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Paulo Monteiro - [Poeta Brasileiro]

Paulo Monteiro, cujo nome civil é Paulo Domingos da Silva Monteiro, nasceu em Passo Fundo, no dia 26 de setembro de 1954. Casado com Maria Nelci Machado Monteiro (funcionária pública estadual), é pai de Cris Daniele Machado Monteiro Bledoa da Silva (advogada, em Passo Fundo), Nadejda Aparecida Machado Monteiro (professora estadual, em São José, SC), Rozalia Natália Machado Monteiro (acadêmica de Psicologia, na Universidade Estácio de Sá, em São José, SC), Paula Tatsuia Machado Monteiro (acadêmica de Tecnólogo em Sistemas para a Internet, no Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Campus de Passo Fundo) e Sara Adalía Machado Monteiro (concluindo o Ensino Fundamental na Escola Estadual de Educação Básica Nicolau de Araújo Vergueiro).
Autor dos livros A Trova no Espírito Santo – História e Antologia (Edição de Bibliófilo, Passo Fundo, 1982), Combates da Revolução Federalista em Passo Fundo (Editora Berthier, Passo Fundo, 2006), e O Massacre de Porongos & Outras Histórias Gaúchas (Editora Berthier, Passo Fundo, 2010), publicou centenas de artigos e ensaios sobre temas literários, históricos e culturais. Pertence a diversas entidades culturais do Brasil e do exterior, quais sejam: International Academy Of Leters Of England (Londres); Academia de Trovas do Rio Grande do Norte (Natal); Instituto Histórico e Geográfico de Uruguaiana (RS); Academia de Letras de Uruguaiana (RS); Ordem Brasileira dos Poetas da Literatura de Cordel (Salvador, BA); Academia Anapolina de Filosofia, Ciências e Letras (Anápolis, GO); Clube dos Trovadores Capixabas (Vila Velha, ES); Clube Internacional de Boa Leitura (Uruguaiana, RS); Clube de Poesia de Uruguaiana (RS); Federação Brasileira das Entidades Trovistas (Rio de Janeiro, RJ); Academia Petropolitana de Letras (Petrópolis, RJ); Academia Literária Gaúcha (Porto Alegre); Academia Passo-Fundense de Letras (Passo Fundo); Academia Sorocabana de Letras (Sorocaba, SP); Poetas del Mundo (Santiago, Chile); Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves (Porto Alegre, RS); AVSP – Academia Virtual – Sala dos Poetas e Escritores (Camboriú, SC) e Casa do Poeta Passo-Fundense. Pertenceu, ainda, às seguintes entidades: Grupo Literário “Nova Geração” (Passo Fundo); Associação Gaúcha de Escritores (Porto Alegre); União Brasileira de Trovadores (Rio de Janeiro, RJ).


Endereço para correspondência:
Paulo Monteiro
Caixa Postal 462 – Passo Fundo – RS – Brasil
CEP: 99001-970

Rubayat


Neste mundo de coisas abjetas,

onde falam por Deus falsos profetas,

da mesma forma que nos tempos bíblicos,

Deus fala pela boca dos poetas.



Quase poema

Eu quisera escrever um poema

que falasse do amor.

O amor é tão banal

que não pensamos nele

sem que nos sepultemos no lugar comum,

e tão bonito

quando falamos nele

sem que nos persiga o pecado.



Eu quisera escrever um poema

que começasse por teus pés

e subisse por teus seios

ou que iniciando em teus cabelos

fitasse teus olhos,

beijasse teus lábios,

lambesse teu colo

e fosse descendo, descendo...

até mergulhar no teu ventre

e se tornasse poesia.

E germinando em ti,

crescesse até tomar-te

a cor dos olhos e dos cabelos,

dando-nos as mãos e nos cobrindo de beijos.



Seria belo te amar,

beber tranqüilidade nos teus lábios.

Como é doce te ouvir

e ver tuas mãos conduzindo

crianças que não têm teu sangue!



Quanto é belo ver teus seios

balouçando sob a blusa,

acenando para os filhos

que teu ventre não gerou.



Peco ao pensar nas sementes

que não plantei em ti.

Peco ao me imaginar

lavrador de tuas carnes.



