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A METAMORFOSE, DE FRANZ KAFKA [ Isabela Lapa e Kellen Pavão]

A METAMORFOSE, DE FRANZ KAFKA

Sinopse:


A novela publicada em 1915 é uma narrativa fantástica em que o personagem central, Gregor Samsa, ao despertar certa manha, “depois de um sono intranqüilo, achou-se em sua cama convertido em um monstruoso inseto”. Depois desse começo abrupto, a história se desenvolve em torno das mudanças de comportamento que Gregor observa em si e na sua família.

Nossas impressões:

Neste livro, escrito em 1912, Kafka traduz, por meio de metáforas, a complexidade das relações humanas.

O personagem principal, Gregor Sansa, que era o provedor da família e admirado por todos, é transformado em um inseto, o que faz com que ele passe a ser desprezado pelo chefe e pelos familiares.

Seus pais e sua irmã se recusam a cuidar do quarto em que ele vivia e não fornecem uma alimentação condizente com a atual condição em que ele se encontra. Em momento algum tentam uma forma de contato ou comunicação e passam a considerá-lo um estorvo e uma barreira para a denominada “vida normal” perante a sociedade.

Solitário, excluído e sem independência, o mundo de Gregor fica restrito ao seu quarto. Angustiado, ele luta para sair daquele estado e se questiona acerca da sua real importância para a família.

Com intensidade e de forma direta e seca, Kafka consegue expressar a angústia, a dor, o incômodo e o desespero de um homem, que e se sente desamparado em um momento tão crítico.

Nesta passagem, é possível perceber um pouco da narrativa do autor e do contexto em que o personagem foi inserido: 



“quando nesse momento alguma coisa, atirada de leve, voou bem ao seu lado e rolou diante dele. Era uma maça; a segunda passou voando logo em seguida por cima dele. Gregor ficou paralisado de susto; continuar correndo era inútil, pois o pai tinha decidido bombardeá-lo. Da fruteira em cima do bufê, ele havia enchido os bolsos de maçãs e, por enquanto, sem mirar direito, as atirava uma a uma. As pequenas maçãs vermelhas rolavam como que eletrizadas pelo chão e batiam umas nas outras. Uma maçã atirada sem força raspou as costas de Gregor, mas escorregou sem causar danos. Uma que logo se seguiu, pelo contrário, literalmente penetrou nas costas dele. Gregor quis continuar se arrastando, como se a dor, surpreendente e inacreditável, pudesse passar com a mudança de lugar; mas ele se sentia como se estivesse pregado no chão e esticou o corpo numa total confusão de todos os sentidos…”

Apesar de apresentar um cenário completamente irreal, a obra consegue explorar as sensações vivenciadas pelos cidadãos que não atendem às “exigências sociais” e por isso são rejeitados. Critica-se firmemente as imposições morais e a alienação social.

O final, por mais previsível que seja, tem todo um brilhantismo e mantém a idéia central do livro: Gregor morre após a ruptura do seu casco e a família saí para um passeio como forma de comemorar o acontecido e demonstrar o alívio que sentiu.

Por meio desta sensação de alívio, Kafka conduz o leitor a um questionamento acerca do valor do indivíduo perante a sociedade. Conclui-se que este valor está relacionado à capacidade que ele tem de produzir, de contribuir. Aqui o livro apresenta uma critica não só à sociedade capitalista como traduz a frieza e a falta de caráter humano diante um conflito.


Mesmo sendo tão antiga a obra permanece atual, uma vez que explora temas relacionados ao pessimismo, à perda da esperança no próximo e à impotência diante das exigências sociais.

Sem dúvida trata-se de um clássico da literatura do século XX e da literatura mundial. Todas as listas de "melhores livros de todos os tempos" fazem referência a ele, portanto, é leitura obrigatória.




Isabela Lapa e Kellen Pavão – Administradoras do blog Universo dos Leitores, que fala de livros e de tudo que estiver relacionado a estes pequenos pedaços de papel que nos transferem do mundo real para o universo dos sonhos, das palavras e da felicidade!


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