Estejas longe de mim
Há uma hora escura em que
perdemos as rédeas de nós mesmos. Sei que essa hora chegará para mim e para
você e para todos que temos à nossa volta. Essa hora negra nos tira do sério.
Afasta-nos de nós mesmos. Afugenta nossa lucidez e nos deixa à beira de nossos
próprios abismos, sem eira para segurar. É nessa hora que rogo que estejas
longe de mim.
Quando as palavras me
faltarem, sei que estarei perdida em silêncios, não saberei nada do léxico,
direi frases que se distanciam do menor nexo. Nesse momento gritarei calada e
ninguém ouvirá meu grito. Minha prece não será repetida e nem tão pouco a minha
oração será atendida. Terei me esquecido de como se abre a boca. É nessa hora
que rogo que estejas longe de mim.
Nos dias em que me
castigar com a tua presença silenciosa, recolherei as minhas gotas de brilhante
nascidas de meus lagos rasos de tristeza, choradas das profundezas de minhas
entranhas, trazendo à tona a minha dor. Sentirei na carne a navalha afiada de
teu descaso e verterei sal em honra às palavras doces que já ouvi de ti. É
nessa hora que rogo que estejas longe de mim.
Será naquele dia em que
puderes me estender a mão e nada fizer que sentirei a punhalada do teu
não-querer em face a todo o meu bem-querer devotado e febril. Lançarei teu nome
em um livro de esquecimento e lamentarei o dia de folia em que meus olhos
juraram fidelidade e lealdade aos teus, assumindo toda a minha ingenuidade. É
nessa hora que rogo que estejas longe de mim.
Chegando o dia em que eu
precise levantar um brinde à tua felicidade em detrimento da minha, erguerei
meu cálice de vinho tinto, do qual farei tinta rubra para escrever-te versos.
Desejarei que me leias, mas temerei as minhas entrelinhas. Mostrarei a ti a
nobreza de minh’alma que mesmo em frangalhos, louva por sua existência. É nessa
hora que rogo que estejas longe de mim.
Dy Eiterer.
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. Edylane é Edylane desde 20 de
novembro de 1984. Não ia ter esse nome, mas sua mãe, na última hora,
escreveu desse jeito, com "y", e disse que assim seria. Foi feito. Essa
mocinha que ama História, música e poesia hoje tem um príncipe só seu,
seu filho Heitor. Ela canta o dia todo, gosta de dançar - dança do
ventre - e escreve pra aliviar a alma. Ama a vida e não gosta de nada
morno, porque a vida deve ser intensa. Site:Dy Vagando
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