Suzana Heemann,escritora,poeta, contista, e cronista brasileira, é médica,psiquiatra e
psicanalista de adultos ,crianças e adolescentes.
De Porto Alegre, cidade
onde nasceu, migrou para Pelotas,no Rio Grande do Sul, a fim de cursar
Medicina, largando a vida intensa social que mantinha em sua cidade natal. Em
Pelotas,em suas tardes frias e nevoentas, sentindo se muito solitária, começou
a poetizar, enrolada em um edredon e cercada dos doces que a cidade tanto
prestigia, como seus famosos, quindins. Desta época, data sua primeira poesia,
publicada vinte anos após, ”Manhãzinha”, que será apresentada nesta entrevista.
Já formada, Suzana,terminou
seus estudos em Psiquiatria e Psicanálise,tendo sido convidada pelo Dr. Mario
Martins para integrar a psicanalise em uma época em que esta sociedade era
fechada para muitos colegas que passavam por seleção para entrar.Portanto,foi
em idade precoce que o trabalho em medicina, iniciou.
Medica chefe em Hospital
Ppsiquiátrico e fundadora da primeira ala para doentes mentais em Hospital
Geral, em caráter nacional e toda a América Latina.
Entre um paciente e
outro,apos a publicação de seu livro sobre Feminilidade, costumava usar seu
tempo rabiscando poemas no receituário médico.
Tendo morado dois anos no
Rio de Janeiro, lá, naquela maravilhosa cidade, que se presta à poesia, ao conto, à
escrita, enfim, desabrochou como poeta, sendo desta época as poesias “Moleque” e”
Favela”.
Cotidiano
A falta que me fazes é
contínua,
É dia a dia no
cotidiano,na rotina desta vida.
Ah,não ter no princípio da
noite a quem contar
O início das vitórias e os
malogros do dia.
Que merda!
Uma
Casa Vazia
Uma casa vazia tem seus
encantos,
O silencio,a serenidade,
O início de uma idéia para
uma poesia,
Mas há também aquela
agonia insuportável,
Aquela melancolia de tua
falta de a me rodear.
O
Término
No término de uma relação
a dois,civilizada,
Deve ficar ,no mínimo,uma
certa ternura.
O Presente
Eu queria te dar um
presente
Inesquecível
Aquele presente picante e
doce,
Terno e suave porém também
forte,
Que sobrevivesse aos
nossos percalços,embaraços
Eu queria te dar um
presente completo
Eterno , repleto de afetos
Tanto aqueles racionais
Como os irracionais
Os humanos,ou mesmo,
inclusive, os desumanos
Alguns superficiais outros
profundos
Um presente que reunisse
as emoções do mundo
Desolada , procurei em
meio a meus sentimentos
Encontrei tão somente este
livro de poemas
E mais uma mulher,eu...
Um Jeito de Dizer Adeus
Em um dia comum,
mas incomum,
o céu sorriu
e um novo universo se
abriu,
uma nova galáxia,
brilhante, vibrante,
sedutora e encantadora mas
distante,
para onde voastes.
Foste indo,
maravilhado com o novo
universo,
entristecido em deixar teu
mundo,
foste indo de mansinho,
devagar, quieto, calado,
quase como se não fosses.
Restou tênue sombra no
horizonte,
minha saudade enfumaçada
na noite,
esta dor da mais doce
lembrança,
e restou ainda meu adeus
neste verso...
A Hora Nua do Amor
Na hora nua do amor,
então neste momento,
segundo de união ou fusão,
dois em intimidade se
conhecem.
Despidos, nus ,frágeis e
vulneráveis,
percebem o passado apagado,
existe somente o presente,e o futuro se estende...
Feminilidade
Este suave aroma pairando
no ar,
o leve perfume penetrando,
o doce mistério, a poesia,
murmúrios, sussurros,
carícias,
o fascínio na submissão
doce,
o encanto desta entrega
molhada,
terna, pura,a beleza nua,
a ironia de tuas
fantasias,
teus sonhos risonhos,
teus sorrisos tristonhos,
esta magia que no espaço se insinua,
e que se perde atrás do
som , compasso dos teus passos,
são os rastros de uma
mulher...
"MANHÃZINHA’’
Manhãzinha já raio viciosa
,
todo dia com estes pequenos escritos ,
remelosos , remendosos,
e estremunhados.
Nunca transcritos ou
revistos ,
sequer requerem correção ,
burilação...
Sempre esquecidos ,
nunca editados ou
aprimorados ,
em bruto permanecem ,
e fenecem...
Sofridos também são,
pois escrevo sem ambição,
e não viso
publicação.
Rabiscos de louca ,
caprichos ,
a tentar entender seu
amanhecer.
E meio acordada ,
e ainda meio sonhada ,
manhãzinha escrevo todos
os temas,
e mais estes humildes
poemas...
SEM SORRISOS
Passados dez anos de
perdidos atrativos ,
seja por desgraça ou por
não sentir graça ,
tenho os lábios cerrados ,
para um riso alegre ,
um sorriso simpático...
Tenho os lábios cerrados ,
para um bom dia sorridente
,
um elogio risonho ,
algo não tristonho...
Ah , gostosas gargalhadas
passadas!
Soltas , descompassadas e
afinadas ou desafinadas.
Momentos de risos risonhos
ou piadas encerradas ,
com francas risadas
casquinadas!
Surgiste em desavisada
surpresa.
No passado me pegaste ,
me feriste , me atingiste
,
sequer me enfrentaste.
E seguiste pela vida
sorridente...
Solidão
Em apartamento refrigerado
,
frente ao mar ,
queimou-me profunda,
uma infelicidade no peito.
Solidão , azar ,idade...
No asfalto quente ,
indiferente e negro de
noite ,
vazio de gente ,
procurei amor passado,
e suado, em barraco
favelado.
Fugidio momento quando
,juntos,
corpos molhados no calor
do amor ,
percebi inicio de
liberdade ,
principio de Universo,
mas só restou este verso...
Quero Beijar teus Cabelos
Prateados
Quero beijar teus cabelos
prateados,
grisalhos, que rolam pelas
tuas têmporas,
e mesmo aqueles fios que
caem,
brincam em tua face,
quero beijar...
E naquele lapso de
segundo,
quando o tempo para o
momento,
naquele espaço de visão da
estrela ao horizonte,
ou de união do verso com o
universo,
eu quero estar beijando
teus cabelos prateados,
eternamente, infinitamente...
INSPIRAÇÃO
Ah , hoje novamente!
Manhãzinha todos os dias
perseguida,
por frases incontroláveis,
que desabrocham mandonas,
implacáveis,
e ordenam tomar a pena,
para escrever
loucamente...
Proibido lazer de tempos,
lapsos de minutos,
colapsos,
recheados de pensamentos,
momentos para leves,
doces mistérios,
ou suaves encantamentos...
Planejada madrugada,
e aguardada,
para dar uma olhada no
Drummond,
passar a vista pelo Rubem
Braga,
ou ,
em uma pincelada,
terminar o colorido de uma
tela.
E renuncio a meus prazeres
atormentada.
Caneta na mão sou
comandada
mas obediente,
e descontrolada
mas conformada.
Ah, inexorável madrugada!
Serei insana ou terei
doença incurável?
Suzana Heemann
Todos os direitos autorais reservados a autora.
Um comentário
Sinto me honrada em constar meu nome na revista Biografia, publucaçao tao importante para nos, escritores.
Obrigada.
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