Baseando-se na oralidade
de seus antepassados, a prima Lucy (Souza) Resem Hidalgo escreveu, sem
quaisquer pretensões literárias, apenas querendo deixar registro para seus
descendentes, dois manuscritos sobre as origens das famílias Resem e Souza,
sobrenomes paterno e materno. O histórico dos Resem remonta ao século XIX, por
ocasião das lutas fratricidas entre blancos e colorados, no Uruguai pós
Independência. Ao montar a genealogia
dos Resem, relatou a história de Filomena Peres, curandeira residente em
Pelotas: “Ela, que herdou dos avôs o conhecimento de ervas, tornou-se uma
curandeira e fez muitas curas, inclusive curou o filho do intendente daquela
época que, em agradecimento, deu-lhe uma placa para a porta com os dizeres de
doutora.”
A propósito, a
Constituição de 1891 do Estado do Rio Grande do Sul me vem à mente como única
na Federação inspirada nos ideais positivistas de Júlio de Castilhos que
apregoava a dispensa de diplomas aos profissionais de indiscutível competência.
E até hoje se estende uma polêmica sobre a interferência de técnicos de nível
médio em inúmeras atividades ditas exclusivas das “doutorais” profissões de
advogados, engenheiros, médicos, economistas, contadores e outros mais para
exercício do corporativismo da classe que, algumas vezes, ressente-se de falta
de prática para completar sua formação. O que se pode constatar na batalha
daqueles que ingressam no mercado de trabalho com poucas oportunidades de
preparo nas empresas em que forem admitidos.
Valho-me dessa introdução
para comentar interessante artigo da escritora Mafabami, intitulado “Breve aqui
diplomas para escritores” e publicado em 21/06/2006, no site A Garganta da
Serpente, no qual aborda a criação de um curso de formação de escritores e de
agentes literários sob a coordenação de Fabrício Carpinejar na Unissinos. Nesse
texto, a autora manifesta sua inconformidade com os cânones de diplomados, com
o que concordo em parte, inclusive já tendo discutido o assunto em “Mais
Currículo, Menos Diploma”, matéria que tratava do exercício da profissão de
jornalista. Pois acredito na existência do talento inato, intuitivo, que
prescinde de qualquer formação acadêmica, este sim “Doutor Honoris Causa”, com
direito ao livre exercício profissional.
Por curiosidade, resolvo
acessar o portal da revista Cronópios, no qual se encontra detalhada
apresentação daquele curso através da matéria “Universidade pode formar
escritores?” e me surpreendo com a riqueza e abrangência do interessante
conteúdo curricular que se presta a auxiliar todos aqueles que buscam eficácia
no ato de escrever. Tem gente que não se dá conta da necessidade de aprimorar
seus precários dotes nas letras e que se aventura no “papel aceita tudo” de
muitas editoras do “pagando bem que mal tem” sem receber a sustentação de um
conselho editorial para examinar a possibilidade de investir no novo autor.
Antes de tudo são “impressoras” que nem estão ai para o ecologicamente
incorreto de “assassinar” árvores inocentes...
Quanto a minha experiência
em Oficinas e Seminários de Criação Literária, participando de grupos formados
pelos professores Luiz Antônio de Assis Brasil (PUC), Laury Maciel e Léa
Masina, tenho a dizer que foi muito proveitosa para a melhoria de meus textos,
hoje mais enxutos e menos rebuscados. Estes me deram condições de frequentar
algumas colunas de jornais e sites, aos quais tenho sido convidado para
expressar minhas opiniões. Não me considero escritor formado e confesso que
tenho muito a aprender, quando muito pretendia ser incluído numa Antologia de
Contistas Bissextos, coordenada pelo escritor Sérgio Faraco, a qual me pouparia
de alguns equívocos literários e me daria condição de encerrar com chave de
ouro uma profissão que nunca pretendi exercer.
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