Onde estarás?
É por escrever esta procura que te perco.
Existimos no mesmo tempo.
A luz que se espalha pelos poros trabalha-nos, traz a
bruma e o silêncio.
Se não te vejo o meu olhar tece encruzilhadas, desce
escadas, multiplica-se.
Nem por isso os teus passos rumores de sombra, me
iniciam.
Um alçapão deslaça-nos, luz de ausência.
Onde estarás?
A luz que bate na roupa esquecida na cadeira.
E a janela sobre o mar essa janela de mil mundos e mil
sóis doendo na pele dos sorrisos.
Não sei em que espaço te escondeste nem a vida mo
consente saber.
Pretérito imperfeito batendo no peito, ardendo,
conduzindo.
Certas flores e um espelho.
A gaivota na rocha.
O armário fechado nos olhos abertos.
Nesse intervalo, chove lá fora e sei que estás no
mundo, em alguma fenda minha.
Esse lugar que não dizes.
Onde estarás?
Bernardino Guimarães
BERNARDINO GUIMARÃES-Escritor,
cronista e jornalista independente, dedica-se há vários anos ao
jornalismo e divulgação ambiental e de temas científicos. Foi fundador e
editor da revista «Tribuna da Natureza» e colaborador regular no diário
(já desaparecido) «O Comércio do Porto».
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