Alexandre Brito [Poeta Brasileiro]
Fotografia ‐ a arte do olhar
A fotografia é uma arte que sempre me interessou. Fotos que contam a história da gente, a história dos outros, das cidades, do antigamente. E tem aquelas que não contam a história de nada nem ninguém, mostram algo de um jeito super: uma árvore, um bicho, uma flor, ou os detalhes de uma janela, uma porta, uma pedra. Sempre gostei dessa coisa de ver as coisas através de outras coisas: de um espelho, de uma bolinha de gude, de uma máquina fotográfica.
Os índios não gostavam de fotografia. Imaginavam que aquela máquina estranha poderia de alguma maneira roubar o espírito deles. Hoje não pensem mais assim.
Aprendi com a fotografia que tudo é um jeito de ver. Alguma coisa está ali, bem debaixo do nosso nariz, sem que ninguém dê valor. Aí vem o fotógrafo e clic... mostra pra gente que ela é única, espetacular, maravilhosa.
Dizem que “uma imagem vale mais que mil palavras”. Não sei se concordo com isso, porque para
compreender algo precisamos das palavras, mas de uma coisa eu sei: pode transmitir uma ideia, denunciar uma injustiça, ou, até mesmo, destruir uma guerra.
O clic da palavra
Como eu não sei apreender as coisas como um fotógrafo o faz, minha arte é outra, a da palavra, como uma espécie de homenagem a estes profissionais do clic, escrevi este poema para o meu livro ainda inédito “Isso com isso + ½ quilo daquilo”, meu próximo livro para crianças:
O OLHO E O DEDO
o olhar do fotógrafo
e seu dedo
exercem uma magia exemplar
congelam o tempo
agarram o momento
impedem que o instante que se vá
a topada repentina
a risada da menina
a cadeira de balanço
as panelas no fogão
a lembrança da casa antiga
a namorada nunca esquecida
o pescoço comprido do ganso
a fogueira queimando no chão
a máquina fotográfica
guarda tudo que clica
não deixa nada escapar
só o fotógrafo
teima em ficar sempre
do lado de cá
mas às vezes, sem perceber
ele para diante do espelho
e se deixa fotografar
é...
o olhar do fotógrafo
e seu dedo
têm muita coisa pra clicar
2 comentários
só faltou um poema do Museu Desmiolado: viagem surrealista para nós adultos voltarmos a ser crianças...
Minha professora ja conto o poema o museu desmiolado
Postar um comentário