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Ligia Saavedra - [Poeta Brasileira]

Cd "Além dos Muros"

Música brasileira com cheiro do Pará

PRANTO PARTIDO

Lágrima escrava da dor
pole a face em cascatas
para dar brilho à memória
do sofrimento eminente
trazido pela palavra
daquele que nem merece
a cor que a noite reluz..

Molha o olhar na nascente
lava, escorre a vergonha
deste insano sofrimento
indo à deriva da sorte
na tez pálida do autor
sobrevivente dos soluços da liberdade
que clama por sua morte.

Quando vingada, desnuda.
OLHA A MENINA!
...para um grande amigo.


Olha a menina! E o que vês?

Roupas de seda, grampos com brilho.

Olhos de lua, boca encarnada.

É de veludo a sua tez.

.

Dentro do peito

dessa menina

o que enxergas, pedra e sal?

Mas me enfeitiça

com seu balanço.

E esse sorriso

do Bem? Do Mal?



Diz ler Tolstói

Garcia Marques.

Beber Drummond.

Dormir com Marx.

E enquanto isso,

olha a menina!



Aqui espero.




O ELEITOR

O olhar se perde no céu de prata

Do luar que ilumina a esperança

Do crédulo.



Mas, a redoma é de vidro

E se partirá ao alvorecer da verdade

Derretendo camadas

De mentira e de hipocrisia

Congeladas pelo discurso

Da promessa e do pão

Num "Viva à Pátria!"



ERAS DE TI!

Há um amor que me toma

nas noites em que me atiças

o corpo que se acende

no fogo até arder.



No meu coração latente

no ofegante respirar

no submisso bailado

de ancas que sobem, descem

de seios a se encontrar

das pernas entrelaçadas.



Prazer quase inacabado

mas que se acaba aqui

cansado, frouxo, suado.

Feliz e já queres dormir?

Eras de ti!




O GRILO

Só aqui posso derramar

um cansado e triste pranto.

Depois de um dia de luta

a noite me apareceu

um grilo... Fiquei maluca!

.

Passei a noite tentando

fechar os olhos... Dormir...

Qual nada! Lembra-me o canto

do grilo sempre a trilar:

“Acorda, acorda, acorda.

Acorda, vamos acordar!”

E eu... Cansada da labuta,

tendo ainda que correr

atrás de um grilo biruta.

.

Preparo água fervente,

jogo na casa todinha.

Silêncio. Penso, afinal!

Deito bem devagarzinho,

Embrulho-me dos pés à cabeça,

até lembrei de um sonho

que tive a noite passada.

.

Mas de repente um eco

como um grito numa gruta.

“Não é verdade!” Levanto.

Soando com um martelo,

lá estava aquele ser...

Corri, peguei o chinelo,

saiu ele a saltitar....

.

.E assim, meu caro leitor,

aqui estou eu a chorar

com olhos inchados e vermelhos...

Toda a hora a cochilar.

Passei a noite tentando

aquele som abafar

e o meu sono perdi

desta maneira tão bruta.



...Mas, se te pego te mato,

Ah! Grilo, Filho da Puta!

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