Tiragens iniciais gigantescas de livros indicam tendências de mercado e estratégia de vendas [Marcelo Gonzatto]
Foto: Fernando Gomes /
Agencia RBS
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Mais do que best-sellers, buscam-se agora os títulos capazes de romper a barreira de 1 milhão de exemplares vendidos
O lançamento de 1889, livro de Laurentino Gomes que sai este mês com tiragem inicial gigantesca para um volume sobre história do Brasil, ilustra o sistema de grandes apostas que move o mercado editorial brasileiro. Mais do que best-sellers, buscam-se agora os chamados mega-sellers – títulos capazes de romper a barreira de 1 milhão de exemplares vendidos.
Laurentino se junta no olimpo comercial a outros brasileiros como Padre Marcelo – que fez milagre ao vender mais de 8 milhões de exemplares de Ágape e largar com 500 mil de Kairós –, e Cristiane Cardoso, filha do bispo Edir Macedo, também ele integrante dessa elite com a biografia Nada a Perder. A nova geração nacional de mega-sellers, muitos deles ligados à fé, divide espaço com estrangeiros de apelo mundano como E.L.James (da série 50 Tons) e Dan Brown (de Inferno). Esse grupo sustenta o crescimento do filão literário a que pertence. Como mostra a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, o segmento geral vendeu 4,2% mais livros em 2012 do que em 2011, enquanto o didático caiu 10%, e o religioso,18% (setor que não inclui fenômenos como Padre Marcelo por escolha de classificação das editoras).
– Os megalançamentos, como esse do Laurentino, é que estão puxando o crescimento – analisa Karine.
O consultor editorial Carlo Carrenho afirma que as tiragens iniciais gigantescas não refletem apenas uma expectativa, mas também uma estratégia de mercado. É como uma profecia que se autocumpre: as livrarias interpretam a impressão volumosa como garantia de que a editora vai investir pesado para divulgar e distribuir o livro. Assim, sentem-se seguras para comprar mais exemplares e vendem mais para o público.
– A primeira coisa que as livrarias perguntam é qual a tiragem inicial. Usam a informação para avaliar o tamanho da aposta naquele título – explica Carrenho, destacando que o estratagema não elimina o risco:
– O mercado de livros se parece realmente com um jogo. Nunca dá para garantir que vai vender bem.
As apostas, porém, estão em alta no Brasil.
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