Monologo: O escritor! – Rubem Fonseca! [Carlos M. Monteiro]
Carlos Monteiro
Sinopse:
Rubem Fonseca
(Mantém-se neutro, o silêncio impera, focado)
[Rubem Fonseca, quebra a rotina e o silêncio com caretas]
Rubem Fonseca
(Usando toda sua expressividade facial, deixando expor um brilho nos seus olhos)
[Rubem Fonseca cansado com a monotonia, levanta-se, tem a ideia de passar seu texto, aliás, ensaiar seu discurso]
(Rubem Fonseca, levanta bruscamente, passando o seu texto)
Rubem Fonseca
— Que demora! (mostra impaciência)
[anda em círculos e dum lado para outro, até que para e começa a monologar]
— Já sei, vou passar meu texto, melhor, ver os seus pontos cruciais. [pega do bolso da blusa um caderno com uma caneta]
— O tema da mesa redonda é… ” Escrever é uma forma subversiva de esconder-se em si mesmo” (Estranhamento)
[Esboça uma alegria na face]
(Palavras contagiantes)
— Em plena ditadura e opressão, eu venho participar de algo tão mensurável.
(Entonação de voz firme)
— Muito bem, muito bem! (Aponta para cima), estão – me ouvindo aí, em cima?
(Abaixa os braços, folheia o caderno, e reinicia a fala)
— Posso começar com esta frase! (Olha para o horizonte) [Simula um microfone nas mãos] — Basta! Basta! Fazer o leitor ver, é criar uma simbiose interna, para que assim, ele possa entender… Isso.
[guarda o caderno] (Discurso brando)
— Para ser um poeta, devemos transformar nossas crianças em neuróticas.
[Vai para atrás do sofá]
[Música antecede a cena, Good Bye Lenin - Yann Tiersen]
[Rubem Fonseca atrás do sofá, inicia a cena com o aparecimento da mão, e usando a batida da música seu corpo e fala se expressam minuciosamente, até completar a cena de joelhos e cabeça baixa]
(Falas com várias entonações, misturando o baixo e o alto, o alegre e o triste, o louco e o são)
Rubem Fonseca
— (Voz grossa) Feliz Ano Novo! (Voz Sofrida) — Escrever é uma forma de esquizofrenia! Escrever é uma forma de loucura!
[Olhando para frente]
(Voz firme)
— Basta! Basta![olhares perdidos]
— Todo escritor aspira santidade, e todo santo é louco! [olhares abertos]
(Voz normal)
— Para ser escritor, precisa ser doido, ser alfabetizado, ser motivado e claro, muito imaginativo.
[da dois passos para um lado] (Voz sofrida)
— Nos passeios noturnos, eu encontro o meu ser perdido. Nas agruras deste jovem, não existe o dia dos namorados, não existe o outro, subi 74 degraus para fazer o pedido.
[interrompe com o silêncio brusco, reinicia em seguida]
(Voz de lamentos)
— Oh, virgem louca que a música te celebra. Oh, Brasil que não se encontra!
[A música vai baixando e Rubem se ajoelhando]
(A voz diminui)
— Pois, tudo brota de um coração solitário.
Mas esta estadia seria apenas um presságio do que estava por vir... O imaginário do meu coração ganhava tanta força, que não tive mais controle. Fui vencido e da derrota, regozijei das entranhas do meu pensamento, entrei em contato com o belo e o inútil. Eu gritava de uma forma diferente, tudo que nascia de mim, era abominavelmente esplêndido. Finalmente, eu reconheci as palavras. Hoje, admito! Escrevo para não morrer.
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