BEIJO GAY NÃO PODE, MAS SANGUE E GENTE DESONESTA SIM!
by Elenilson Nascimento
“AI QUE TÉDIO! Que novela sem criatividade, sem humor,
sem vontade de viver! AI QUE ABSURDO! AI QUE HORROR! Ai que autor
desanimado...”
Não tenho muita paciência para as programações das TVs
brasileiras. E venho detestando as novelas, principalmente na Globo. Com o fim
de “Amor à Morte”, fico imaginando o que os babacas da emissora do Roberto
Marinho ainda podem inventar para fazer com o que o povo perca tanto tempo com
coisas inúteis.
Não entendo o
suposto “sucesso” dessa novela do Fêlix, uma bicha malvada que só agora se
regenerou e virou o salvador da pátria. Quanto ao autor da novela: Walcyr
Carrasco começou sua carreira de autor de telenovelas no SBT com a péssima
“Cortina de Vidro” (1989), mas foi com “Xica da Silva” (1996), aquela que tinha
a Taís Araújo novinha e pelada, para a finada TV Manchete sob o pseudônimo de
Adamo Rangel, que experimentou seu primeiro êxito na carreira. Anos depois,
Carrasco foi contratado pela Globo, estreando com “O Cravo e a Rosa” (2000), com enredo
livremente inspirado na comédia “A Megera Domada”, de Shakespeare. Depois de outras
novelas, por fim, obteve relativo sucesso com o remake de “Gabriela” (2012),
que eu achei bem fraco e que triturou a obra de Jorge Amado, cortando do
roteiro a crítica salutar ao coronelismo e ao machismo baianos, marca indelével
do romance, além de ter permitido que a dupla péssima de diretores Mauro
Mendonça Filho e Roberto Talma escalasse Juliana Paes (nada a ver) para o papel
principal — uma atriz tão ruim que sua maior contribuição para a
teledramaturgia nacional até hoje foi ter sido capa da Playboy.
Agora, estamos em contagem regressiva para o último
capítulo de “Amor à Morte”… Mas, gostaria de saber se alguém ainda está ansioso
para a estreia da nova trama de Manoel Carlos com outra Helena? Depois de
Gloria Perez e Carrasco testarem a nossa paciência? Talvez a possibilidade de
um beijo gay entre Félix e Niko (*o excelente Mateus Solano e Thiago Fragoso)
ainda não tenha acontecido nessa novela tosca porque isso anda incomodando
profundamente o interlocutor preferido da Globo com os evangélicos. O parasita
do pastor Silas Malafaia, que está sempre em contato com a cúpula da emissora,
já reagiu antecipadamente, bem no estilo não viu e não gostou: “A Globo tenta
abrir um canal com os evangélicos por um lado e fecha por um lado. A Rede Globo
é a emissora campeã no país de promoção da causa gay”.
Talvez por isso, as cenas de violência ontem com a
personagem de Aline (Vanessa Giácomo) metendo facadas em Ninho (o sempre
péssimo Juliano Cazarré) foram tão exclamativas! É muito mais fácil mostrar morte, adultério,
futilidades, traição e um bando de personagens medíocres, do que um simples
beijo entre dos caras. Já César (Antonio Fagundes), que para mim foi o grande
vilão dessa história, também terá seu castigo. Após sofrer um AVC, ele ficará
aos cuidados de Félix e Niko, logo ele, que alardeou sua homofobia durante toda
a novela. Em suma: AI QUE TÉDIO! Que novela sem criatividade, sem humor, sem
vontade de viver! AI QUE ABSURDO! AI QUE HORROR! Ai que autor desanimado!
Não muita tenho paciência para as programações das TVs
brasileiras.
Elenilson Nascimento.
Seu instrumento de trabalho: a literatura. Suas vítimas: os leitores
incautos. Sua meta: criticar, escrever, publicar, deliciar. Sua cara:
ainda pouco veiculada. Seu endereço: desconhecido. Seu diálogo com o
público: um monólogo interior. Seu número de telefone: nem mesmo sua
família sabe. Ele é um ex-professor (*que não acredita mais em educação e
nem em instituições desse país), escritor desaforado, poeta indignado, e
como se não bastante, ficcionista de mão cheia. Já participou de várias
antologias pelo país, 1º Lugar no I Concurso de Literatura Virtual e
classificado no II Prêmio Literário Livraria Asabeça 2003. Autor de
alguns livros desaforados e, assim, vai seguindo e experimentando dessa
dor de fazer o novo diante de uma vanguarda feita de elite e de passado.
Mas o que mais me orgulha foi ter colocado no ar (desde 2003) o blog
LC, pois "...na esquina da cadeia desemboca o enterro. O caixão negro,
listado de amarelo, pende dos braços de quatro homens de preto. Vêm a
passo cadenciado os amigos, seguindo, o chapéu na mão, a cabeça baixa.
As botas rústicas, no completo silêncio, fazem na areia do chão o áspero
rumor de vidro moído." Pronto, esse sou eu. Quer saber mais, então
manda sinal de fumaça! Sobre o Blog: A Web é uma fronteira por onde eu
(ainda) posso expandir as minhas linhas tortas. Este blog é o início da
minha campanha rumo a minha expulsão da ABL. O primeiro passo poderia
ter sido o Twitter, mas lá é um território arrogante de irredutíveis
gauleses. * Me siga pelo Twiiter: Elenilson_N
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