Entrevista com a autora Suzana Sedrez, Presidente da Academia Blumenauense de Letras (ALB)
Por: Paulo Roberto Bornhofen
Suzana Sedrez nasceu a 10/06/1956
em Itajaí, S.C. Graduada em Pedagogia (1978), Artes (2004) ambas pela FURB e
Psicologia pelo IBES/SOCIESC (2011). Mestre em Ciências Sociais Aplicados à
Educação pela UFMG (1988). Doutora em Educação pela UNICAMP / UFSM (1998). Foi
Chefe de Departamento, Coordenadora do Curso de Ciências Sociais e Coordenadora
de Cursos de Pós-Graduação. É professora aposentada do Departamento de Ciências
e Práticas Sociais da FURB desde 2000. Prestou consultoria e assessoria
pedagógica aos IBES/SOCIESC (2002-2008). Membro da Associação dos Artistas
Plásticos de Blumenau (BLUAP) de 2005 a 2011. Presidiu o Conselho do Museu de
Artes de Blumenau em 2010. Pertence à Sociedade dos Escritores de Blumenau e à
Academia de Letras Blumenauense (ALB) desde 2008 e, atualmente, exerce a
Presidência da ALB. Ocupa a cadeira III, cuja patronesse é Marita Deeke Sasse. Página na internet: Facebook de Suzana Sedrez
Paulo
Bornhofen: Vamos começar pelo
óbvio, como foi seu ingresso no mundo das letras?
Suzana Sedrez : Desde muito jovem
fui leitora assídua. Aos 10 anos, tinha carteirinha da biblioteca pública de
Joinville, onde morei uns anos. Comecei com Monteiro Lobato. Lia de tudo na
biblioteca do Colégio Santos Anjos, onde estudei. Tendo um pai leitor voráz,
tinha exemplo em casa. Como perscrutei pelo caminho da academia por formação e
para formação... tive contato com muitos pensadores importantes de várias áreas
do conhecimento. Produzi trabalhos acadêmicos e publicações e eles me
trouxeram à ALB, onde formamos um clã literário.
Paulo Bornhofen: Em quais outras
áreas você atua?
Suzana Sedrez : Atuo com
desenvolvimento pessoal e grupal. Presto consultoria/assessoria pedagógica e
psico-pedagógica. Sou professora aposentada da FURB e atuo tb em
cursos de Pós Graduação.
Paulo Bornhofen: Em seu trabalho,
você envolve as letras com a arte visual e outras formas de manifestações
culturais, como é esse processo?
Suzana Sedrez : São experimentos
que buscam dar vazão a sentimentos, guardados, recalcados, ressignificados...
que viram intertexto, intercurso dos sentidos. Poderia exemplificar com um dos
meus trabalhos que participou de duas exposições no MAB e que foi resultado da
minha participação de um dos módulos do "Pretexto" em 2007. É um
livro de artista elaborado a partir de lona de caminhão e que propõe um enigma
sobre a ética. Tenho outros dois, com computação gráfica sobre fotografia que
discutem o autoritarismo e o que supostamente dá poder.
No
primeiro, ISMOS, tem um dedo apontando para o fruidor em qualquer angulo que
este o vê e, o outro, um FALO também apontado para quem o lê. Transformar um
signo, um código em outros signos e códigos permite o intercurso dos sentidos
provocando reflexões por que o sentido da obra é dado por quem o vê. Numa
ocasião, uma artista local se recusou a participar de uma exposição onde
estaria o ISMOS... olha o que a imagem provocou na psique desta pessoa e que
recordações recalcadas suscitou... esta é a função da arte contemporânea: levar
a reflexão. Esse é o meu prazer.
Paulo Bornhofen: Qual é a leitura
que mais atrai Suzana Sedrez?
Suzana Sedrez : Gosto muito de um
bom romance. No geral, livros de história dos homens que relatam nossa saga, de
como chegamos até aqui... qual nossa finalidade... porque somos o que
somos.
Paulo Bornhofen: Suzana Sedrez
tem um planejamento literário? Você pode compartilhar um pouco dele com os
leitores?
Suzana Sedrez : Atualmente estou
publicando meus livros de formação para professores na AMAZON e muito curiosa
com o resultado. Meu sonho de consumo é escrever para crianças, jovens... tenho
coisas na gaveta que precisam ser retomadas...
Paulo Bornhofen: Vamos falar um
pouco sobre a ALB. Como surgiu a ALB e quantos escritores a integram?
Suzana Sedrez : São 23 escritores
que ocupam cadeiras de outros escritores que não estão entre nós. Daí a
Imortalidade... cada membro da ALB é como uma memória do membro que sucede.
Surgiu em 1999 para fomentar o gosto pela literatura na comunidade,
escolas... disparar afetos literários, como gosto de pensar.
Paulo Bornhofen: Como é a relação
dos escritores com a ALB?
Suzana Sedrez : É de pertencimento, de maneira geral. Entre
os convivas a relação é amistosa e afável.
Paulo
Bornhofen: A ALB está
integrada na vida cultural de Blumenau?
Suzana Sedrez : É reconhecida na comunidade. Tenta
inserir-se nos programas e projetos locais.
Paulo Bornhofen: Como foi a
experiência com o projeto chá com poesia? Ele vai se repetir?
Suzana Sedrez : Foi muito especial. Ver como os alunos
traduzem o que lêem em desenhos, músicas é uma delícia, pois fica claro que LER
faz VER. O sentido da cultura humana é metafórico... "O ser humano é a
terra que caminha" (A. Y.). Sua continuidade vai depender de novas
parcerias e até mais engajamento dos membros da ALB.
Paulo Bornhofen: Quais os últimos trabalhos da ALB?
Suzana Sedrez : Estamos tentando colocar a casa em dia.
Temos dívidas na RF para acertar. Precisamos ter bases mais sólidas para
atuar.Até aqui, fomos totalmente voluntários e solidários com a causa
literária.
Paulo Bornhofen: Quais os planos da ALB para 2013?
Suzana Sedrez : Obter verbas para profissionalizar seu
potencial de inserção social, com publicações, projetos em escolas, atividades
junto aos órgãos fomentadores de cultura local e o que a imaginação e o
trabalho coletivo permitirem. Estamos sempre a caminho de nós mesmos e a
ALB ao disparar afetos literários busca legar um caminho enriquecido com a
nossa pisada.
Nenhum comentário
Postar um comentário