conversa interessante e meus sentimentos. Me traiu com uma garota de
minha turma, uma vagabundinha que deixava ele por as mãos onde eu não deixava.
Tudo bem, ele não presta. Os outros também não. O segundo não me traiu - até
onde eu sei - mas me largou porque eu não trepei com ele. Eu não estava
preparada para isso... Trepar. Que coisa feia, não é mesmo? Mas é assim. Não se
trata de fazer amor, carinho, aconchego. É algo puramente carnal, desprovido de
sentimentos. Instinto... Foi então que eu decidi trepar, pronta ou não. Trepei
com um, dois, três, até que encontrei alguém que valia à pena. Mas ele também
me traiu, mesmo eu lhe dando o melhor sexo do mundo, e sendo a namorada mais
carinhosa e submissa que podia ser. Ele não tinha necessidade disso, pelo menos
racional. Não mesmo. Talvez seja o código genético... Mas eu não quero saber.
Desisti deles. Desisti de tudo. A vida é um trem que passa rápido e não pára
para ninguém descer. Então resolvi pular...
Atravessei outra rua, já no centro da cidade e entrei
em um prédio comercial bonito, bem decorado, que devia ter uns quinze andares.
As pessoas entravam e saíam como em um movimento automático, e eu, no meio
deles, era apenas mais uma.
Não foi difícil chegar ao último andar e ter acesso à
cobertura, que não passava de uma laje com restos de material de construção e
caixas de algumas lojas do prédio, expostas ao tempo. Aproximei-me do batente e
olhei para baixo. A confusão de gente e carros não se alterava. Desabotoei meu
vestido e deixei-o cair, e sentir o vento bater forte em meus seios foi uma
sensação gostosa. Os seios dos quais eu sempre me orgulhei e de que nada me
serviram.
Dei outra olhada para baixo, e um passo precipitando-me
no abismo vertiginoso da morte. Estava numa queda sem volta, em alta
velocidade, mas curiosamente, tudo parecia estar em câmera lenta. Vi os pombos
voando espantados comigo, as pessoas nos escritórios dos outros prédios.
Algumas correndo, outras nos bares... Algumas lendo jornais, outras saindo de
igrejas, casais de namorados felizes, gente sorrindo... Tudo parecia perfeito,
e apenas eu distoava disso tudo.
As lágrimas brotaram e embaçaram um pouco meus olhos.
Como eu queria ser feliz como aquelas pessoas lá embaixo! Como eu queria me
amar a ponto de me exercitar e cuidar de mim e do meu corpo! Ler notícias ruins
nos jornais, e ainda assim encontrar motivos e força de vontade para mudar
tudo! Me divertir com amigos no bar e celebrar as coisas boas da vida. Sorrir!
Eu queria sorrir. Queria conversar com Deus, como aquelas pessoas lá embaixo
fazem todos os dias. E eu queria ter filhos, e ensinar-lhes tudo isso... Foi
nesse momento que vi minha mãe, caminhando distraída na calçada. Oh não! Ela não
merece ver isso! Meu coração batia mais forte e meus músculos retesaram.
Fiz menção de olhar para cima, mas o vento me impedia.
O chão já estava bem próximo e as pessoas me olhavam assustadas, apontando o
corpo nu que caía do céu, sob a forma de um protesto contra o mundo
materialista, apegado ao sexo e ao dinheiro. Eu estava arrependida. A vida é
muito preciosa para terminar desse jeito. Mas não havia chance para desistir,
era tarde demais para mim...
Fechei os olhos aguardando o impacto. Senti frio, muito
frio e abri os olhos novamente. Estava nua sobre a cama, o travesseiro molhado
pelos meus cabelos e as lágrimas em que eu havia me debulhado até adormecer.
Foi uma noite terrível. Meu namorado terminou comigo ontem, e desde então, sei
apenas chorar. Tive vontade de morrer!
Levantei-me cedo, tomei um banho - onde meu pranto era
lavado pela água quente - e deitei-me aqui, chorando sem parar. Mas agora que
acordei sinto-me bem melhor. Eu o amo, mas não vou me destruir por não me
querer mais. Eu não mereço isso, assim como aqueles que me amam de verdade. O
que realmente importa não são os problemas da vida, e sim a maneira de lidar
com eles. Aliás, ela é muito preciosa para ser desperdiçada de qualquer jeito,
e não é tarde demais para um recomeço. Nunca será tarde demais.
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