Sponsor

AD BANNER

Últimas Postagens

SER COMPLEXO [Gil Façanha]


SER COMPLEXO


Que complexidade é essa que define o ser humano e que os confundem tanto, traduzida nesta dualidade de desejos e sentimentos que os alimentam em busca de algo grandioso que se chama “felicidade”?

Dizem que os olhos falam muito dos sentimentos de uma pessoa, mesmo que em igual momento, possa se negar muito com os lábios. Que necessidade é essa que nos faz pensar que um olhar seja capaz de dizer tudo? O que nos garante que ele não esconde mais do que revela? Precisamos de palavras! Ou melhor... De atos.

Muitas vezes, sentimos aquela vontade faminta, pois que nos consome, de sabermos com ênfase em cada importante frase, o que se torna real diante das revelações de um ser corajoso o suficiente para se apresentar diante da vida, sem o temor da morte...da morte do amor, da esperança, da expectativa muitas vezes exageradamente sentimental, posto que somos seres por natureza, dependentes de carinho e atenção.

Cada atitude duvidosa, cada palavra escondida que se materializa em meio a um suspiro a ponto de nos fazer crer que conseguirmos ler, interpretar as intenções que se escondem por trás daquele sufocante nó que se sente no peito, nos dá a falsa e acalentadora sensação de que finalmente sabemos o que está sendo dito, nos fazendo esquecer que nem sempre é o mesmo que está sendo sentido. Em momentos assim se percebe a complexidade de ser simples.

Sonhamos com tantas coisas, lutamos por elas, mas o cansaço às vezes parece em algum momento quase nos vencer. Precisamos mesmo começar a nos olhar por outro ângulo. Esperamos sempre algo de todos que nos rodeiam. Dizemos que não! Mentira! A complexidade humana nos leva muitas vezes por um caminho, onde só conseguimos enxergar uma única via, porém quando essa via tem mão dupla, não percebemos que aquilo que nos aflige, nos incomoda, ignoramos de certa forma, é muitas vezes, aquilo que temos em nós mesmos ou exatamente aquilo que damos aos outros e que parece tão duro quando vêm em nossa direção.

Objetividade confundida com grosseria, carinho que confundem amizades, paixões sufocadas, erros dos outros que muitas vezes parecem acertos quando são nossos.

Como posso ser, enquanto humano, portanto passivo de erros, falhas, tão exigente com aqueles a quem conquisto e que fazem de mim um ser conquistado? Como posso de forma tão intransigente, esperar que os outros sejam exatamente como acho que deveriam, se o que eles esperam de mim me incomoda tanto?

Como posso me julgar tão objetivo se tantas vezes sou capaz de esquecer que a palavra objetividade deveria vir acompanhada da palavra qualidade?... A qualidade dos sentimentos, atos, intenções, a qualidade da aceitação, e que para tal, preciso começar por mim mesmo!

Ser complexo é ser humano... É por natureza, complicar o simples. Ser humano, é buscar a compreensão dos meus defeitos, ainda que não consiga aceitar os dos outros. Gostamos das coisas claras... Ainda que não tenhamos a menor intenção de esclarecer nada.


Gil Façanha-Sou mais do que se pode ver e escrevo pra que as emoções não transbordem de minha alma e se percam nos canteiros da memória. Falo de dores e amores, pra que nada tenha a chance de tornar-se algum tormento. Exponho meus lamentos, grito minha saudade e tantos outros sentir. Falo bem dos sentimentos, mas nunca aprendi a falar muito bem sobre mim mesma. Mas eu não sou uma pessoa difícil de definir... Apenas não consto em nenhum dicionário.
Todos os direitos autorais reservados a autora.

Nenhum comentário