Poesia, tempo e amor
Rubem Alves conta que
realizou o casamento do seu filho de forma diferente, foi ele mesmo quem o
casou, realizou a cerimônia, mas no lugar de falar de Deus, de religião, de
moral, Rubem falou de poesia, Deus é poesia, o maior poeta de todos, Deus
recita poesia pelo universo, canta na imensidão, declama no infinito.
O casamento foi realizado
com textos de Carlos Drummond, Vinícius de Morais, Fernando Pessoa, Adélia
Prado, e completa, “quando a coisa é bonita a gente acredita fácil”, a frase é
Rubem Alves, está no livro Sobre o
tempo e a eternidade. Não existe nada mais belo do que poesia, é alma, vem
do coração, e claro, vem do amor, e a gente acredita.
Fiquei maravilhado, Deus é
amor, disse João em seu evangelho, Deus é poesia, posso concluir assim.
Rubem Alves trocou a
“Marcha Nupcial” pela “Valsinha”, Chico Buarque, eu entrarei na igreja ao som
de Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, quero casar ao som dos
versos de Cazuza, Renato Russo, Chico Buarque, quero um amor de um tostão que
me valha um milhão.
O amor não guarda
tradições, o amor está sempre naquilo que amamos e gostamos, não naquilo que
copiamos dos outros para nos sentimos seguros. Quero casar, e irei casar agora
por amor, por gostar, logo, deverá ser um momento para amar, para eternizar e lembrar
e não para manter a história, a tradição, repetir o passado, seguir o mesmo
roteiro, quero criar o meu próprio momento, que seja descalço, que seja
sentado, que seja bom, gostoso, doce, simples e puro, sem nada alheio.
Vou trocar o branco pelo
rosa, a igreja pela rua, quero casar na praça, no mar, em casa, em qualquer
lugar, sob uma árvore, qualquer lugar, desde que haja poesia, amor, literatura,
eternidade, vontade, desejo, paixão, desde que haja vida, saudade e lembrança,
desde que haja o que nos torna vivos, nos faz sentir vivos.
Foi ali que entendi, no
livro de Rubem Alves, o que é eternidade, não é o tempo, mas o momento no qual
vivemos, este se torna eterno, o primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira
namorada, o grande amor, o primeiro vestibular, o que fazemos para nos
eternizar para o todo o sempre, a arte de viver, a arte a vida, o que irá nos
acompanhar para o resto da nossa existência, como marca no que nos identifica e
nos faz sentir algo por dentro, nostalgia.
Quero me casar mas agora
com poesia, com música, com paixão, quero eternizar o tempo, minha noiva irá me
esperar na igreja, vou me atrasar, vou entrar distribuindo rosas, flores, pois
é o meu momento, a minha paixão, o meu amor, o meu sonho, todos irão ganhar
presentes, pois serei eu a agradecer, por recebê-los no meu momento, que será
eterno, o tempo do amor se realizando, durando pra sempre.
Como disse Rubem Alves,
quando a coisa é bonita a gente acredita fácil.
Jornalista e Professor - Blog - http://www.ronaldo-magella.blogspot.com/
Ronaldo Magella é professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista, cronista, tem 33 anos, é do signo de peixes, não gosta de futebol, prefere livros, é formado em Letras e Jornalismo pela UEPB, tem especialização em linguística, e agora é acadêmico de Pedagogia pela UFPB, adora MPB, Rock, café, romance, paixão e café, não nessa ordem, trabalha hoje com internet, rádio, assessoria de imprensa, leciona, sonha e vive, mas sonha do que vive, afinal, enfim.
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