Divagações sobre a raiva
Se estiver esbanjando
alegria, pode parar aqui mesmo, na primeira linha. Hoje resolvi me abster de qualquer gesto
bondoso. Não quero escrever, ler, conviver, quiçá sentir algo que faça com que
eu saia de meu refúgio interior. Deixei minhas máscaras em casa, debaixo da
cama. Se minha imaginação, desobediente, resolver trabalhar, que eu devaneie
sobre o meu desejo diário de que a vida tenha menos cobranças e expectativas.
Basta de correr, pare de esperar… E assim tenho dito!
Negarei a divagar sobre o
tempo, dores e amores, tanto os meus quanto os dos outros. Hoje também me
recuso a levar às costas pesos e responsabilidades que não são minhas. Cada um
que lide com o seu.
Que bom seria se pudesse
acordar e nem sequer pensar em sair da cama? Falar com quem eu gosto e ignorar
aquelas pessoas que cismam em implicar? Simplesmente deletar de minha
convivência estes seres. Quem sabe mandá-los para aqueles países longínquos,
que mal conseguimos pronunciar o nome?
Falem a verdade:
secretamente, quem nunca sonhou em um dia de rebelião? Jogar pela janela todos
os papéis sem sentido. Falar para aquela pessoa estúpida todas as verdades
acumuladas em sua garganta. Permitir que
os odiados sintam a sua fúria. Abraçar intensamente aqueles que ama, gritando
aos quatro ventos o que sente, sem importar-se de ser julgado..
Comer o que quiser, fazer o
que bem entender. Jogar aquela mulher insuportável que vive a reclamar dentro
do ônibus pela janela. Quem sabe um pequeno empurrão naqueles estudantes que
nunca sabemos onde arrumam tanta energia
de manhã… Será que com a Ana Maria Braga?! Melhor ainda, quebrar todos
aqueles celulares imprestáveis que os seus donos decidem deixar tocar músicas
nonsense em alto e bom tom na sua orelha.
Quero botar abaixo as
convenções, regras, desejos não cumpridos. Quero mais… é ser feliz.
Mas para que isso aconteça
não tenho que mandar embora toda a raiva que exaltei até agora? Pena, acho que
não conseguirei cumprir a minha meta.
Sempre que não queremos
fazer nada, acabamos por pensar em tudo.
Danilo Barbosa. Escritor
independente, leitor inveterado e autêntico cheirador de livros. Redator no
Grupo Editorial Novo Conceito, Copidesque e Editor do site Literatura de
Cabeça. Publica na página: DB Autor.
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