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Areia Movediça é formada
pelos músicos Eduardo Luz(Voz e violão), Elias Rodriguez (Guitarra) &
Júnior Chauk (Baixo). A banda que vem pontuando a cena do novo rock paulista ,
resgata nesse trabalho de estreia a mítica, poesia e o rock nacional de boas
letras . Com trabalho produzido e composto por eles, suas influências vão do
Folk, em canções como: "Pra você Guardar", "Canção de nós
dois" e BritPop em "Diz" e "Iluminada" (primeiro
single desse EP). Eles, ainda repaginam os anos 90 em " Você é tudo",
"Na Na Na Na" e "Prisma", sobretudo apontando novos
caminhos. Lançado recentemente no Sesc Itaquera e no histórico Centro Cultural
São Paulo, o Areia Movediça ao vivo, transmite um show contagiante que mescla
repertório próprio e para os fãs dos Beatles vale a pena conferir a releitura
deles de "Come Together", que com certeza você vai dançar e cantar
junto. Aqui eu converso com o vocalista da banda Eduardo Luz.
Quando a banda Areia
Movediça foi formada, e quem são os integrantes?
A banda foi formada em 1997,
como um conceito, uma ideia. Éramos uma banda de estúdio no inicio um
projeto. Enquanto todo mundo jogava
bola, eu e o Elias Rodriguez (Guitarra) e o Marcelo Óggi (que foi nosso primeiro
baterista), passávamos boa parte do nosso tempo, fazendo música e gravando tudo
devidamente nas "velhas fitinhas" (K7s) que por algum motivo, ora
paixão, ora hábito, continuamos fazendo até hoje.
Como se conheceram?
Como a grande maioria da
classe artística, nos também viemos das igrejas. De uma forma muito natural, fomos nos
conhecendo e percebendo a química musical que havia entre nós.
A intenção da banda é
resgatar o rock paulista?
Sim, não somente isso, mas
continuar a escrever o rock brasileiro, que atualmente vive um novo momento de
ebulição. Esta acontecendo bastante
coisa não só no eixo- Rio- São Paulo, mas em outras capitais também e está
havendo uma atenção maior do ponto de vista de mídia para gente. Acho que o excesso de um mesmo gênero na grade das programações, engessou um pouco o ouvido do público e o rock por si só, já tinha ou melhor essa
múltipla variação de sons e é um estilo que nunca sai de moda, ele é completo e
cerebral feito para você refletir, mas também é físico e tribal, feito para você
dançar.
Da formação original só saiu
o baterista?
Sim. Da formação original
mesmo apenas eu e o Elias Rodriguez, o Marcello Óggi que foi da primeira
formação não está mais na banda e atualmente nos oficializamos como trio, desde
a entrada do baixista Junior Chauk á 5 anos com a gente.
Onde costumam se apresentar?
Paramos um tempo com os
shows para focar a produção do novo trabalho e uma entrada em definitivo no
mercado, mas, já fizemos de tudo um pouco: do histórico Centro Cultural
Vergueiro, Fnac paulista, Sesc Itaquera, Expo Music até o palco principal do Bar Brahma Centro ,
dentre outros. Devemos voltar em breve com força total.
Além das músicas autorais,
quem vocês gostam de cantar nos shows?
Nosso show a gente costuma
brincar que é uma verdadeira festa, porque além das nossas canções, não nos
privamos de tocar os sucessos que fizeram a nossa cabeça. Por isso
Inevitavelmente passamos pelo rock dos anos 80 e 90 que foram o nosso auge aqui
e também os clássicos que não podem faltar
Uma das características da
banda, é interagir com o público. Essa
aproximação faz a diferença?
Sim, porque eles acabam se
sentindo dentro do show e a química entre nós, público e artista só aumenta.
Fora que o show fica mais quente e essa interação sempre foi o nosso diferencial
e continua.
O EP de estréia foi muito
elogiado. Quantas músicas autorais?
O legal foi exatamente ter
sido elogiado pelas sete músicas serem autorais. Esse lado é muito forte no nosso trabalho,
temos nossa ideologia e um jeito próprio de querer dizer as coisas. Não quer
dizer que não pensamos em regravar algum artista que admiramos, mas é muito
bacana quando a gente encontra pessoas que de repente se ligam no que estamos
falando, rola uma identificação sabe.
Quando ele foi gravado e
onde?
