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Um filho teu não foge à luta [Dy Eiterer]

Um filho teu não foge à luta 


Nos últimos dias o Brasil parece estar, de fato, vivendo o que se é cantado em nosso hino nacional.

Ouviram não só do Ipiranga, mas em várias partes do território nacional, o brado retumbante de um povo. Um povo cansado, exausto de ser explorado, indignado com a situação social, política e econômica do país, em seus estados, em suas cidades.

Colocamos o nosso braço forte nas ruas, lutando pelo nosso direito à liberdade, ameaçado pela inconstitucional medida proibitória dos manifestos em muitos municípios. Abrimos o nosso peito, desafiamos esse sistema, ainda não com mortes, mas já às custas de muita dor, prisões e sangue.

Não! Não é por "meros vinte centavos". É porque temos uma pátria amada, idolatrada e a queremos salvar! Os “míseros vinténs”, já apontados em comentários infelizes, foram as últimas gotas d’água em um enorme caldeirão que estava em banho-maria e agora é fervilhante, que chamamos Brasil

Brasil, sua juventude voltou a ter um sonho intenso, como aqueles jovens que eu vi em reportagens, documentários, fotos e vídeos do período da vergonhosa ditadura militar que dói aguda na nossa história. Somos iluminados por um novo raio vívido, com amor e esperança em nossa juventude, por nossa terra, que sob o seu céu azul ou debaixo de chuva ou ainda sob o gris que se fez com as bombas de gás lacrimogênio e efeito moral, não arredaram o pé das ruas, não correram com seus ideais, guardando-os em suas mochilas.

Somos gigantes por natureza e por vontade e acordamos! Vimos que diante de toda a nossa beleza, querem à força, nos fazer engolir sapos, impostos, contas a pagar de uma Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas que, salvo alguns poucos ganhos, nos renderam morar nas cidades mais caras do país (nesse momento falo da segunda cidade com o custo de via mais alto, o Rio de Janeiro, que só perde (?) para São Paulo).

Somos um povo impávido e por isso afirmamos que não queremos que os estádios sejam os nossos colossos. Queremos, sim, que o nosso futuro espelhe a nossa grandeza e queremos nos orgulhar disso e clamamos por respeito, dignidade e atenção: é mister que nossos políticos revejam os seus conceitos e invistam em todos os nossos públicos: saúde, educação, transporte, justiça. 

Não ficaremos mais deitados no berço que nos foi prometido como esplêndido, mas que acabou sendo de vime e folhas de bananeiras – Yes, nós temos bananas! – só para combinar com nosso clima tropical.

Cansamos de ter a nossa  imagem (inter)nacional sendo vinculada ao som do mar azul, do bom samba e das caipirinhas geladas, como se todos os dias fossem domingos ensolarados. Não é que estejamos cansados do nosso sagrado futebolzinho, mas a nossa seleção (inclusive a de futebol) não é a melhor faz tempo: não temos craques em administração política, não temos grandes artilheiros em políticas públicas. Não conseguimos sequer ter uma justiça que se cumpra no tempo regulamentar, quem dirá ter juízes bem preparados. Ah, e se por acaso sonhamos com substituições para melhorar o time, uma parceria público-privada pode ser pensada: temos muitas empresas privadas querendo lucrar em cima do povo brasileiro e muitas licitações para serem burladas ou, com sorte, apenas com meros beneficiamentos de meia dúzia de três grandes grupos, curiosamente marcados pela letra “x”.

Queremos ser o Novo Mundo: onde a luta é a nossa marca, onde nosso sangue reflita nossos ideais de quem já não consegue mais dormir em paz com tanta exploração, com tanto sofrimento empurrado em nossas goelas diariamente.

Ó, Pátria Amada, deixa que seu povo a salve! Deixa que tomemos as ruas e vejamos o verde-louro de sua flâmula esvoaçar diante de nossos sonhos embalados nas noites estreladas! Abra-se para as mudanças e faça valer a letra de seu hino, onde teremos “Paz no futuro e glória no passado”. Deixa-nos erguer essa clava forte, apoie os seus filhos que não fogem à luta, junte-se a eles, que não temem a própria morte, que fingem que a dor das balas de borracha não são tão grandes, porque perto do amor que têm à sua terra, essa dor é mesmo pequena.
Deixa-se ser adorada, terra minha!

Deixa-se levar pelos rumos da mudança anunciada e acorda para a luta. Desperta para fazer a história e construir o seu novo futuro. Esperar nunca foi saber, façamos dessa a nossa hora para que adiante possamos falar só de flores.




Dy Eiterer. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora, escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu, seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando

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