Zeka
Sixx: quebrando tudo
Por Jana Lauxen.
O poeta inglês William Blake
disse, certa vez, que “O caminho dos excessos leva ao palácio da sabedoria”. Ou
seja: para saber, é preciso experimentar. Mas não apenas experimentar; é
fundamental se empanturrar. Seria o exagero o pai do entendimento?
Para o escritor gaúcho Zeka
Sixx, a resposta é óbvia: sim. E foi baseado nesta teoria singular e fascinante
– apesar de perigosa – que o autor escreveu seu primeiro livro, O Caminho dos
Excessos, obra que reúne trinta e dois contos que versam, é claro, sobre excessos:
de bebidas, de sexo, de mulheres, de amor, de sentimentos, de dor. O
descomedimento como forma de transcendência.
A obra compila textos
escritos durante mais de uma década – entre 2002 e 2014 – e foi lançada dia 19
de março de 2015 em evento no La Estación Pub, em Porto Alegre/RS. O Caminho
dos Excessos já nasceu nadando contra a maré, e chutando a cara dos mais
desprevenidos. Seus contos são sinceros e corajosos, e percebe-se que não
passaram por qualquer filtro, censura ou adequação, seja do autor, seja de seu
editor. Até mesmo por que, a obra não possui editor, e muito menos editora. Foi
não somente escrita, como 100% produzida pelo autor:
– Sem forma, sem cortes, sem
pasteurização para melhor se adequar às necessidades do mercado – explica Zeka
Sixx.
E mantendo o controle
absoluto sobre todas as fases do processo de elaboração, produção e lançamento
de seu livro, Zeka conseguiu criar uma unidade criativa perceptível, que
perpassa tanto seu texto, quanto o projeto gráfico da obra. Em todas estas etapas
percebemos o dedo polêmico e questionador de Zeka Sixx.
E é por isso que, após
terminar sua leitura, O Caminho dos Excessos deixa uma sensação de fome; como
quem jamais se sacia, independente de quanto beba, ou coma, ou sinta.
Zeka escreve com propriedade
e segurança, mas não permite que a técnica sufoque seus instintos. A razão
jamais substitui a intuição, e os sentimentos norteiam seus personagens, e o
próprio leitor. Por trás de uma linguagem crua, e até combativa, as histórias
possuem um fio condutor que as une, criando com o leitor uma identificação
incômoda, mas visceral. As páginas de O Caminho dos Excessos são recheadas de
paixões, desespero, busca por identidade, insanidade, compulsão, delírio,
volúpia, desilusão, expectativa, amor. Sentimentos que conhecemos, mas que
muitas vezes não experimentamos – por medo, por prudência, por conveniência –
estão ali, escancarados por Zeka, sem maquiagem, enfeite ou qualquer cuidado.
Parece-me óbvio que O Caminho dos Excessos não foi escrito só com o cérebro,
mas com o coração, com o estômago; com álcool, sangue, lágrimas e muito
suor.
Através de uma honestidade
literária pulsante, e de uma sinceridade perturbadora e necessária, Zeka Sixx
não pede licença ao adentrar o hall de escritores brasileiros dispostos a fazer
diferente. Ele entra pelado, louco, rouco de tanto gritar, chutando a porta,
colocando fogo no sofá, atirando o vaso de cristal no meio da rua. Zeka é
daqueles raros autores que não se importam com ibope; que não querem saber de
confetes sobre a cabeça, champanhe, bajulação, tapinha nas costas.
Porque ele sabe que a
literatura não existe para domesticar; mas para provocar.
Seja bem-vindo então, Zeka
Sixx. E bota pra fuder.
* Saiba mais sobre Zeka Sixx
e O Caminho dos Excessos acessando www.zekasixx.wix.com/ocaminhodosexcessos
Sobre a Autora:
Jana Lauxen é escritora,
editora e produtora cultural, autora dos livros Uma Carta por Benjamin (2009) e
O Túmulo do Ladrão (2013).
E-mail para contato: osdezmelhores@gmail.com
Site: www.janalauxen.com
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Um comentário
Fazia tempo que não me interessava por algum livro novo, mas confesso que fiquei com muita vontade de ler este!
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