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(Foto: Houghton Library) |
Livro de biblioteca em
Harvard foi encadernado em pele humana
A suspeita da encadernação
pouco convencional existia desde a década de 1930. Análises clínicas
confirmaram a origem da capa
A história é um pouco
macabra. A Universidade Harvard divulgou que uma de suas bibliotecas possui um
livro encadernado em pele humana. A suspeita da encadernação pouco convencional
existia há tempos. Impresso em 1880 na França, o livro Des Destinée de l’ame
(Os destinos da Alma) foi doado à universidade em 1934 e pertencia
originalmente ao médico Ludovic Bouland, um famoso bibliófilo. Cientistas da
universidade decidiram analisar o material da capa, para confirmar sua origem.
Os Destinos da Alma é uma
meditação a respeito da vida após a morte. Bouland era um proprietário
atencioso, e deixou uma nota esclarecedora em uma das páginas do volume: “Este
livro foi encadernado em pergaminho de pele humana, no qual nenhum ornamento
foi impresso para preservar sua elegância. Se olhar com cuidado, você
conseguirá distinguir os poros da pele. Um livro que trata da alma humana
merecia uma capa humana e eu tinha esse pedaço de pele tirado das costas de uma
mulher”.
Para descobrir se a
história de Bouland era verdadeira, os pesquisadores de Harvard analisaram os
peptídeos presentes em uma amostra da capa. Ao verificar a estrutura dessas
moléculas, conseguiram determinar que os peptídeos de fato tinham origem
humana. “A análise mostra que é muito improvável a fonte [ da pele] ser outra
que não humana”, afirmou Bill Lane, diretor do laboratório da universidade
responsável pela confirmação.
Nas páginas do livro,
Bouland explica que encadernou o volume em pele humana. Era um presente,
merecia esse capricho (Foto: Houghton Library)
No site da biblioteca, um
dos curadores responsáveis pelo volume explica que, embora encadernações em
pele humana sejam alvo de fascinação e repulsa hoje em dia, elas já foram mais
ou menos comuns. A prática remete, suspeita-se, ao século XVI. “As confissões
dos criminosos eram, ocasionalmente, encadernadas com a pele dos condenados. E
algumas pessoas pediam para ser imortalizadas para a família e amados na forma
de um livro”, escreveu Heather Cole, curadora assistente de Livros e
Manuscritos Modernos.
A pele que Bouland usou
tinha outra origem: pertencia a uma paciente de uma instituição para doentes
mentais francesa. A mulher morreu vítima de um infarto e seus parentes não
apareceram para dar um destino ao corpo.
O site da biblioteca tem a
cautela de informar aos incautos que quiserem buscar pelo livro o material da
encadernação. O volume foi um presente dado a Bouland pelo autor do livro, o
romancista francês Arsène Houssaye: “Ao meu querido Dr. Bouland”, escreveu
Houssaye ao dar o presente. Tanto carinho merecia, mesmo, cuidado à altura.
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