Marlene de Meira Passos [Poeta e Contista Brasileira]
Marlene Passos
Numa sintonia efêmera fechei os olhos e senti-me livre,
leve, santa, fada e anjo...
No sentido metafórico decifrei enigmas do amor em tupi-guarani
ouvindo uma voz vinda do coração:
"I nhiã irumó aé ibaca"
Seu coração é meu céu
"I iacirendi nde eça, irumó aé nheengar"
O luar de seus olhos é meu cantar
"Iandé jurupiti irumó iepé itaberabaetê"
Nosso beijo é um diamante
"Emimetara upiter é embí"
Desejo beijar seus lábios
...E numa magia translúcida entreguei-me aos braços da fantasia e conheci
a felicidade...
A lua era chamada de Quilla pelos incas.
Era retratada como a musa dos poetas,
Esperança dos amantes, sendo coroada em suas fases.
Quilla pousava nua no azulado da noite, mostrando-se como
Testemunha da suprema realeza.
Como útero do universo fez-se mãe dos pirilampos,
Fada dos corações...
Sentia-se abençoada pelos olhares apaixonados,
Fora tatuada no reflexo dos rios,
Mostrando sua silhueta bem clara.
Quilla, lua, inspiração dos indígenas,
Inspiração da imortalidade.
A flora e a fauna fazem a reverência ao por do sol
Onde a natureza descansa na paz dos deuses.
Quilla, oração dos amores...
Minha alma pertence a lua, onde adormece pura,
E com lábios desnudos
Espera pelo beijo do sol
E carinhos eternos do céu...
A alma reservada é como se fosse uma mina de diamantes cujo mapa é muito difícil encontrar.
Precisa ter espírito de garimpeiro para aventurar nessa busca sem temer os perigos.
A alma reservada é uma caixinha de surpresa podendo conter em seu interior uma jóia rara ou um anjo em formato humano.
A alma reservada guarda um tesouro sagrado nas profundezas do coração que somente a magia pode encontrar.
A alma reservada reside num mundo paradisíaco, silencioso, sabe refletir e definir situações.
Sabe conquistar através dos atos brandos, distintos e serenos.
A alma reservada é uma relíquia, uma verdadeira jóia rara, puro anjo em lapidação.
Em seu mundo interior existe uma beleza fantástica, um portal restrito ao coração.
A alma humana possui particularidades, emoções que somente Deus conhece...
já te conheci em outro tempo,
sentimos o cheiro das mesmas flores.
Venho buscando sua essência
há muitos séculos...
Sua alma se veste com o brilho da lua,
que sustenta sua imortalidade nua.
Esse amor é um doce mistério
de milênios.
Você já fez parte de tantos sonhos,
tantas inspirações...
mas sempre era sua imagem, um eterno querer,
uma eterna sedução,
esse sentido que eu procurava...
Surpresa na Excursão
Marlene Passos
Stephanie aproveita as férias em um iate, uma excursão entre amigos no mar azul do Rio de Janeiro. O iate pára e as garotas mergulham. Stephanie se afasta, pois vê algo brilhar na água. Ao se aproximar, enxerga uma garrafa com um bilhete, curiosa, volta ao aconchego do convés e lê: "Siga sua intuição, vá a ilha de príncipe, no golfo da Guiné, na Africa, lá encontrará tudo que precisa.
Essa ilha tropical é mística e encantadora com suas luxuosas florestas pluviais, cercadas por águas azuis e praias contornadas de palmeiras. As cachoeiras são soberanas, com exuberante beleza. Venha, eu a espero".
Stephanie fica surpresa ao ler tal mensagem. A amiga diz: _ Nossa, que bilhete estranho!!!!
_ Também acho, respondeu Stephanie, - mas como as férias estão no começo... acho que vou esticar meu passeio até a África.
_Stephanie, você só pode estar brincando!!!!
_Júlia, eu não estou brincando, ao ler esse bilhete, parece que acendeu uma luz diferente no coração! É estranho... a própria atmosfera ficou mais atraente...
Uma semana depois, Stephanie estava no golfo da Guiné, admirada ao ver tanta beleza. Chega a Príncipe e logo conhece um guia turístico muito simpático, se tornam amigos, conversam, trocam idéias e marcam um passeio para o dia seguinte.
