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(Falta de) Planejamentos [Dy Eiterer]

(Falta de) Planejamentos


(Izadora e Fernando, julho de 2014, e eu, segurando a barra do véu!)

É curioso como a gente não é capaz de planejar a vida. Por mais que a planejemos!

Estou aqui sentada em minha mesa de trabalho fazendo algo que gosto. Enquanto preparo as minhas aulas saboreio deliciosos brigadeiros – presentes de alunos, que organizaram um café da manhã em comemoração à Semana do Estudante. 

Tenho uma rotina normal. Como, reservadas nossas devidas proporções, todos nós temos.

Não faço muitos planos, mas também não deixo de fazê-los. Poucos. Bobos. Alguns eu sei bem que não cumprirei. Definitivamente eu não irei malhar essa semana por mais que refaça esse plano a cada novo brigadeiro que como. 

Dou uma pausa no trabalho e entro no facebook. Vejo as fotos do casamento de um amigo e me dou conta do quanto a gente planeja e não cumpre. E que, na verdade, não somos capazes mesmo é de planejar nada!

Há 15 anos atrás a gente nunca ia imaginar um casamento para nenhum de nós. As aventuras adolescentes de andar nos trilhos dos trens que corta o centro de nossa cidade natal seriam eternas. 

Seríamos os melhores amigos para sempre. Nossos encontros seriam diários, como naquele tempo da escola. Os assuntos nunca teriam fim. iríamos trabalhar, claro! Ganhar dinheiro. Sair. Morar sozinhos. Namorados, sim. Casamento, huuuum, muito incerto e adultos demais para nossas cabeças.

As folhas do calendário foram caindo e os anos, 15, se passaram. 

Nossos planejamentos para o futuro mudaram. Tomaram outros rumos. Não ficamos ricos, mas somos bem sucedidos (para nós mesmos) naquilo a que nos propomos porque fazemos o que gostamos e isso nos basta. Pagamos nossas contas muito bem, obrigada. Mudamos de cidades. Uma vez. Duas vezes. Várias vezes. Não nos vemos todos os dias. Na verdade, chegamos a passar anos sem nos encontrarmos. O que não é trágico. É saudoso.

O tempo não nos permite mais andar nos trilhos dos trens, mas o banho de chuva no dia do casamento conservava a mesma temperatura de 15 anos atrás. Talvez agora mais feliz. Mais maduro. Com outro sabor. 

Os assuntos não tiveram fim. Eles foram se acumulando. Ganharam novas pautas. Agora temos as lembranças e as tantas mudanças. E os planos. Não mais de futuros longos, mas de quando será a próxima visita. Alguns meses está ótimo. Mais do que isso poderemos nos esquecer. A agenda é cheia e a perderemos em qualquer mesa por aí.

Morar sozinhos, comprovadamente não é das coisas mais fabulosas do mundo como imaginávamos. As contas chegam. O tédio chega. A louça não se lava sozinha. Tampouco o fogão faz a comida sozinho. E nem sempre a casa vai estar cheia de amigos. E nem sempre os amigos serão mesmo amigos. O tal tempo dá uma peneirada neles. E só os que são de verdade ficam. Só eles não vão esquecer o seu endereço. Ou se esquecerem, darão um jeito de correr atrás de você. 

O casamento, bem... é uma coisa que acontece. Um dia você se apaixona, descobre que ama e que quer ficar junto pra sempre. E é assim. Para uns dá certo, para outros não. E não será por falta de planejamento. É que isso é coisa que acontece mesmo.

Estou eu aqui, sentada em uma mesa cheia de corujas com livros, brigadeiros, café e as fotos de um casamento de um amigo e penso. Penso em como a gente agrega as pessoas na nossa vida e em como é bom participar desses pequenos-grandes momentos da vida dos outros, dos nossos, dos amigos. 

Penso em como os nossos planos feitos há 15 anos deram certo porque, na verdade, graças a Deus!, deram errado! Penso em como é bom crescer e ver que a vida é feita de planos que falharam e só forram o chão para a gente passar por cima e ser mais feliz e embrulhar momentos mais incríveis.

Estou pensando que o bom de viver é mesmo ver esses planos voarem. E ver como o véu da noiva ficou lindo nas fotos de casamento... E em como é lindo ver um amigo nos dar de presente uma nova amiga. E em como os caminhos são perfeitamente trilhados em sua imperfeição e incerteza.


Dy Eiterer. Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora, escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu, seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando

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