Para Sempre é Pouco
Aos quinze é tudo tangível.
É tudo simples demais e complexo demais.
Aos quinze, o mundo é um
paradoxo. E toda gota é a d’água e transborda até em copo vazio. E toda madrugada
é longa demais para as lágrimas e pequena demais para os poucos minutos de sono
antes do raiar do dia.
Todo dia é de folia, toda
flor tem cheiro de alegria e toda chuva parece que nunca tem fim. E os domingos
são chatos. E nas segundas de prova a preguiça comanda e o branco não sai da
cabeça.
Aos quinze, a gente jura
amizade eterna e diz que nunca vai se separar. Diz que amiga é irmã e descobre
que algumas são, outras nunca foram.
Aos quinze, ainda teimamos
em acreditar no príncipe encantado, mas já pensamos que ele tem mesmo é a cara
do menino que esbarramos no outro dia, sem cavalo, sem capa, mas com um sorriso
de tremer as pernas.
Aos quinze descobrimos
nossos limites e juramos solenemente que vamos morrer ao final do filme “se
tudo der errado” e não morremos. Juramos que a vida vai ser só de curtição para
sempre.
Fazemos promessas de morar
sozinhas ou com a melhor amiga. De ter as roupas mais maneiras. De ir em todas
as festas e quer logo chegar aos 18.
Aos quinze, tudo o que
queremos é que a vida passe, que os sonhos se realizem, que a noite seja breve
e que aquele amor seja para toda vida.
Aos quinze, a gente sonha
quando dorme, mas o bom mesmo é aquele sonho que se tem acordada, jogada na
cama, no meio da tarde, quando contávamos as horas como se elas nunca fossem
fazer falta.
Aos quinze, o tempo não
para, mas também não passa. E a longa duração de tudo é sempre pouca e toda a
nossa certeza é que o pra sempre, para nós, é pouco. E é, porque aos quinze,
temos todo o tempo do mundo. Por mais que mudem alguns personagens.
Dy Eiterer -
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de
novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora,
escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa
mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu,
seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do
ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada
morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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