Desejos
Eu não sou perfeita! Não
adianta, não consigo!
É questão de jeito
mesmo... não sei fazer carinha de “Barbie na caixa” ou de paisagem só para
agradar...
Eu não sou perfeita e
tenho gostos e definições próprias, tão particulares que formam um universo
paralelo, um lugar-qualquer entre aqui, ali e Nárnia, onde listo os meus
desejos e corro atrás deles.
Aos domingos eu gosto
mesmo é de ficar de pijama o dia todo. Ou de atender bons telefonemas... topo
sair se for pra ver gente interessante, se for pra jogar papo pro ar. Mais do
que isso já tenho que pensar se vai valer a pena.
Segunda-feira, pelo menos
pra mim, devia ser o dia da preguiça: se
eu pudesse não ia trabalhar. Ficaria em casa de pantufas ou iria à praia. O
pôr-do-sol das segundas-feiras na beira da praia é mais que lindo. É uma
celebração à vida.
A noite foi feita pra
pensar. Não gosto de dormir nas madrugadas. Gosto de ouvir música, ler e
escrever. Gosto de lembrar como foi o dia, pensar nas pessoas que amo. Gosto de
conversar com o escuro e com Deus e de tentar entender os meios com os quais
Ele fala comigo...
Acho que o dia foi feito
pra dormir até o meio-dia. As doze badaladas deveriam ser o start das
atividades. Partir para o mundo, que tem um monte de tarefas pra serem feitas,
é bem mais animado depois que o sol está no meio do céu.
(Ainda me pergunto como
consigo sobreviver aos dias que começam antes, às 6 da matina, como os meus.
Não faz sentido nenhum acordar para acordar o dia, embora isso tenha um quê de
aventura, de descoberta, de [re]começo...
Deve ser isso que dá energia para as
pessoas!)
Trabalho não é sofrimento.
É um “sacro ofício”, que deve ser feito com gosto. Eu adoro trabalhar, mas
detesto quem vai para o trabalho de mau humor. Ninguém merece cara amarrada o
dia todo.
A virtude de distribuir
sorrisos não é para todos, mas faz bem a todos, então, que façamos dela uma
prática diária, um exercício de leveza.
Sorvete tem que ser de morango
ou de frutas vermelhas. Há sabores que são indescritíveis e que permanecem
vivos na memória. Frutas vermelhas é o meu gosto de lembranças....
Sapato tem que ser
confortável, bonito, preferencialmente de salto alto, da liquidação. Tá bom,
aceitei o tênis nos últimos tempos só pra caminhar e correr... já parei de
correr. Caminhada só até a biblioteca, mas um dia animo a esticar os passos...
Amigo tem que ser
companheiro. Pode faze convite para programas estranhos, mas tem que topar um
cinema alternativo, uma comida diferente, uma peça fora do circuito
convencional. E tem que fazer rir. Tem que ser braço e abraço: para amparar e
impulsionar.
Criança não pode ser
birrenta. Tem que ter medida, tem que ter dengo, tem que ter brilho nos olhos e
muita fantasia, mas dispensemos as melindrosas!
O céu tem que estar bem
azul, um azul abusado, de beleza quase enjoativa, de entorpecente profundidade
que acende ideias e faz ter vontade e voar e espanta o medo de avião. Céu cinza
me deixa triste. Deixa tudo mais pesado, quase frio e haja animação e sorriso
para pintar sóis onde as nuvens teimam em esconder a dinâmica florida das
tardes.
Música é da década de 70 e
80, bem alta, no fone de ouvido pra dançar sem medo de ser vista por quem está
do lado. E o tempo todo. Trilha sonora para a vida! Trilha sonora para pensar,
para dormir e acordar. Música é uma daquelas coisas divinas, igual à poesia...
Vestido é melhor que calça
jeans. Cachecol é elegante. Colete também.
Não há homem que não fique
bem em um terno bem cortado e nem mulher que não tenha “salvação” num salão de
beleza. Abençoada a maquiagem nossa de cada dia e o batom rosado para emoldurar
um "bom dia"!
O Habib’s é uma casa de
“comida árabe” que vende bolinho de bacalhau e banana split e onde as esfihas
são de cebola-com-alguma-coisa.
McDonald’s e Bob’s vendem
um lanche horroroso que prefiro nem comentar, mas que como nas urgências da
fome e da correria.
Não há nada mais lindo que
um sorriso bem espontâneo.
Não há cheiros melhores do
que de livro novo e de filho de banho tomado.
Um abraço bem apertado
tira qualquer peso do nosso dia.
Não há saudade que resista
a um reencontro e não há encontro que não deixe saudades logo depois do
“tchau”.
Bom dia, boa tarde e boa
noite não caíram em desuso, é sempre bom ouvir essas saudações, mas só as faça
se for de coração: desejar um bom dia tem que ser de verdade. Falar por falar
já basta a moça que mora dentro do meu computador e diz que as minhas
“atualizações foram feitas com sucesso”. Obrigada!
Minha situação está preta:
a conta bancária está no vermelho, por falta de verdinhas, mas eu queria mesmo
era que o saldo aparecesse em azul.
Batata frita é mais
deliciosa com Coca-cola, mas prefiro café.
Água de coco no fim do dia
é o melhor drink do mundo.
Ver seu filho te receber o
portão é sem dúvida a única coisa que você gostaria depois de um dia cheio,
principalmente se está a quilômetros de distância. A saudade nesse caso é ácido
que vai corroendo o coração.
Planejar os sonhos é não
esquecer de cada detalhe e a perfeição não existe, por mais que a busquemos,
mas sempre temos meios de melhorar. Realizar os sonhos é ver que quase sempre
acontecem de repente e que fogem um bocado do planejado, mas dá uma sensação
maravilhosa e uma vontade de planejar mais.
Gosto de gato, de cachorro
e de peixinho de aquário, mas tenho dó dos peixinhos que nadam em círculos.
Gosto de dormir com a
janela aberta e ver a lua lá no céu. de contar estrelas e pegar no sono quando
perco a conta, de tentar enxergar as constelações que os gregos antigos juravam
ver.
Gosto de queijo com
goiabada, de pastel de queijo e de poesia.
Não! Não sou perfeita...
não quero ser perfeita. Quero mudar todos os dias. Quero brincar de não ser eu,
furar a dieta, não correr e não malhar, não ter culpa disso, não discutir com o
travesseiro, não quebrar o despertador, mas quero poder andar pelas ruas sem
rumo, respirar fundo, olhar o horizonte e depois olhar para trás e ver tudo o
que fiz. Quero olhar todas as minhas escolhas e perceber que eu as fiz e fui
feita por elas, num processo saudável de crescimento. Que poder olhar tudo e
dizer: eu fiz a minha história e gostei de tudo!
Quero realizar os meus
desejos e ter novos todos os dias. Quero, quero, quero-quero, a vida em passos
largos bebida em conta-gotas.
Dy Eiterer.
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de
novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora,
escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa
mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu,
seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do
ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada
morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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