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Lágrimas da alma [Gil Façanha]



Lágrimas da alma

Há lágrimas! Eu as sinto! Mas não consigo vê-las. Escondo por dentro essa dor envergonhada, pelas mais incertas razões de ser. Estou atormentada por essa busca de, sei lá o que! Meu peito está repleto de explicações que não se firmam, não me convencem, me torturam, me transformam em trapo, e me deixam ao chão. Não há um motivo seguro, uma escolha confiável... Apenas medo e dúvidas a minha frente. Temo que a solidão venha morar ao meu lado, embora eu também me questione se já não estou só, se há algo que me prenda nessa multidão de um ser apenas, ou se sempre estive solitária, intimamente ligada a esse vazio que me atormenta e que mora em mim! Há pouco tempo abri caminho na floresta das intensas e confusas emoções que me rodeiam, e me (des) norteiam em direções a onde me acho, e me perco e me desvendo na frustrante revelação de que nem de mim, nada sei. Nesse mesmo percurso, descobri uma natureza densa, mata fechada, estradas desconhecidas que me olhavam com um ar desafiador, com um sorriso cínico, na única intenção de mais uma vez, jogar em minhas mãos a complexa escolha de partir nessa busca pelo novo, ou me manter segura nessa confortável vereda já tão conhecida.
Ainda não sei se o vazio que sinto, é causado pela atração em abrir uma clareira em meio a essa loucura toda, ainda que seja pra descobrir rochas sob meus pés, ou apenas por que não quero sucumbir a essa certeza que reluto em admitir, de que sou prisioneira de mim mesma. Ainda que o solo não seja fértil, e esterilize um momento meu... Ainda assim, fico aqui, a questionar  o simples valor da busca. As vezes me pergunto por que essas lágrimas queimam! Não tem gosto de mar... Não parecem com água, não parecem com nada! Alguém me disse que aquilo que chamo de lágrimas são as cicatrizes da covardia. Quem sabe!... Não sei se procede a essa teoria, só sei que choro... Com olhos secos, choro...  Eu choro a covardia, então.

Gil Façanha-Sou mais do que se pode ver e escrevo pra que as emoções não transbordem de minha alma e se percam nos canteiros da memória. Falo de dores e amores, pra que nada tenha a chance de tornar-se algum tormento. Exponho meus lamentos, grito minha saudade e tantos outros sentir. Falo bem dos sentimentos, mas nunca aprendi a falar muito bem sobre mim mesma. Mas eu não sou uma pessoa difícil de definir... Apenas não consto em nenhum dicionário.
Todos os direitos autorais reservados a autora.

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