Foi Gravado no inverno de
2013 em dois estúdios diferentes, em São Paulo no Estúdio 44 do amigo Rafael
Costa Bala e no Feghali Studios no Rio de Janeiro de outro amigo ilustre
Ricardo Feghali do Roupa Nova.
Quem compõe as músicas da
banda?
Não é uma regra, mas
coincidiu de escrever todas as músicas e letras até agora, com algumas
exceções, onde divido a autoria com o Elias Rodriguez, que alias, modéstia a
parte, temos composto lindas e novas
músicas juntos.
Quais as influências que a
banda possui?
Não tem uma banda
especifica, é mais uma junção do que cada um ouviu e isso é colocado na musica
que fazemos, eu poderia citar Beatles como uma unanimidade mas, isso é diluir
muito o nosso trabalho, você teria que fazer essa mesma pergunta aos outros
integrantes (rs).
No novo trabalho do Areia
Movediça, quem foi o responsável pela produção musical?
Foi o Rafael Ramos produtor
que também foi responsável por ótimos discos da Pitty, Titãs, Capital Inicial,
Raimundos e do disco de estreia do Los Hermanos, agora foi a nossa vez e posso
adiantar que esse promete ser o nosso maior trabalho até aqui.
Quando será o lançamento do
CD?
Eu adoraria saber te
responder essa pergunta, juro (rs).
Os clipes da banda são muito
bem produzidos. Quem são os responsáveis pela produção?
Rafael Costa Bala assinou o
"Iluminada" junto com o Aurélio Aizza Delgado e eles conseguiram uma dinâmica de cena
incrível mesmo e tudo dentro de um ambiente compacto , intimista de estúdio foi
lindo. Já no “Canção de nós dois”
experimentamos fazer sozinhos, num ar mais de campo, paisagem poluída, neblina,
planos românticos e nesse o Elias
Rodriguez fez a direção com execução do amigo Rodrigo Hold e as meninas da
LIPA.
Mesmo sendo um estilo que
agrada uma grande maioria, não vemos os programas de tv dando o espaço merecido
a esse estilo musical. Por que acontece isso?
Como falei as coisas estão
mudando, se você pegar os The Voices e
Superstar da rede globo , predominantemente são as bandas de pop e rock
que estão ficando no programa em maior evidência, mas a coisa não se restringe
só ali, o underground sempre foi o maior responsável por revelar novos e bons
talentos, alias, a maioria dos artistas que ficaram vieram de uma cena muito
forte que acontece de tempos em tempos a margem do maistream.
Ter as músicas tocando nas
rádios é difícil também?
É difícil, mas não é
impossível. Tem o jabá? tem o jabá, mas existem ainda rádios parceiras e aquelas
que se não gosta do teu som não toca nem por 100 mil. E tocar em rádio é
a via crucis de todo artista, tem que tocar !
Em 2014 a banda Areia
Movediça, se apresentou no Sesc Itaquera para o lançamento do EP onde teve a
participação do Léo Maia/ filho do Tim Maia e o Blanch/ vocalista do Cogumelo
Plutão. Não foi exatamente nesse lugar, que em 2000 houve um show do Cogumelo
Plutão, que ficou para a história, devido a uma grande confusão?
Eu lembro do Blanch
comentando alguma coisa sobre isso no camarim antes de entrarmos no palco,
alias, o Cogumelo é conhecido por esses shows que são verdadeiras catarses, mas, ai você teria que
perguntar isso a ele (rs).
O show correu tudo em paz,
sem nenhum incidente?
Sim, foi um show quente ,
lembro que o sol se abriu numa previsão que era de chuva, achei bonito isso e a
gente com aquela pose e jaquetas tentando soar ingleses (rs) eu devia estar
achando que era o Axl Rose trocando 10 vezes de roupa (rs), mas o destaque
maior foi do público, eles foram ótimos e os nossos convidados também.
E vocês...já tiveram algum
incidente desagradável durante um show?
Incidente de alguém cair,
ser eletrocutado ou quebrar duas costelas não (rs) mas tocar pra 5 pessoas se
for considerado assim , esse foi nosso maior incidente (rs) bom que na hora de
jogar a palheta foi fácil de pegar (rs).
A banda fez uma canção para
a seleção brasileira numa versão rock?
