Na feira do livro de Frankfurt, o Brasil
sem exotismos
Maria Fernanda Rodrigues no Clic
Folha
No pavilhão de 2.500 m² que o Brasil terá
na Feira do Livro de Frankfurt, a maior do mundo, de 9 a 13 de outubro, nada de
passistas ou de fotos de onças pintadas e vitórias-régias.
“Pretendemos
mostrar um Brasil onde a produção contemporânea é muito contemporânea, mas que
não nega as raízes tradicionais, só foge do exótico”, disse Antonio Martinelli,
que ao lado de Manuel da Costa Pinto, de Daniela Thomas e de Felipe Tassara,
idealizou o espaço onde o País fará sua apresentação cultural.
Isso tudo
porque o Brasil será o convidado de honra da feira alemã deste ano, convite
aceito pelo governo brasileiro há dois anos e que custará R$ 18 milhões ao
País. A Câmara Brasileira teve licença para captar cerca de R$ 13 milhões, mas
não conseguiu patrocínio.
Jürgen Boos,
presidente da Feira de Frankfurt; Renato Lessa, presidente da Fundação
Biblioteca Nacional; e Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro
aproveitaram a movimentação em Paraty para anunciar o que pretendem fazer na
Alemanha.
Ao lado deles,
Costa Pinto e Martinelli. Embora o pavilhão esteja sendo preparado para
funcionar como uma grande vitrine da produção artística brasileira – passam
pela feira, todos os anos, cerca de 300 mil profissionais do mercado editorial
-, a programação não será concentrada nele e vai se espalhar por outros espaços
da feira, como um restaurante, o estande coletivo do Brasil e das editoras que
vão viajar de forma independente e também por museus, centros culturais e
bibliotecas de Frankfurt e de outras cidades.
O pavilhão foi
idealizado como uma grande praça pública. De um lado, um auditório onde os 70
escritores escalados – entre os quais Luiz Ruffato e Ana Maria Machado,
escolhidos para o discurso de abertura, e ainda Adélia Prado, Nuno Ramos,
Daniel Galera e Ziraldo, entre outros – se revezam em conversas com o público.
No meio, uma
mesa no formato da marquise do Ibirapuera. Sobre ela, edições estrangeiras de
livros brasileiros. Ao redor, uma instalação de Heleno Bernardi – colchões no
formato de corpos, onde o visitante pode relaxar.
Haverá também
seis bicicletas. Ao pedalar, a projeção de filmes sobre formas de circulação do
livro – de bibliotecas ambulantes a projetos mais quixotescos – é acionada.
Ali por perto,
um redário e, ao lado das redes, totens com música popular brasileira.
Encerrando a
exposição – ou iniciando, não há ordem -, um canto com uma instalação
multimídia criada pelos videoartistas Gisela Mota e Leandro Lima Serão seis
grandes telas que exibirão filmes com imagens que remontam ao universo do
imaginário ficcional e poético brasileiro e que fazem referência aos temas:
metrópole, subúrbio, campo, floresta, mar e sertão.
Textos literários vão interagir com as imagens sem
estarem dentro delas.
Mas a Feira de
Frankfurt é uma feira de negócios, e a ideia principal é promover o acesso de
editores estrangeiros à literatura feita aqui.
Numa área de 700 m² , cerca de 100
editores terão espaço para mostrar seus livros e receber agentes e editores de
outros países. A novidade fica por conta da instalação Cozinhando com Palavras,
uma cozinha-auditório.
De outubro de 2012 a outubro de 2013,
cerca de 270 livros brasileiros serão publicados em outras línguas graças ao
programa de apoio à tradução, da Fundação Biblioteca Nacional.
“Este é apenas
o ponto de partida. Queremos criar uma rede entre editores brasileiros e
estrangeiros, e entre os intelectuais brasileiros e alemães. Deve ser um
programa sustentável”, disse Jürgen Boos.
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