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PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS MINEIRAS [REVISTA BIOGRAFIA]




Pra não dizer que não falei das Mineiras

Gostaria muito de poder encontrar palavras e com elas criar imagens bonitas assim como os poetas, para poder dizer do orgulho que sinto de ser mineiro.

Meus pais não poderiam me dar um presente melhor. Se existir uma outra vida, quero nascer mineiro de novo. Aliás, já falei disso e muito ainda vou falar e de peito cheio de orgulho, por causa de que melhor do que mineiro, só mineira.

Mineira não usa perfume e cheira gostoso demais. O jeito dolente que a mineira tem para conversar, nos dá a sensação que suas palavras traduzem uma prece. A sabedoria da mineira, não se aprende em nenhuma universidade. Joaquim da Mata, o Velho Quincas, filósofo dos Cafundó de Minas, quando compara o jeito de ser de uma mineira com outra mulher, afirma que a diferença está no preparo. O “caldinho” que envolve a Mineira e dá à ela este jeitinho tão gostoso, foi preparado em panela de ferro num fogão a lenha.

Mineira não mente, conta lorota, Mineira não tem menstruação, fica úmida, Mineira não paquera, espia, Mineira não fica bonita, já nasce assim, Mineira não curte um som, ouve música, Mineira não usa perfume, porque já tem cheiro “bão”, Mineira não fala, proseia. Mineira não mente, esconde a verdade, Mineira não come “strogonof” mas adora um picadinho de carne, Mineira não faz crediário, compra fiado, Mineira não transa, faz amor, Mineira não fica pelada, descobre as “vergonhas”, Mineira não erra, comete engano, Mineira não chupa cana, por causa de que toma garapa na beira do engenho, Mineira não liga pra ninguém, mas telefona pra todo mundo. Mineira não trai o marido, escorrega na rua.

Eu fico muito a vontade para falar de mineiras e mineiros, porque com orgulho sou um deles e não consigo me ver de outra forma. E só podia ser mineira a primeira namorada. Era menino ainda quando Otilia tocou meu coração. Depois vieram Angelina, Aparecida Vitória, Claudia, todas mineiras e deixaram marcas.

Mineira ama diferente. Mineira ama com os olhos, com as mãos, com o sorriso, com os gestos. Mineira ama com o corpo inteiro. A profissão que exerci por muitos anos, me permitiu conhecer um pouquinho deste Brasil. Como locutor esportivo em São Paulo, viajei pelo Brasil afora e conheci muitos tipos de brasileiras. Faceiras, brejeiras, trigueiras, loiras, morenas, mulatas, cafuzas, todas bonitas, mas as mineiras têm a brejeirice que nós das Gerais tanto apreciamos.

Mineira fica bonita com qualquer pedaço de pano em cima do corpo, porque não precisa de roupa elegante, ela faz a elegância da roupa. Mineira se veste de chita e fica bonita, porque mineira, não segue, mas faz a moda.

Existem coisas que já nascem com a mulher e muitas destas coisas estão diretamente ligadas ao lugar. Mineira faz doce como ninguém neste país continente. Quem já provou doce de cidra ou de leite feito por mineira, sabe o que é bom. Goiabada e Marmelada, nem se fala. Queijo então é até pecado comparar. Mineira estuda menos e ensina mais porque o de melhor, ela aprende na escola da vida.

Mas o que mais me chama a atenção nas mineiras, é a aceitação que elas têm. As paulistas gostam das mineiras, as cariocas amam e no Brasil inteiro as mineiras são admiradas. Isso se deve a simplicidade das mineiras que se embelezam com bijuterias e ofuscam o brilho de jóias raras. Mineira come pão de queijo e acha Belzonte o máximo torce pro Atlético e ama o Cruzeiro. Mineira não usa tênis, enfeita alpercatas e dita a moda. Mineira vai à igreja, assiste à missa, toma comunhão, participa do culto protestante, conhece o evangelho, toma passe e assim os descobre caminhos que nos levam a Deus.

Escondida por trás da simplicidade de toda mineira está uma guerreira pronta para lutar pelo Brasil.

Dizem mesmo nas Gerais que é ela, a mulher, quem ensina o homem a ficar rico, porque mineira vende um boi e compra uma boiada, já que com a sabedoria Mineira, não decora lição, aprende a matéria toda.

Nada expressa melhor a simplicidade da mulher mineira, do que a afirmação que me permito fazer com a devida permissão de todas:

“Mulher quando casa com homem rico vira madame e mineira vira esposa”.

* Texto atribuído ao jornalista e escritor, Domingos Leoni.

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