Sim, na verdade fizemos duas
músicas a primeira foi o "Salve a Seleção", num tom mais ufanista,
cheios de esperança e citando até ( O pra frente Brasil/Salve a seleção) da
copa de 70 e a segunda "Boa noite
Brasil" era um punk rock, como que querendo traduzir um recado do povo, um
alerta de que já não podíamos mais ser enganados pela atual política e como
todo brasileiro nós continuamos numa fila sem fim, esperando.
Eduardo, vamos falar um
pouco de você agora. Foi sua mãe, a responsável pela sua paixão pela música?
Sim, eu fui uma espécie de
rebelde sem causa na infância (rs) não posso reclamar.
Qual instrumento aprendeu
primeiro?
Aprender a gente costuma
brincar que não aprendemos até hoje (rs)
piano eu to louco pra retomar, pois foi o primeiro instrumento da minha
vida. Violão e guitarra vieram depois e
se tornaram meus instrumentos de base e só há uns 2 anos observando os
baixistas Sid Vicios do Sex Pistols e o Duff MacKagan do Guns N Roses
tocarem eu decidi: vou virar baixista também (rs) e comprei um
baixo. Tá rolando legal, minha inspiração lógico que é o Paul McCartney , acho
que mais 30 anos e eu já estarei tocando e cantando igual a ele (rs)
Você iniciou na música
cantando num grupo infantil?
Sim , foi na Turma do
Printy.
Chegaram a gravar?
Sim gravei dois LPs com
eles, o "De volta ao Castelo" e o "Jabutinho". Eu ainda
tenho guardado os Vinis. Virou item de colecionador, quem tem não empresta (rs)
.
Quanto tempo fez parte do
grupo?
Do final de 1991 até 1994,
bons tempos. Lembro da gente brincando e falando sobre o ano 2000, que o ano
2000 era futuro , hoje ele é passado (rs).
Participou de outros grupos
ou banda?
Sim, Incógnita e Veck
Que estilo musical tocavam?
De vez em quando soava pop
rock, mas na verdade era hard rock, rock progressivo e até new age (rs) devido
ao virtuosismo da banda, havia intermináveis solos de guitarra (rs) Fora que
íamos dessa para "Nostalgia" que era uma musica minha e do baixista
Claudio ,uma verdadeira viagem psicodélica rs refletindo um pouco agora eu
devia estar bem louco.
Gravaram disco?
Sim, foram dois trabalhos
oficiais o "Do olho do furacão" e "O Que a vida faz", esse
último, tivemos a produção bacana do Mingau, do Ultraje a Rigor.
Você já tocou com outros
cantores?
Nossos amigos Blanch do
Cogumelo Plutão que tão voltando com tudo (sucesso!) e o Grande Leo Maia filho
do Tim Maia. As divas Angela Rô Rô e Wanderléa, abrimos o show delas e fomos
elogiados por elas no palco e depois no camarim, foi mágico. Bacana citar também que fui guitarrista do
Carlos Maltz, ex baterista dos Engenheiros do Hawaii, atualmente astrólogo. Por
um breve período, quando ele excursionava com seu disco solo o "Farinha do
mesmo saco" por São Paulo. Lembro bem daqueles shows e destacaria dois em
especial que fiz com ele, duas noites seguidas no Direct Music Hall
(Antigo Palace, atual HSBC Brasil), com
certeza esse momento foi um dos destaques do meu inicio de carreira. Agradeço ao amigo Ed Jones pelo empurrão
(rs) sem ele eu não estaria nessa Gig
histórica.
Além de cantor, compositor,
músico, você também é poeta?
Sim, na verdade escrever
veio antes de tudo e foi como se as
coisas se encaixassem pra mim, não importa o que acontecesse, mas, a estrada, o
show, a música, a poesia ,tudo isso junto ,fazia e continua a fazer sentido pra
mim é o mesmo como acordar e dar um bom dia, estar num palco é viver e ter um
eterno namoro com a vida .
Já publicou seus poemas?
Não, porque guardo com todo carinho esse meu lado
que até é maior do que a música que eu faço, mas, que poucas vezes expus por
preservar e sonhar que posso lança-los
num momento de maior exposição e sucesso , caso um dia eu tenha (rs), mas vou
liberar em primeira mão aqui pra vocês um poema inédito que escrevi esse mês e que
dei o titulo simbólico de "Poema de Junho" é um desabafo:
“Não há tempo mais pra se
perder em fúteis labirintos,
Que só vão te levar e trazer
de volta pro mesmo lugar.
