Usar bem as redes sociais
pode ajudar a conquistar leitores e incentivar a leitura
Danilo Venticinque, na revista Época
A edição desta semana de
Época traz uma longa reportagem sobre como usar as redes sociais para se dar
bem no trabalho. Profissionais de todas as áreas compartilharam suas dicas. Em
meio a professores, programadores e advogados, fãs de literaturas devem ter
reparado num rosto conhecido: o escritor carioca Raphael Montes, de 23 anos.
Quem é Raphael Montes?
Quando ele lançou seu primeiro romance, em 2010, poucos sabiam a resposta para
essa pergunta. Hoje, milhares de leitores conhecem seus romances policiais.
Suas editoras (Benvirá, no primeiro livro, e Companhia das Letras, no segundo)
ajudaram na divulgação de seus livros, mas a maior parte do trabalho foi feito
pelo próprio autor. Mais de 6 mil pessoas acompanham seu perfil no Facebook.
Ele usa a rede para conversar com leitores, divulgar seus livros e compartilhar
alguns momentos do seu dia a dia. "Esse contato direto é importante, pois
cria a sensação de que todos estão juntos no projeto", disse ele a Época.
Já escrevi aqui outras
vezes sobre a importância da participação dos escritores na divulgação de seus
livros. Há quem torça o nariz. Bobagem. A figura do autor recluso está cada vez
mais fora de moda. No exterior, isso já é uma realidade. No Brasil, aos poucos,
os escritores começam a descobrir as vantagens de interagir com seus leitores.
O caminho trilhado por
Raphael Montes já era conhecido por autores de outros gêneros. Na fantasia,
toda uma geração encabeçada por Eduardo Spohr, Raphael Draccon e Carolina
Munhóz ganhou força graças ao uso da internet como plataforma de divulgação.
Autoras infanto-juvenis, como Thalita Rebouças e Paula Pimenta, também sabem
aproveitar as redes sociais para manter o contato com seus fãs e incentivar a
leitura. Um dos primeiros a descobrir o poder da internet foi Paulo Coelho, que
atinge milhões de leitores no Twitter e no Facebook com seus textos. O contato
direto com o público é tão eficiente que ele decidiu reduzir o número de
entrevistas concedidas à imprensa, preferindo usar seus perfis para divulgar
suas opiniões.
O esforço de divulgação,
evidentemente, não valeria nada se os livros fossem ruins. Não é o caso de
Raphael Montes. Suicidas, seu primeiro livro, é um romance policial clássico,
sangrento, do tipo que faz o leitor perder o sono. Foi finalista do prêmio
Benvirá e do prêmio São Paulo de Literatura. Seu novo romance, Dias perfeitos,
é uma perturbadora mistura de suspense e história de amor. Deve repetir o
sucesso do primeiro. Mesmo com o sucesso e os agrados da crítica, o autor
mantém a estratégia que adotou quando era iniciante: responder a todas as
mensagens de leitores, uma a uma, e nunca deixar de reservar um tempo para
divulgar seu trabalho na internet. É uma boa lição para quem acredita que o
trabalho do autor deveria se resumir a escrever, e que a divulgação deveria
ficar a cargo das editoras. O contato direto com o autor é um grande atrativo,
sobretudo para adolescentes que cresceram usando as redes sociais. Quanto mais
autores se dedicarem a divulgar seus livros, mais jovens se interessarão pela
literatura. Incentivar a leitura não é só um dever das escolas. Os escritores
também deveriam ajudar.
Vez ou outra, alguns
escritores iniciantes me mandam mensagens pedindo dicas para conquistar mais
leitores. Minha resposta costuma ser a sempre a mesma: siga o Raphael Montes e
tente imitar o que ele faz. O próprio Raphael tornou isso mais fácil. Seu novo
projeto é uma série de vídeos com dicas para escritores de primeira viagem.
Torço para que dê certo. As livrarias - e a timeline - precisam de mais autores
como ele.
Danilo
Venticinque -Editor de livros de ÉPOCA
Conta com a
revolução dos e-books para economizar espaço na estante e colocar as leituras
em dia. Escreve às terças-feiras sobre os poucos lançamentos que consegue ler,
entre os muitos que compra por impulso
Twitter:
@daniloxxv
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