Infelizmente, mesmo sem
generalizar, temos muitos professores que se enquadram no grupo de maus
exemplos de leitores. Sirvam aqui de exemplo, ou mau exemplo, aqueles
professores que nunca ou quase nunca falam a seus alunos sobre alguma obra que
estejam lendo, sejam aqueles que poucas vezes levam um livro para a sala de
aula e leem na frente de seus educandos ou aqueles que pouco ou quase nunca
comentam sobre feiras de livros ou idas à livrarias ou à bibliotecas. Não quero
aqui que pensem que apenas se enquadram nessa lista patética professores de
Literatura ou Língua Portuguesa, pois seja em qualquer área de estudo ou
prática pedagógica o indivíduo tem quase a obrigação de ser exemplo e o modelo
de leitor necessário numa escola.
Num momento em que mais e mais
pais estão vivenciando a correria da necessidade do ter e não do ser, delegando
à escola e por tabela a professores a incumbência de ensinar ou a motivar o seu
pequeno pupilo à prática leitora, surgem professores que simplesmente não leem.
Uma lástima. Na última feira do livro que ocorreu na capital, 60ª Feira do
Livro de Porto Alegre, o que se viu foram escolas levando seus estudantes a
visitarem o evento, entretanto, aqui se registra mais como uma ‘obrigação’ na
ação. Notam-se professores como cicerones literários. Caminham de lá, dão dois
passos para cá. Apontam um caminho e proclamam a famosa frase: “Ler é muito
importante, a leitura enobrece o homem” e em seguida, surge a pergunta do
aluno, ansioso pela resposta salvadora: “Prof., o que eu devo comprar, a mãe
mandou $$$ em dinheiro?”. E o professor responde, com ar de marquês das letras:
“Ah... Vai ali no balaio e compra o que está em promoção”.
Pior do que não ter nenhum
padrão de qualidade literária, pois há algumas pérolas escondidas nos tais balaios,
é não ter o que dizer ao educando além do que mencionar valores monetários. Ou
seja, seu gosto literário resume-se em valor capital. E, mais do que isso,
muitos, se forem questionados mais a fundo, não saberão o que responder nem
qual obra indicar.
Além desse quadro
lastimável, temos para fechar esse texto o pior dos maus exemplos, aquele
professor que não frequenta livrarias, bibliotecas ou feiras de livro por livre
e espontânea vontade. Ele não quer ler! Não gosta de ler! Não foi, nem por
curiosidade, à Feira de Livro de sua cidade.
Como ser exemplo apenas pela
palavra falada, sabendo-se que a criança ou o jovem em formação de sua
cidadania, aprende muito mais com o exemplo da ação? E qual exemplo dará o
professor que não foi à feira por gosto? Qual exemplo dará aquele educador que
‘deu uma desculpa’ para não adquirir um livro? Tiveram vários eventos
literários e sessões de autógrafos na feira da capital gaúcha e, infelizmente,
muitos professores não deram a devida importância aos fatos ocorridos. O que
responder aos seus estudantes quando perguntado sobre a importância de uma
feira de livro se nem sequer passou pela cabeça do professor em dar apenas uma
espiadinha?
A Educação começa em casa,
mas reforça-se nos bancos escolares, onde os exemplos pedagógicos são
necessários à formação do leitor. Por fim, quem não se faz exemplo não pode
fazer cobranças.
Esse texto foi originalmente publicado no site: http://www.artistasgauchos.com.br/
Cláudia de Villar é professora, escritora e colunista.
Formada em Letras pela FAPA/RS, especialista em Pedagogia Gestora e em
Supervisão Escolar pelo IERGS/RS, também atua como colunista de site literário
Homo Literatus e Jornal de Viamão do RS, além de ser pós-graduanda em Docência
do Ensino Superior (IERGS/RS). Escreve para diversos públicos. Desde infantil
até o público adulto. Passeia pela poesia e narrativas. Afinal, escrever faz
parte de seu DNA.
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