E um coração partido ainda
bate aqui num ritmo esquisito,
Mas podemos vencer e seguir
em frente
Embora o sol dos seus olhos
não acenda
Do jeito que eram, do jeito
que nos víamos o mundo.
Impossível continuar iguais.
Mas eu sigo aprendendo com
as coisas da vida.
Vou fazendo o meu caminho,
pisando em pântanos,
De costas pro mar dos seus encantos.
Já não sou mais o mesmo,
cavei minha parte ruim,
Longe da ponte dos desejos.
Onde todo mundo que erra
aspira ser feliz e se reencontrar consigo.
É preciso recomeçar, dar a
volta por cima.
Onde os anjos guardam suas
asas e o amor tem mil moradas.
E eu vou cantar essa canção
Com o vento sob as minhas
asas
E eu vou cantar essa canção
Com o vento sob as minhas
asas”.
Como surgiu o lado poeta na
sua vida?
Pra resumir a história não
foi Rimbaud, nem Russo, nem Augusto dos Anjos, foi meu Pai Eduardo Amorim. Dizem que me pareço com ele, eu não concordo,
a não ser pela parte boa, porque a ruim
essa eu só poderia ter puxado a mim mesmo. (rs)
Quem foram seus ídolos na
música?
Aos 12 anos eu imitava o
Elvis Presley e acredite se quiser o topete era igual (rs) o Jim Morrison da
banda The Doors, durante um tempo me fez mergulhar nos mesmos poetas que ele,
Willian Blake, Jack Kerouac, Allem Ginsberg e eu vivia escrevendo daquela mesma
maneira para as minhas namoradas e caia no palco nos shows pela mesma maneira
(rs), depois parei porque ninguém entendia nada (rs) dessa época o que ficou
foi minha paixão por Jonh Lennon e sua obra, tanto fora quanto dentro dos
Beatles. Acho que ele e Bob Dylan, formam a dobradinha mais interessante
daquela geração, e sua revolução é sentida até hoje, e vem se refletindo cada
vez mais na música que eu faço.
Como você vê o momento atual
do rock nacional?
Estamos num momento de
reaproximação da mídia com o público e a música rock feita no Brasil . De 20 em
20 anos existe essa reciclagem , na arte, na moda , nos filmes e na música é o
tal do Déja vu , hoje perdemos por aquilo que não digeríamos tão bem nos anos
90, que era você ser rotulado e dividido por tribos, eu não gostava dessa coisa
separatista, mas hoje em dia sinto falta , pois na música atual, não dá pra
definir mais o estilo de nenhum grupo ou artista pela capa, você precisa parar
pra ouvir, ta tudo meio "parecido", e o sentimento de quem faz rock
hoje em dia é muitas vezes como se diz na canção "Radio Pirata" do
RPM "Tomar o que é nosso" esse é o sentimento ainda, afinal o pop é
rock né ? e fim de papo.
Algum projeto novo em
estudo?
Tenho vontade de fazer um
disco solo, mas sem pressa, sem estardalhaços, eu sempre fui o vocalista que
quis ter banda, sou adepto disso . Eu era um garoto que amava os Beatles e
Rolling Stones sabe e continuo assim, penso que essa jornada solo vai ser mais
pra preencher minha alma inquieta e saciar a sede dos anjos e demônios que me
seguem a tanto tempo (rs).
Quais suas perspectivas para
a música e para a banda?
Eu acho que estamos num
momento propício para uma ascensão, arrumando a casa e a cara pra podermos
chegar no mercado sem querer atropelar nem ofender ninguém, mas preencher uma
lacuna deixada e aproveitar pra trazer nossas verdades e gritar para essa
juventude órfã de líderes, que ainda há esperança e que precisamos cantar de
novo sobre o amor por mais démodé que alguns acham que isso seja, mas esse foi
e sempre será o tema central das nossas vidas.
Cleo Oshiro,mineira mas viveu a maior parte da sua vida em São Paulo até se mudar
para o Japão em 2002. Colunista Social no Japão, EUA e Suíça.Seu trabalho é divulgado em vários países no exterior onde existem
comunidades brasileira.
Eduardo Luz: O Pop Rock da Banda Areia Movediça. [Cleo Oshiro]
Reviewed by Revista Biografia
on
junho 16, 2015
Rating: 5
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