“O mundo é um lugar
perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa
daqueles que observam e deixam o mal acontecer.” Albert Einstein
Não
se impede a morte desprezando o direito a vida!
Por Isi Golfetto
Diante de tantas vidas
brutalmente e diariamente sendo retiradas de nosso meio, das mais variadas
formas e motivações, chego a conclusão de que a vida humana e o direito a vida são pouco ou nada valorizados em
nosso país.
Não sei se você tem a mesma
impressão que eu, mas os noticiários e as manchetes que abordam a violência diária contra a vida humana
estão tão banalizados que parecem não causar mais tanta revolta ou indignação a
uma parte dos cidadãos. Se comparados a assuntos como liberdade ou igualdade
entre as pessoas, liberdade de expressão, violação ao meio ambiente ou os
direitos dos animais, sem desmerecer a importância de cada um, causam mais
reações e ações. Nota-se uma inversão de valores onde proteger e valorizar mais o ter tem relevância ao ser - a vida humana.
A consequência desse
descaso com a vida humana e ter o direito a vida são a causa de milhões de brasileiros serem mortos
diante de nossos olhos diariamente. Muitos ficam sem saber como agir de forma
vigorosa e assertiva para darmos um basta a esse extermínio, outros ficam
chocados ou minimizando os fatos, buscando culpados ou reclamando das
autoridades e responsáveis.
Assim, o direito a vida vai sendo tirada de cada
cidadão a passos largos e cada vez mais com um assustador número de vítimas.
Não foi exatamente isso que presenciamos horrorizados nessa tragédia em Santa
Maria?(Esse fato ocorreu em 27 de janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria,
Rio Grande do Sul). A morte de mais de 230 jovens, em menos de 5 minutos? Creio
que muitos de vocês, como eu, só tomou conhecimento sobre o modelo dessa
construção de casa de show, que é replicada em todo o país, depois dessa
tragédia. E tragédia “premeditada”.
Segue link de vídeo onde você terá uma noção das características e dimensões
dessa boate e obterá seu próprio julgamento sobre se houve ou não direito a vida para esses jovens, ou
para qualquer outra pessoa que frequente um local com essas
características.
Agora, se eu estiver
exagerando ou equivocada nos comentários e a vida humana realmente tem valor em
nosso país, gostaria que me explicassem: como os Conselhos de arquitetos e
engenheiros puderam ou podem aprovar uma construção com esses parâmetros? Como
o Estado e autoridades puderam ou podem concordar em liberar um ambiente com
essas dimensões para o público? Quais os critérios que os organizadores de
shows utilizam para aprovar pirotecnia ou qualquer outro espetáculo dentro de
um ambiente com essas características?
Em uma escala de 0 a 10
(sendo 10 a nota máxima), qual a
importância que cada um desses técnicos dá a vida do próximo ao elaborar um projeto desses? Qual o conceito que essas pessoas possuem de direito a vida, respeito a vida e dignidade da pessoa humana?
Infelizmente o holocausto
que presenciamos com a vida desses jovens pode não acabar aqui. Sem querer
fazer drama e sem pessimismo, pelo contrário, o meu objetivo é e sempre será
mostrar que temos o poder de transformar
a nossa realidade. Além do poder,
temos a responsabilidade como
indivíduos, como cidadãos, como sociedade de nos mobilizarmos. Enquanto não
tivermos consciência desse poder e agirmos tanto mais vai demorar para
encontrarmos o caminho que nos levará ao mais importante e essencial de todos
os direitos: o nosso direito de viver.
Mas, será que estou mesmo
exagerando sobre um fato isolado, que ocorreu em uma boate em uma cidade do sul
do país? Então me respondam: por que as estradas de nosso país estão sempre em
precárias condições, mesmo as que cobram pedágio? Não é através dessas estradas
que milhares de trabalhadores buscam o seu sustento e da sua família e acabam
morrendo? O que está sendo feito? O que estão valorizando? E as ruas das nossas
cidades? Por que estão sempre com buracos? E nossa segurança pessoal: por que
carros populares são vendidos sem o mínimo de acessórios de segurança que
garanta a integridade física aos seus ocupantes, em caso de acidente? Por que é
preciso pagar mais para obtê-los? E os transportes públicos, porque não temos
qualidade nos transportes para os trabalhadores? E a segurança pública? Por que
os bandidos estão comandando crimes de dentro das cadeias e matando pessoas,
enquanto outros tantos estão soltos e aterrorizando comunidades inteiras? Sem
falar sobre o estado de descaso em que se encontram a saúde pública, a
educação...
Concorda comigo que não
estou exagerando quando digo que em nosso país sobra descaso com a vida humana, com o direito a vida, o respeito a vida e a
dignidade da pessoa humana?
Pagamos impostos
altíssimos e devemos exigir o retorno daquilo que pagamos em nosso benefício e
dos nossos filhos, para os nossos amigos
e a cada cidadão brasileiro, sem que haja necessidade de se “dar esmolas de
bolsa disso ou daquilo. ”
Exigimos
direito a vida e dignidade para vivê-la!
Temos muito a fazer e somos responsáveis pelo que deixamos de fazer.
Não podemos nos calar. Repetindo Einstein: O
mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal,
mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.
Abraços
Isi
Isi Golfetto, mas pode me chamar de Isi.
"Não há idade para sonhar, mas para realizar um
sonho é preciso acordar e agir."
Desde muito pequena, eu já sabia que no meu sangue
corria o desejo de ensinar. Ensinar me encantava. Sempre que alguém pronuncia
uma palavra errada, Isi estava lá para explicar e ajudar a falar da maneira
correta.
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