Conversando sobre Arte
entrevistado Guilherme Ginane
Quem é Guilherme Ginane?
Nasci em 1980 no Méier,
zona norte do Rio de Janeiro. Teria uma infância e adolescência de um menino
comum, não fosse uma crise de depressão que eu tive por volta dos onze anos.
Esse estado me fez conviver com questões diferentes do normal entre crianças e
adolescentes daquela idade. Durante minha educação não tive nenhum contato
formal com qualquer tipo de disciplina artística.
Somente quando entrei na
faculdade de Comunicação Social tive este contato. Disciplinas como filosofia e
história da arte me encantavam. Comecei a fazer constantes visitas ao Museu do
Inconsciente, no Engenho de Dentro, que ficava próximo à minha casa. Me formei
na universidade com especialização em Propaganda, e fui trabalhar em agências
como Diretor de Arte.
Como a Arte entrou em sua
vida?
Essa pergunta me lembra um
vídeo que eu assisti no Youtube, onde o Rubem Fonseca, durante uma palestra em
Portugal, fala: “A maneira de criar um poeta é quando ele for criança o deixar
mais, e mais, e mais, e mais neurótico”. Nesse sentido, acredito que foi assim
que a arte entrou na minha vida. rs.
Como foi sua formação
artística?
Minha formação artística
se deu de uma maneira bem peculiar. A opção pela pintura veio através de um
grande interesse pela literatura. Por um período tive uma imersão nos clássicos
literários. Machado era o meu preferido. Esse interesse, unido a inteligência
visual que eu vinha adquirindo no dia a dia como diretor de arte em agências de
propaganda, me fez procurar um curso de pintura no Parque Laje. A partir daí as
coisas foram se desenvolvendo. Mas foi quando eu me mudei pra São Paulo, e tive
contato com o curso do artista Paulo Pasta que meu trabalho de pintura se
solidificou e se profissionalizou.
Como você descreve sua
obra?
Acredito que essa resposta
seja difícil até para artistas com muito tempo de estrada. Mas se há uma coisa
que eu posso afirmar é: uma espécie de autonomia que eu tento dar a experiência
da pintura.
Que meios utiliza para
construí-la?
Os métodos tradicionais da
pintura. O que vou pintar está intimamente ligado a como vou pintar. Por isso
me sinto um artista de ateliê, onde a experiência da pintura é fundamental.
Tento não trazer, pelo menos de uma maneira consciente, problemas intelectuais
para esse espaço.
Que artistas influenciam
seu pensamento?
Cézanne, Picasso e Matisse
estão sempre ao meu lado. Mas eu tenho fases. Por exemplo, no momento o Manet é
quem mais vejo. Mas Goeldi, Iberê, Sean Scully, Paulo Pasta, são pintores dos
quais eu sofro grandes influências. Outra coisa que me influência muito é a
literatura. Tenho quase um ritual, eu só começo a pintar depois de ter lido
algumas páginas de poemas, atualmente Drummond.
Além do estudo de arte,
que outras influências entram em sua obra?
Caminhar na praia de
Copacabana, onde eu moro. Inclusive, ultimamente, vem da praia muitos dos
assuntos que me estão sendo sugeridos.
É possível viver de Arte
no Brasil?
Seja pro bem ou pro mal é
uma realidade o crescimento do mercado. Acredito que, se isso tem um lado
positivo, é o fato de novos artistas já ganharem seu dinheiro e conseguirem
pagar suas contas. Mas em contraponto, também acho saudável o artista tentar
desvincular ao máximo sua poética de uma relação direta com o mercado, o que é
muito difícil, mas é o que eu tento fazer.
O que é necessário para um
artista ser representado por uma galeria?
Trabalhar muito.
Como você estuda, como se
atualiza.
A internet é um lugar onde
estou sempre pesquisando e me atualizando. Também gosto de frequentar livrarias
atrás de livros de arte e filosofia. Além disso, quando tem algum artista que
vai me gerando mais interesse eu escrevo um ensaio crítico sobre ele. É uma
maneira de me aprofundar mais sobre sua obra.
O Brasil já produz
material de boa de qualidade para pintura?
Infelizmente não.
Você foi o único artista
do Rio selecionado para o SARP-2013, o que espera?
Quando vi a lista dos
selecionados também reparei esse detalhe. Mas essa questão regional não tem
muita relevância pra mim, afinal ainda hoje mantenho contato com o curso do Paulo
Pasta, que é em São Paulo. Espero que o SARP-2013 seja uma oportunidade para o
público ter, de forma expressiva, um panorama do que os artistas de diferentes
características estão produzindo.
Quais são seus planos
futuros?
Continuar trabalhando sete
dias por semana.
Óleo sobre tela, 2013. 170x100 cm.
Óleo sobre tela, 2013. 40x60 cm.
Óleo sobre tela, 2013. 100x190 cm.
Óleo sobre tela, 2013. 40x50 cm.
Óleo sobre tela, 2013. 100x170 cm.
Pastel, 2012. 21x28 cm.
Óleo sobre tela, 2012.120x90 cm.
Óleo sobre tela, 2012. 30x40 cm.
Óleo sobre tela, 2011. 40x60 cm.
Óleo sobre tela. 30x40 cm.
Marcio Fonseca, 1943. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Responsável pelos blogs art&arte marciofo,ocacadordeobjetos.blogspot.com e imagemsemanal juntamente com Brenda. Professor Adjunto Fac Med UFRJ e médico inativo; Estudou pintura e história da Arte com Katie van Sherpenberg e Arte contemporânea com Nelson Leirner.
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
Nenhum comentário
Postar um comentário