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Entrevista com o presidente da AML, Eduardo Mahon [Ramon BarbosaFranco]

Eduardo Mahon: aos 36 anos é

 o segundo presidente mais novo da AML
Entrevista com o presidente da AML, Eduardo Mahon

Presidente da Academia Mato-Grossense de Letras defende mídias sociais para ampliar a leitura no Brasil


O advogado Eduardo Mahon, mais novo acadêmico a presidir a AML desde 1921, vê no Facebook e nos aplicativos digitais principais parceiros da difusão da cultura


Ao ser eleito presidente da Academia Mato-Grossense de Letras (AML), a mais antiga instituição literária do Estado de Mato Grosso, o advogado Eduardo Mahon tratou imediatamente de comunicar o fato aos amigos do Facebook. A sintonia com a mídia social não é para menos. Aos 36 anos, Mahon é o segundo mais jovem acadêmico a presidir a instituição fundada há quase um século. O mais novo acadêmico que chegou à presidência foi justamente o primeiro presidente, José de Mesquita, do romance ‘Piedade’. Para Mahon a presença das redes sociais em nossas vidas precisa ser otimizada para a pulverização da cultura, uma verdadeira aliada da literatura e não o contrário. “[sobre as mídias digitais] Nada mais adequado, nos tempos contemporâneos que vivemos”, defende. Nascido no Rio de Janeiro, em 12 de abril de 1977, Eduardo Mahon é um dos principais advogados do Mato Grosso e, por coincidência, seu escritório fica na rua batizada com o nome do primeiro ocupante da sua cadeira na AML: Estevão de Mendonça, um dos mais importantes historiadores do Estado de Mato Grosso.

Gregos, Proust e literatura regional

“Quando a necessidade da escrita ultrapassa o razoável, percebe-se que são as letras que nos escolhem e não o contrário”, detalha o acadêmico sobre quando se descobriu escritor. O gosto pela literatura nasceu na infância, ainda menino passou a ler os clássicos [até hoje os mantêm por perto, por sinal]. As tragédias gregas, os dramas narrados pelos europeus e, por fim, a lavra brasileira. Contudo é o francês Marcel Proust que serve de fonte máxima ao presidente da AML. “Proust é o máximo em literatura”, pontua. Mahon, enquanto preside da principal instituição literária do Estado que abriga mais de 3,1 milhões de brasileiros, se dedica a ler a preciosa e rica literatura regional. Neste tempo de leitura vem se surpreendendo com o que encontra. “Me surpreendo com muita coisa boa que vejo. Aqui [em Mato Grosso] a especialidade é o conto e a crônica”, revela o acadêmico. Mahon quer que toda a sociedade mato-grossense se surpreenda também com esta riqueza cultural, tanto que estabeleceu como meta partilhar o conteúdo da AML, o que ele define como “enorme repositório de literatura e história”.

Novas mídias e microcontos

Uma das formas encontradas para este compartilhamento está nas novas mídias, tendo à frente o fenômeno Facebook. O Brasil já tem quase 80 milhões de usuários, sendo o terceiro país do globo terrestre a curtir, compartilhar, acessar e ler, tudo numa comunicação direta entre emissor e receptor, sem intermediários. “Ora, se um jovem adquire informação por meio do celular, é necessário que as instituições que detêm conteúdo se adaptem a esses novos meios, sem nenhum preconceito. As redes sociais de relacionamento – e são várias – têm que ser altamente exploradas para promover literatura”, defende. Mahon compreende que as mídias digitais também são aliadas na hora de produzir conteúdo literário. Tanto que ‘Doutor Funério e outros contos’ foi concebido para atrair leitores em tempos de linguagem virtual e informações instantâneas. A proposta da coletânea de microcontos é cumprir uma história em até seis parágrafos e, ao final, surpreender. “É uma obrigação à qual me imponho”, assegura o presidente. Surpreso Mahon deverá ficar ao concluir o seu próximo texto literário. É que o acadêmico ainda não definiu se o enredo vai se encaixar no gênero conto ou na atmosfera de um romance. O que ele tem definido mesmo é o nome: ‘Quatro Costados’, a ascensão e queda de uma família e uma cidade. “Ainda não sei se temos um conto longo ou um romance curto”, avisa. A obra vem sendo produzida e quanto à produção editorial do Mato Grosso, Mahon tem uma certeza: o segmento no Estado é composto por apaixonados por letras. “O pessoal da editora Carlini & Caniato [sediada em Cuiabá] tem orgulho de publicar um livro, assim como outras editoras regionais. Vejo constantemente o orgulho em lançar um artbook, um livro com repercussão, um estudo importante. Nesse ponto, ser artesanal e estar fora do circuito das grandes editoras nacionais pode não render tanto, mas há um prazer pelo sucesso, uma torcida conjunta com o autor que não percebo nas grandes”.



Ramon Barbosa Franco nasceu em 3 de junho de 1979 na cidade Paraguaçu Paulista – SP, é jornalista formado pela Universidade de Marília (Unimar).Está na imprensa desde os 16 anos, trabalha também como assessor de imprensa e arte-educador. Conquistou prêmios literários nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Paralelamente, Ramon vem se dedicando com destaque à literatura, principalmente no campo dos Contos.

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