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O ocaso de um escritor [Romulo Nétto]

O OCASO DE UM ESCRITOR

É bastante difícil a vida de um escritor de estados periféricos. Mais difícil ainda quando ele só começa a ser publicado na velhice.

Tenho onze títulos publicados. Nove foram feitos através de incentivo do Fundo de Fomento da Secretaria de Cultura de Mato Grosso, com tiragem de quinhentos exemplares cada título, dos quais cento e vinte e cinco exemplares, por título,  foram repassados ao Conselho de Cultura. Os outros dois bancados pela Carlini & Caniato Editorial, de Cuiabá.

Distribuí, aproximadamente, setenta exemplares de cada título, perfazendo o total de setecentos e setenta livros. Não tenho conhecimento de quantos livros meu Editor distribuiu a título de divulgação, mas não foram poucos.

Acredito que a Editora não tenha vendido dez exemplares de cada livro. É um fato estarrecedor, principalmente quando sou questionado nas ruas se tenho alguma coisa nova. Ao responder que sim, a pergunta bate e dói: como faço para ganhar um?

Por mais sonhasse, sempre soube que jamais seria poeta, contista ou romancista de sucesso. Afinal moro em estado periférico e a predominância nacional está dominada pelas grandes editoras do eixo Rio-São Paulo, o famoso Sul maravilha.

A velhice chegou, os títulos inéditos estão na gaveta... nada importa mais. O ocaso do escritor tomou conta de mim, inexoravelmente.

Romulo Nétto, mineiro radicado em Cuiabá há 35 anos. Graduado em Comunicação Social (Jornalismo) pela Universidade de Brasília,  veio para o Estado em 1971 para trabalhar como jornalista na Universidade Federal de Mato Grosso. Desde então nunca mais saiu, só quando se aposentou, aos 47 anos, e passou um período no Nordeste. Escritor, muito mais que jornalista, ele é daqueles sujeitos que não esquecem de onde vieram.
Todos os direitos autorais reservados ao autor.

Um comentário

Manoel Amaral disse...

É muito triste constatar que muitos escritores estão na mesma situação.
Mas não podemos desanimar, um dia, depois que estivermos a sete palmos, debaixo daquela lage fria, seremos reconhecidos.
No Brasil é assim mesmo, só depois de morto!

Abraços
Manoel Amaral
http://osvandir.blogspot.com