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O Amor e o Crime [Eduardo Moreira Lustosa]

O Amor e o Crime

Afirmo categoricamente: o amor bandido é o mais puro e fiel. Explico. Todos os grandes romances da história humana são entre criminosos hediondos. Bonnie e Clyde é o exemplo óbvio, malfeitores por ofício; Tristão e Isolda que, entre outros crimes, traiam o rei, tio de Tristão, que era casado com Isolda, além dos vários assassinatos, perjúrios e trapaças que cometeram para ficarem juntos; Júlio César e Cleópatra que foram causadores de um sem número de guerras e assassinatos, preferencialmente, por envenenamentos e punhaladas, inclusive contra membros familiares; Helena de Tróia, aliás, rainha de Esparta ao contrário do que o epíteto sugere, a mais bela mulher da antiguidade, cujo romance adúltero com o jovem Páris causou uma guerra de 10 anos entre gregos e troianos, provocando inimaginável morticínio. 

Todos eles, sem exceção, foram fiéis uns aos outros e conservaram seus corações puros até o túmulo. E o leitor amigo poderá lembrar outros tantos casos análogos. “Ah! E Romeu e Julieta?”, objetará algum leitor incauto. Duas crianças inocentes que se amaram até a morte. Sim, duas crianças, porém nada inocentes. Além do péssimo hábito de Romeu de bater-se em duelo contra qualquer um que o desagradasse, o casal cometeu o mais ignóbil dos crimes: desobedecer a autoridade pátria. Os pais que os colocaram no mundo, amaram, alimentaram e os vestiram, imporam-lhes a singela objeção de não se envolverem com membros da família inimiga capital. Vejam bem, todo um mundo de opções e justamente o amor proibido tinha que seduzi-los, em que pese o quarto mandamento: “honrará pai e mãe” (ou será o quinto? Corrija-me algum prestativo teólogo de plantão). Ah! Como foi fácil para os jovenzinhos desonrarem os pais. “Delinquentes juvenis”, bradará o homem virtuoso. 

É por isso que digo e redigo, o amor bandido é um fato consumado, um ato sem volta. Somente a tumba quebrará o elo que une os amantes malfeitores. Torpes, criminosos e nefastos à sociedade, justamente porque todo e qualquer resquício do amor e da bondade de seus peitos são dedicados à pessoa amada. Culpados nos tribunais penais e inocentes no tribunal do amor.

Eduardo Moreira Lustosa-Nascido em Barra do Garças (MT), mas
morando há mais de vinte anos em Cuiabá, é advogado, articulista 
e contista. 
Site: http://www.nadademais.com.br/.

Um comentário

carlos costa disse...

Excelente e perfeita análise sobre o "amor bandido". Mesmo no Brasil, existem outros exemplos desse tipo de amor bandido, entre uma jornalista famosa e um cirurgião plástico que casaram, etc.