Paty
Lemes - Autodidata como a própria vida, eu já nasci poeta.
Nascida em Jundiaí,
interior de São Paulo, em uma casa de tradições literárias, aonde ainda haviam
os famosos saraus, em que a família e amigos, sentavam ler poemas, eu aprendi a
ler muito cedo.
Aprendi a escrever com o vento,
com o mar e com a imaginação, por isso creio que meus poemas tem um sentido
puramente intuitivo.
Aos quatro anos eu já
sabia ler, e como não aprendi na escola, abandonei-a muito cedo também, na
quinta séria do fundamental, para ir viver.
Vivi, tão intensamente
quanto li, e tão intuitivamente quanto escrevo.
Também autodidata em
pintura e desenho, trabalho como professora particular de artes plásticas.
Meus professores foram Camões,
Cecília Meireles, Fernando Pessoa, e creio, que um pouco também de todas essas
pessoas e poetas anônimos que vão passando pelas páginas de nossas vidas e
deixando sempre uma lição de si mesmos.
Talvez eu escreva assim,
como o vento, do que a vida descreve em mim
E como diria Cecília
Meireles
Canto, porque o instante existe.
Meus trabalhos literários
são Mar interior, lançado na Bienal do livro pela editora HBRASIL
E Do Éden ao Hades, com
lançamento para o próximo mês.
Meus trabalhos e de alunos
de arte estão à disposição no meu face pessoal, no álbum Patelier, aberto ao
público.
Pagina no Facebook: Sociedade dos Poetas
Canção pirata
Partimos para além das enseadas
Todos partiram...todos partirão
Como os refrões sugerem nas toadas
O déjà vu eterno da canção
Outros virão, serão tal como nós
Transeuntes do longo navegar
Novas canções virão e em nossa voz...
Verão verões de versos no luar.
Farão os mesmos barcos de papel
Com a velha aflição de nossas naus
Aonde acaba o mar e chega o céu?
Mergulha a eternidade nesse caos
Porém ficamos...todos ficarão
Nos outros que virão do além mar
Em tantos que se foram, de antemão
No eco da canção de algum lugar.
Fênix de Odin
Elevai-vos atrás de uma quimera...
oh vento, que levai-nos para o sul
A cada migração da primavera
qual aves que se vão...num céu azul.
Voai para o horizonte no arrebol...
oh sonho, que deixai-nos para trás
Como Ícaro quis tocar o sol
E terminou em cinzas, nada mais
Estendei nosso olhar pela distância
Acendei-nos as chamas e ainda assim,
em meio desse inferno de inconstância...
Como a Fênix vive a renascer
Morrei a cada tarde, velho Odin
No outro dia, tornai a viver.
Impressionismo
Caminho muito além da
realidade
como se andasse à toa por
Paris
Ou em Sevilha,
amor.Qualquer cidade...
é igualmente bela, como eu
a fiz.
Gravito numa estância
paralela
como quem vai em sonho
pras estrelas
Como bruxas que voam da
janela
Por cenas de Monet, em
velhas telas.
Visito na poesia o
infinito
Como Dante que desce até o
inferno
E o quadro me parece tão
bonito
Tão perfeito que as vezes,
acredito...
O verso ser verdade, sendo
eterno
E eu, mera miragem de seu
mito.
Anunciação
Os tempos são chegados,
Chegarão...
as grandes secas que
corroem a terra
Os cavaleiros da
anunciação...
Fome, miséria, destruição
e guerra
Prepara sua espada,
escolha o lado
Os exércitos ouvem o sinal
Não ha como fugir a esse
chamado
É a grande luta entre o
bem e o mal.
Escritos foram os dias do
juízo
Em todas religiões da raça
humana.
Aquele que se isenta,
aplaude o guizo...
Pois sem querer também foi
escolhido.
E veremos o Cristo
renascido
No último elefante da
savana.
Mago das sílabas.
Porque minhas palavras tem
o luxo...
Do veludo,sedoso de tocar.
Tão facilmente a conduzo e
a puxo.
Como uma dança,nos salões
do ar,
Porque as minhas sílabas
de fogo
Se encadeiam sinuosamente
E todos os sentidos tem um
jogo
De se infiltrar dentro da
sua mente.
Eu poderia possuir-lhe a
alma
Como satã domina os
seguidores
Tê-la toda talvez,em minha
palma
Mas minha intenção,bem
mais cruel
É tornar os seus
olhos,sonhadores
E os seus passos
livres,pelo céu.
Figueira sobre um rio
Debruço em ti com ramos de
folhagem
E pássaros de orquídeas e
loucura
Do musgo do meu gesto
nasce a imagem
Que atiro em teus caminhos
de procura
Em teus braços aflitos de
paisagens
Transformo-me no canto que
murmura
E beijo a lua a beira
destas margens
Como um fogo morrendo em
água pura
Debruço em ti,à sombra das
taboas
Sou passado no curso da
tormenta
A loa das lagunas nas
canoas
E enterro-me no fundo das
lagoas
Com a flor na correnteza
que se assenta
E os frutos que despencam
na garoa.
Prece
cósmica
Planeta urano, tristezas
nuas
Perdidas vagam...na
escuridão
A nau do espaço procura as
suas
desertas plagas, distante
irmão.
Estranho urano, das cinco
luas
Estéreis mundos...rolando
vão
Destino insano, das rochas
cruas
Imenso urano, da solidão
O pó tranquilo, flutua
opaco
No universo da minha mão
Pequeno urano,do grande
vácuo
A nave invade, seu coração
Deserto humano, cinco
sentidos
Na
inconsciência...presentes estão
Arcano urano, pai dos
perdidos
Congela a
nossa...inquietação.
Barca
Você alguma vez se
perguntou?
se ele sentia ou não a sua
falta....
O amigo que deixou, e se
ausentou
Em sua viagem extremamente
alta
Alguma vez você se questionou?
Se a solidão que sofre é
só sua
Ou se foi você mesmo quem
a plantou
Voando longe em seu mundo
da lua
Você parou um segundo pra
pensar?
Que o tempo que temos é um
instante
Como de alguma nuvem pelo
ar
Que forma rostos, e formas
na visão
Ou como de uma barca pelo
mar
Que quando olhar...sumiu
na vastidão
Paty Lemes
Todos os direitos autorais reservados ao autora.
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