Vaidades
Salomão escreveu três grandes livros: Cantares, onde ele escreveu poeticamente com o coração, apaixonado pela negra Sulamita, quando ele ainda era jovem e bonito. Provérbios, onde ele começa a amadurecer e Salomão vira homem de meia idade e escreve com a razão,já não escreve mais para galantear moças e pensa que tem que deixar um legado para sua posteridade e agora ele escreve com maturidade: “melhor um homem ir a um velório do que ir a uma festa”, refletiu. Num belo dia Salomão amanhece com dores no corpo, levanta com cuidado vê-se no espelho e leva um susto, porque o que ele vê não é muito seguro, porque o que ele vê não é mais o garoto que conquistava setecentas mulheres e trezentas concubinas, ele não vê mais o homem de meia idade que está escrevendo um livro sendo aplaudido. O que restou agora foi uma carcaça e vê aí que está ficando velho. Ele olha para o espelho e ouve a voz da sua consciência que diz que há um tempo para tudo na terra. Vai para a mesma escrivaninha onde escreveu cartas para Sulamita e Provérbios e agora pega a caneta com a sua mão trêmula e começa a escrever Eclesiastes, o livro mais poderoso que escrevera na vida. Ele começa a escrever o livro dizendo assim: vaidade, vaidade, tudo é vaidade. Tudo passa, a beleza física passa, a inteligência passa, o reinado passa, a experiência passa, os homens passam, os amigos vão embora, a única coisa que fica é aquilo que é imaterial, é aquilo que a terra não pode carcomer, o que sobra é a experiência viva de um Deus que fez os céus e a terra, que explicou a ele que a vida era assim. O tempo chegou, foi embora o vigor, foi embora a vida e o que fica nesse corpo são experiências traumáticas, de perseguições, de traições, de angústias, de casos mal resolvidos, de noites mal dormidas. Salomão chorava ao escrever esse livro. E um dos versículos mais lindos deste livro: “Lembra-te do teu criador nos dias da tua mocidade antes que venha os maus dias”. Eclesiastes 12:1.
Baseada nessa palavra eu comecei a pensar sobre a minha vida, naquilo que valorizo demasiadamente sem necessidade e outras coisas que realmente merecem mais a minha dedicação. Antes quando eu escrevia pensava que somente isso bastaria para sentir-me realizada. Quando eu teimava em comprar compulsivamente objetos por puro prazer, roupas, sapatos, bolsas, joias, bijuterias, mesmo sabendo que os usaria uma única vez e depois ficariam guardados nos armários e nas gavetas, eu não me dava conta que isso era não passava de vaidade. Até mesmo manter um site de relacionamento cheio de contatos que muitos eu nem sabia quem era, pelo simples prazer de colecionar pessoas! O que realmente importava e importa são as coisas que não são deste mundo. Deus é o único que importa, buscar a Deus em primeiro lugar é a única coisa que importa. Claro que não estou querendo dizer aqui que os amigos e todas outras necessidades que temos como ser humano não são importantes, não! Estou apenas expondo que a vaidade e o que é demasiadamente caprichoso não nos leva a parte alguma.
Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça. Mateus 6:33.
Marisete Zanon. Nascida em São Paulo, criada em Porto Alegre e atualmente residindo em Foz do Iguaçu. Artista plástica e escritora. Pensa que um bloco de papel e um lápis bastam para transformar o mundo. Tanto o poeta como o artista precisam estar deslumbrados com alguma coisa para criar. Muitas pessoas querem renascer, recomeçar, mas as vezes Marisete prefere estar nas nuvens, ou balançando em algum galho de árvore.
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Um comentário
Depois que vi que tinha uns errinhos, mas tudo bem, a mensagem que me importa. Obrigada mais uma vez querido Daufen por tratar a arte e a literatura com todo esse carinho. Beijos!
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