Felipe chegou
a comercializar cartilhas com seus textos no metrô da capital para sobreviver;
rapaz mistura a vida marginal e o romantismo em suas produções
por Fernanda Viegas
Um
sonho realizado com o próprio esforço, muita dedicação e aprendizado. Essa é a
história de Felipe Arco, 24, natural de Belo Horizonte, que conseguiu se tornar
escritor vendendo paçocas no centro da cidade. O jovem, formado em marketing,
decidiu viver de sua arte e investiu em seu próprio talento. Suas produções
começaram a ser conhecidas por usuários do metrô, depois por internautas e
agora por leitores que ainda preferem as páginas de um bom livro.
"Eu
sempre fui apaixonado por escrever e comecei a fazer faculdade de jornalismo,
porque achava que o meu foco era escrever, até me encontrar na poesia. Um tempo
atrás, eu saí de casa e só tinha o dinheiro do estágio", relata o rapaz
que, na época, ao perceber que a remuneração adquirida com o trabalho de meio
expediente em uma assessoria não era o suficiente para se manter.
"Daí
veio a ideia de vender poesias no metrô, a partir de uma sugestão de um amigo
do meu primo, mas de cara não sabíamos como. Pensamos então em fazer tudo a mão
e montar um varal de poesias na praça Sete e vender, mas não foi para frente.
Até que aprendi a fazer uma cartilha com folha A4 e fui vender as poesias no
metrô com o meu primo", lembrou.
Assista
ao relato gravado por Arco:
Os
dois ficaram por um ano circulando nos trens e se mantinham da venda das
poesias - cada livrinho custava R$ 0,50. Contudo, a pressão dos seguranças das
estações, para que eles não realizassem o comércio ambulante no local, fez com
que os rapazes desanimassem da empreitada.
"Eu
comecei a alcançar um número de pessoas, que depois de comprar as poesias me
procuravam na internet. Tinha um blog e também a página no Facebook".
Depois de deixar o metrô, Arco continuou escrevendo e o livro começou a nascer.
Mas ele precisava de dinheiro e viu uma oportunidade, a partir do trabalho da
mãe com chocolates. "Tive a ideia de vender cinco paçocas por R$ 1,
ninguém vendia. Eu sempre comprei barras de chocolate para minha mãe e por
sorte a Paçoquita começou a diminuir o tamanho e tinha uma caixa com cem.
Estava na promoção e eu fiz o cálculo e vi que era viável vender paçoca",
contou.
Arco
passava muito pela passarela da estação Lagoinha, no centro da cidade, e depois
de conversar com camelôs no local, resolveu montar uma banca para ele neste
ponto. "Eu precisava custear o livro e coloquei como a meta de vender 200
mil paçocas. Quem comprava ganhava uma poesia".
História
vira título de livro, confira:
O
jovem escritor conseguiu em dois anos levantar R$ 40 mil e acabou vendendo
quase 300 mil doces. Os primeiros mil exemplares do livro "200 mil paçocas
e infinitas poesias" estarão disponíveis ao público no sábado, dia 20 de
junho, quando será lançado.
Os
textos de Arco misturam um lado romântico e outro marginal que ele mesmo
possui, com influência do Rap e da periferia belo-horizontina. São poemas com
uma linguagem simples, objetiva e de fácil compreensão para o público em geral.
Também
grafiteiro, Arco deixa sua experiência de vida transparecer, buscando a não
hipocrisia em seus escritos, sempre valorizando o amor. O preconceito vivido
dentro de casa, com sua família e amigos foi superado, assim como a
criminalização para com quem trabalha nas ruas de uma cidade. Viver da arte é
uma opção, bem como escrever é seu modo de viver a vida.
Lançamento
do livro "200 mil paçocas e infinitas poesias"
Data:
sábado, 20 de junho
Local:
Hangar Deck Beer, na avenida João César de Oliveira, 403, Contagem
Horário:
a partir das 22h
Preço:
R$ 25 - a compra do livro é o ingresso para a festa de lançamento
Programação:
Shows com Djonga, Well, Sigavante, Síntese e FBC
Fonte:
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