O sol começa a despertar e ela, lindamente pronta, sai para aproveitar as férias.O amigo Alexandre a espera na porta do hotel.
Outras pessoas também acompanham o guia. Stephanie fica sem palavra quando chegam a um local com uma exótica criação de pavões. Conforme a intensidade dos raios solares, as plumas mudavam de cor, do cobre, bronze e ouro, até o verde-azul e violeta.
_ Isso é deslumbrante!!!!
Alexandre se aproxima e pergunta:
_ E então, Stephanie, está gostando?
_ Estou em estado de êxtase, é magnífico respirar o ar de Príncipe e ver de perto o pavão, o príncipe das aves!!!!! Sempre achei o pavão uma ave meio mística por possuir tanta beleza, vive contornado por uma cortina colorida, sempre atuando seu brilho cintilante, as plumas reluzem parecendo efeitos especiais de uma divindade.
_ O pavão tem mesmo consciência de sua beleza.
_ Por que?
_ Os pavões fazem exibições mais para as pessoas do que para as pavoas. No ocidente sua beleza é mais para exibição, porém, no oriente sua beleza tem um sentido maior.
_ Como assim?
_Seu país de origem é a Índia, os aldeões o acham imunes ao veneno da naja, falam até que o pavão se tornou símbolo de divindade e imortalidade.
_ É incrível... é realmente uma jóia rara das aves!!!!
De repente se aproxima um jovem moreno que chama a atenção do olhar de Stephanie. Ela pergunta a Alexandre: Quem é?
_ Ele é o proprietário desse lindo lugar, o nome dele é Christopher, é um apaixonado pela criação de pavões. Vou apresentá_la a ele.
_Christopher, essa turista veio do Brasil seu nome é Stephanie.
_ Muito prazer em conhecê-la.
_ O prazer é meu... estou encantada, nunca pensei que um mistério bilhete me trouxesse ao paraíso!!!!
_ Como?
Alexandre explica o que a amiga havia lhe contado:
_É que... Stephanie estava mergulhando em seu país de origem e encontrou uma garrafa com um bilhete dizendo que aqui teria tudo!
Christopher sorri levemente e com brilho nos olhos diz: _ É... parece um conto de fadas!!!! Olhando assim de encontro aos seus olhos, parece que essa passagem estava escrita nas linhas do tempo... é algo que se mostra único, que não se explica, somente identifica!!! _... Há pouco tempo eu estava em uma excursão pelo Atlântico e, de repente, tive a idéia de escrever um bilhete e colocar dentro de uma garrafa, foi então que comecei a viver essa história.
_ Nossa!!! Então foi você?!
_ Exatamente...
Stephanie fica sem graça. Alexandre, percebendo o clima, convida Christopher para um passeio no dia seguinte, levaria a excursão para conhecer uma parte da floresta mais próxima. Ele aceita o convite.
Depois de conhecer outros ângulos do lindo lugar, o pessoal se despede.
Vem a noite e ela não consegue esquecer de Christopher. No outro dia, caminhando entre galhos da belíssima floresta, Stephanie e todos se divertem.
De repente ela cai e fica cara a cara com uma serpente. Assustada, não se mexe.
Rapidamente, Christopher procura uma pluma de pavão em sua mochila.
Encontrando-a, começa mostrá-la para a serpente. Mesmo em posição de ataque a áspide afasta-se.
Stephanie se atira nos braços de Cristhopher. Ele a abraça e seguem o pessoal de mãos dadas.
Avistando uma exuberante cachoeira, aproximam-se, deixam as mochilas no chão, tiram as botas e mergulham na água transparente.
_ Realmente aqui é o paraíso, a história já estava escrita e, nesse instante, é só deixar acontecer!!!
_ Aqui me sinto completa, parece até que estou perto do céu em meio a esse azul todo... o que irá acontecer de agora em diante?
_ O certo é deixar o coração nos guiar.
Em meio a toda realeza, se rendem ao amor, num extraordinário mergulho.
Todos aplaudem e Alexandre diz: _ Só mesmo o amor pode oferecer esse cenário!
O casal, apaixonado se beijam embaixo da água, permitindo à própria transparência mostrar mais um momento inebriante.
Marlene de Meira Passos
Todos os direitos autorais reservados a autora.
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