Canalha! [Gustavo Ranieri]
Publicado pela Bertrand Brasil, Canalha! surpreende a começar pelo nome, mas como o próprio autor explica, não se trata de uma ofensa, e sim, de um grau de evolução do homem. "O canalha. Como um elogio. Um elogio para dizer que é impossível domesticar esse homem, é impossível conter, é impossível fugir dele. (...) Estou falando do canalha que suscita aproximação, abraço, desejo".
Sem eruditismos, Carpinejar usa da sutileza para prensar o leitor contra os seus próprios fragmentos. Não é incomum nos vermos nas mais diversas histórias, tão pouco nos sentirmos o tal canalha. Seus temas transitam livres por fatos como um inocente e transformador primeiro beijo, passando pelas ânsias sexuais, despedidas arrasadoras e questionamentos sobre o amor e cotidiano.
A diversidade também ancora nas páginas de Canalha!. Em Pode me chamar de gay, Carpinejar dispara: "Pode me chamar de gay, não está me ofendendo. / Pode me chamar de gay, é um elogio. / Pode me chamar de gay; apesar de ser heterossexual, não me importo de ser confundido. (...) Pode me chamar de gay, está dizendo que sou inteligente. Está dizendo que converso com ênfase. Está dizendo que sou sensível."
As doses de blues e tristezas também se destilam em outros trechos do livro, como em "Eu me despedi, vou sempre me despedir de você a cada domingo e voltar". Ou em "Eu deixo de viver para me concentrar melhor naquilo que está fazendo. Não pretendo me distrair de pensar o que está fazendo sem mim".
Canalha! foge da corrente de livros de "magos", ou da literatura melada que tende a colocar o leitor no mesmo andar de superficialidade. Carpinejar encontra na simplicidade um mergulho maduro e moderno.
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