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Fotos: divulgação | Edição: Bruno Carvalho/NE10 |
Leituras marcantes de 2014
inspiram 2015
Por Fábio Lucas
Artigo publicado no Portal NE10
Qual o livro que mais lhe
marcou no ano que indo embora? As respostas colhidas para a última coluna do
ano também servem de sugestões de leitura para as férias assim como os títulos
dos autores consultados. Confira:
Bruno Liberal – “Em 2014 li
um livro que me afetou profundamente. "Sofia" (Iluminuras, 2014), do
amigo Sidney Rocha. Peguei o livro fininho para matar o tempo durante uma
viagem e, por diversas vezes, fechei e olhei para cima tentando controlar e
processar a emoção despertada. E "Sofia" é uma ventania mesmo, um
sentimento que invade como redemoinho no corpo. Um livro sensível e forte, que
expõe esse universo fantástico da literatura de Sidney Rocha.” (Bruno Liberal é
autor de “Olho morto amarelo”)
Beatriz Castanheira – “Este
ano, a leitura de “Junco” (Iluminuras) me marcou bastante. Um dos principais
nomes da arte contemporânea brasileira, o escritor Nuno Ramos teve este livro
publicado em 2012. A inventividade de Nuno fala ao leitor, para além do texto escrito,
nos 43 poemas em operação com 18 fotografias de troncos de madeira abandonados
na praia e corpos de cães mortos na rua ou na beira da estrada. Na foto da
capa, cachorro e árvore se apresentam em imagens sobrepostas, ao passo que, nas
páginas internas, eles não se mostram tão próximos ao ponto de estarem colados
um sobre o outro, mas dispostos lado a lado. O artista escreveu os poemas e fez
as fotografias ao longo de quase 14 anos, sempre imaginando “as duas coisas
juntas”. O último poema do livro utiliza versos de “A máquina do mundo”, de
Carlos Drummond de Andrade.” (Beatriz Castanheira é autora de “Avião de Papel”)
Pablo Capistrano – “O livro
que me marcou foi "Mente Espontânea" (Novo Século, 2013), uma
coletânea de entrevistas com o poeta beat Allen Ginsberg. São entrevistas
selecionadas do período que vai de 1958 a 1996. Incluindo aí o relato completo
do testemunho que Ginsberg deu durante os julgamentos de Chicago nos anos
sessenta. É espantoso o tom profético com que Ginsberg trata de temas ambientais,
sociais e políticos. A gente percebe nitidamente uma antecipação de tendências
e problemas atuais. As discussões giram em torno de poesia, política,
sexualidade e religião. Recomendo não só para os que são apaixonados pela
literatura beat.” (Pablo Capistrano é autor de “A Grande Pancada – Crônicas do
tempo do Jazz)
Samarone Lima – “Escolher um
só livro, no meio das montanhas que leio, é um grande desafio, mas destaco
"Entre Moscas", o livro de contos do Everardo Norões (Editora
Confraria do Vento, 2014). É um livro denso, forte, que mostra um escritor no
esplendor da sua escrita. Como somos da mesma casa editorial, recebi o livro e
fiquei com ele na estante alguns meses. Quando comecei a ler, não parei mais.
Não por acaso, ele foi o vencedor do prêmio Portugal Telecom de 2014, na
categoria contos/crônicas. Um prêmio merecidíssimo, um reconhecimento”.
(Samarone Lima é autor de “O aquário desenterrado”)
Wellington de Melo – “Uma
leitura que me marcou este ano foi a do livro “Olho morto amarelo” (Cepe, 2014),
vencedor do Prêmio Pernambuco de Literatura, de Bruno Liberal. É um livro de
contos muito consistente, que trabalha o tema da perda e da solidão de maneira
muito precisa e cruelmente humana - talvez aí resida a força da literatura do
Bruno. Destaque para o último conto, "Juro por Deus que é um final
feliz", um verdadeiro soco no estômago e que pode parecer tetricamente
familiar.” (Wellington de Melo é editor da Mariposa Cartonera e escritor, autor
de “Estrangeiro no labirinto”)
Andreia Joana Silva – “O
Papalagui!!! Voltei a lê-lo após uma questão colocada por um aluno quando
falávamos de Descobrimentos. Perguntou-me inesperadamente (após a leitura da
carta de descoberta do Brasil de Pero Vaz de Caminha): "E a visão do
outro? A visão do índio em relação ao branco, europeu, colonizador?” Lembrei-me
dessa obra, e achei que seria bom que eles lessem (e leram-na! Atenção: são
alunos franceses universitários que aprendem português). No fim do semestre
cada um fez uma exposição oral sobre um capítulo que mais lhe tinha tocado.
Fiquei boquiaberta com o espírito crítico e de análise em relação à obra que
tinham lido. De fato, “O Papalagui” mostra-nos, através de uma escrita que pode
roçar o inocente, o naif, todo o mundo no qual estamos envoltos e ao qual nem prestamos
atenção. Este livro obriga-nos a nos relermos a nós próprios, a colocarmo-nos
novas questões e a analisarmos os nossos mundos interiores e exteriores. No meu
caso foi uma releitura riquíssima. No caso dos meus alunos, uma primeira
leitura que espero que vá gerar ainda muitos frutos”. (Andreia Joana Silva é
editora na Cephisa Cartonera e professora de português (Leitora do Instituto
Camões) na Universidade Jean Monnet em Saint-Étienne, na França. A mais recente
edição de “O Papalagui” é de 2012, da Antigona, de Portugal)
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Belinha leu 14 obras este
ano
Foto: Fábio Lucas
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O PRAZER DE LER COMEÇA CEDO
- As novas gerações no Brasil estão desmentindo a previsão sombria de que os
aparatos tecnológicos iriam acabar com os livros impressos. E curtem cada vez
mais passar horas e horas com livros de centenas de páginas de histórias nas
mãos. É o caso de Belinha, de 10 anos de idade. Isabella Gondim Coutinho
Lustosa leu mais do que muita gente grande em 2014: foram 14 livros, bem mais
do que a média no País, que é de quatro livros por ano.
Na lista de Belinha, só
best-sellers: “O Teorema Katherine”, a saga “Percy Jackson”, a saga
“Divergente”, “Maze Runner”, “Se eu ficar”, “A estrela que nunca vai se apagar”
e “A menina que roubava livros”. Os pais dela, Alexandre e Stella, não escondem
o orgulho, e dizem que o exemplo da filha convida-os a ler mais. “Gostei mais
da saga Divergente e Maze Runner”, conta Belinha, pronta para bater o próprio
recorde em 2015.
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