O amor
O amor tanto se agiganta
Embeleza, de tudo toma conta
Quanto também se desespera
Enfeia, assemelha-se à guerra!
...
De contornos imperceptíveis de tão fino
Chega a tocar o divino
Em si carrega tanta vida
Mas não sabe conviver com a dúvida!
É ferro que fere
Das feridas pode ser o unguento
Mas há de que, se ter com ele tento!
O amor a todos acolhe
Mas dependendo do momento
O que se parece com amor pode ser tormento!
Acostumando
Já estou-me acostumando
A ver flores murcharem
Luzes se apagarem
Rios e mares secarem.
...
Já estou-me acostumando
A ver o cinza no céu predominar
O ar faltando
O coração a querer parar.
Já estou-me acostumando
A ver a noite não passar
O sono não chegando
E a não mais sonhar.
Já estou-me acostumando
A não mais chorar
A não ter o que falar
E a estar desamando.
Já estou-me acostumando...
Mar de ilusões
Por onde se dará a travessia
Neste meu mar de ilusões?
Será de noite ou de dia?
Das paixões terei resolvido as questões?
... Fará frio ou será quente este dia?
Ou tudo ainda serão só pendências?
Vivo como se fosse num mar
Mas ao invés de águas
Repleto de ilusões ele está
Faço dos meus dias um eterno sonhar
Minhas paixões dominam até o ar
Enfim vivo por ti amar!
Quando e onde enfim
Da fantasia à realidade a travessia se dará?
Quero de novo
Abaixo dos meus pés sentir a firme terra
Mas o desejo de tê-la
Faz disso um outro sonho impossível!
Onde
Onde estou?
Às vezes tenho estes lapsos
Penso estar ao seu lado
Mas sei-me no vácuo!
...
Onde estás?
Às vezes faço esta pergunta
Penso que me vens encontrar
Mas sei-a em outro lugar!
Tempo e espaços perdidos
Vidas vividas a meio
Cá estou por estar
Não vejo razão e receio
Que no fim tanto faça
Já que é pelo fim que anseio!
O cortejo
O cortejo passou
Não se sentiu o perfume das flores
Só o morto sorria
Pois, tinha chegado seu dia!
Havia tempo que sofria
Seus amores se misturaram às dores
... As noites passaram a ser frias
Da vida não via mais cores!
O tempo se arrastava
Tudo perdera seu gosto
No espelho já não reconhecia seu rosto!
O cortejo passou
O morto sorria
E pro poeta ainda vivo, foi-se mais um dia!
Não furaram os olhos das crianças...
Mas lhes deixaram as barrigas vazias...
Qual será a pior agonia?
Acostumando
Já estou-me acostumando
A ver flores murcharem
Luzes se apagarem
Rios e mares secarem.
...
Já estou-me acostumando
A ver o cinza no céu predominar
O ar faltando
O coração a querer parar.
Já estou-me acostumando
A ver a noite não passar
O sono não chegando
E a não mais sonhar.
Já estou-me acostumando
A não mais chorar
A não ter o que falar
E a estar desamando.
Já estou-me acostumando...
Título:Face a Face com a Poesia
Autor: Amorim
Editora: Scortecci Editora
Gênero: Poesia
ISBN: 978-85-366-2321-4
Formato: 14 x 21 cm
Nº de páginas: 164 páginas
Edição: 1ª edição
Ano: 2011
Amorim J C Amorim
Todos os direitos autorais reservados ao autor.
Um comentário
Daufen, parabéns pela seleção de pinturas e poemas do Amorim. Minhas felicitações a ele, e que tenha muito sucesso, sempre.
Beijos
Márcia
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