História de bispo que revolucionou São Félix do Araguaia vira filme e será exibido este mês
Isabela Mercuri
Artigo publicado no site OlharDireto
Um filme que conta a história de Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, foi exibido em pré-lançamento na terça (2) para os moradores da cidade mato-grossense, antes de passar na TV Brasil nos dias 13, 20 e 27 de dezembro.
O filme “Descalço sobre a Terra Vermelha”, baseado no livro de mesmo nome, do escritor Francesc Escribano fala sobre este homem que lutou pelos direitos da população mais pobre e dos indígenas de sua região. A produção é da TV Brasil em parceria com a espanhola TVE e a catalã TVC. O diretor do filme é o cineasta catalão Oriol Ferrer.
A produção já ganhou prêmios de melhor ator para Eduard Fernández (que interpreta Pedro) e de melhor trilha sonora original no 27° Festival Internacional de Programas Audiovisuais (Fipa), na França. O filme foi premiado, também, no New York International TV & Film Awards.
A história
Dom Pedro Casaldáliga é espanhol, e veio para o Brasil com 40 anos como missionário, para trabalhar em São Félix do Araguaia, onde se envolveu com a saúde, educação e assistência à população.
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que co-produziu o filme, visitou o bispo. Ele, mesmo debilitado por estar com mal de Parkinson, falou sobre os problemas da região quando chegou ali: “uma terra sem lei, marcada pela violência e pelos conflitos entre posseiros e latifundiários”.
Dom Pedro ajudou, também, a fundar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), na década de 70, na luta pelo reconhecimento dos direitos indígenas. Um dos fundadores do Conselho, Egydio Schwade, afirmou que “Dom Pedro estava já muito engajado na questão indígena em Mato Grosso, na região do Araguaia, e eu, no noroeste do estado. A gente logo se entrosou”.
Segundo Egydio, foi a partir da criação do Cimi que os índios começaram a se organizar e protagonizar sua luta. Ele disse à EBC que Dom Pedro “era destemido e não tinha medo de enfrentar a ditadura militar para defender aquilo em que acreditava”.
Outra pessoa que teve contato com o bispo foi o Secretário da Coordenação Nacional da Comissão Pastoral de Terra (CPT), Antônio Canuto. Os dois se conheceram quando dom Pedro chegou ao Brasil e falou sobre seu trabalho “Ali faziam todo um trabalho de alfabetização de adultos, com as crianças também em termos de escolarização,o atendimento à saúde, a orientação para a saúde, e o padre fazia o trabalho pastoral”.
O trabalho desenvolvido por Pedro e seus colegas fez com que muitos integrantes da equipe, e até mesmo ele, fossem ameaçados de morte ou de expulsão do país.
Além do Cimi, dom Pedro participou também da criação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), onde os trabalhadores foram estimulados a se organizar.
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