Meu Deus! Tu, que és amor,

por que inventaste o pecado?

por que me fazes – ao vê-la –

sentir o dulçor dessa mulher?



dizem que sou poeta

dizem que sou poeta não sei não

a vida é dura demais para poesia

a vida é crua é nua demais para poesia

a sobrevivência exige inventividade

astúcia vivacidade demais para poesia

por isso o poema é duro cru e nu



se não for duro cru e nu não será poema

será uma bruxa metafísica

montando um cabo de vassoura

perdão montando uma lista de sangue

vermelha rubro fazendo estripulias

pelos fios telegráficos do vento



tenho que falar de flores de jardins de mulheres belas e sãs

mas como falar se as flores estão envenenadas

se os jardins estão sujos de lixo

se as mulheres estão sendo devoradas por elementos químicos

são flores jardins mulheres ainda serão flores jardins mulheres



então que poema existirá logicamente

que poema senhores críticos amantes de uma senhora histérico-estéril

mas de alta sociedade então

que poema existirá que não seja duro cru e nu

(do livro inédito eu resisti também cantando)



poema

poema das ruas tortas

desertas cheias de pó

com homens cheios de pó

e a consciência deserta



os homens caminham sós

pelas ruas sem destino

com a marmita vazia

e muito pó no estômago



o meu poema caminha

com homens empoeirados

por essas ruas poeirentas

com a marmita vazia



homens que não sabem

o que é fazer poema

poema é coisa de rico

poema de pobre é fome



sua língua é diferente

de uma língua semelhante

os homens cheios de pó

têm uma língua somente

a língua de sua barriga

barriga de vila fome


(do livro inédito eu resisti também cantando)


compreensão

olho o cansaço que trazem teus olhos

a fome e a sede de teus lábios secos

compreendo teu ódio surdo-mudo indefinido

compreendo o cansaço de teus olhos

compreendo que tens

e não tens

apenas

família

propriedade

e

tradição

compreendo que tens

e não tens

apenas

cabeça

tronco

e

membros

por isso meu ódio não é surdo-mudo indefinido

em ti vejo meu próprio pai cansado

compreendo que não teremos descanso

logo

enquanto

tudo continuar como está e que

minha poesia não terá nenhum valor

enquanto

não carregar em si o cansaço de teus olhos

a fome

e a sede

de teus lábios

(do livro inédito eu resisti também cantando)



da poética

a poesia das ruas é poesia

muito melhor que a dos poemas

a poesia a poesia das ruas é poesia

como só a poesia pode ser

e não ser poesia versos livres

e não versos concretos e abstratos

simplesmente versos e não versos

falsos todos não falsificados

a poesia das ruas é poesia

simplesmente poesia aquém

além dos poemas puramente poesia

simplesmente poesia das ruas

muito melhor que a dos poemas

com gosto de wisky escocês

escocês made in brazil

por isso o manifesto não manifesto

dizia o que ninguém disse

abaixo a poesia dos poemas

a poesia das ruas simplesmente

poesia e não poesia puramente

poesia e não poesia de cabeça

tronco e membros pó concreto e abstrato

(do livro inédito eu resisti também cantando)



marketing

branca sombra de negro canto e coração

e sombra e canto e coração e

poema rasgado nos olhos sem cor da

mulher encontrada perdida na rua do

poema que compus com pus e tudo mais

que existe na dor da branca sombra de

negro canto e coração e sombra

poema que morreu o olhar cansado e

triste da mulher perdida e encontrada

na esquina de um olhar à noite

encontram-se todos os gemidos e

todos os lucros accout executive

advertising agency broadcast design

marketing plan proxy selling expenses

dudget open marketing

(do livro inédito eu resisti também cantando)


o canto

o canto terá que ser

à moda do cantador

se não o canto que canto

não terá nenhum valor

por isso canto sem medo

o medo que a gente sente



ou a gente mata o medo

ou o medo mata a gente



canto o livre que se encontra

na minha imaginação

é canário que se bate

contra as grades do alçapão

o pão que falta nas mesas

e se acha numa somente



ou a gente mata o medo

ou o medo mata a gente



pelos sertões e cidades

a abolição não chegou

se chegou ficou à porta

por ser dada não entrou

só quando for conquistada

reinará eternamente



ou a gente mata o medo

ou o medo mata a gente



sempre há mais pedra e pau

que granada e mosquetão

sempre há mais gente sem

que tendo arma na mão

com sangue também se escreve

com nosso sangue inocente





ou a gente mata o medo

ou o medo mata a gente

(do livro inédito eu resisti também cantando)

Paulo Monteiro
Todos os Direitos Autorais Reservados ao Autor

Um comentário

Unknown disse...

Grande escritor!
Parabéns.