Conversando sobre Arte
entrevistada a artista Maria Schimpf.
por Marcio De Oliveira Fonseca
Quem é Mara Schimpf ?
Nasci em 1966 na cidade de São Paulo, onde
moro até hoje. Sou casada, tenho dois filhos e três netos.
Sempre tive meu atelier em casa, onde passo a
maior parte do meu tempo. Trabalho também fotografando nas ruas de São Paulo,
viajando para outros lugares e outros países. No dia a dia estou sempre
disponível para contemplar pequenos detalhes da vida que inspirem arte.
Quando criança, na casa em
que eu morava com minha família, tínhamos uma vizinha que era professora de
artes. Nas férias, como minha mãe trabalhava, esta vizinha passava algumas
horas comigo e minhas irmãs desenhando e pintando.
Essas eram minhas férias
preferidas! Já no Ensino fundamental, eu esperava ansiosamente pela sexta-feira
pois era o dia da aula de artes. Desde então eu já tinha uma grande paixão mas
até eu descobrir que isto poderia ser minha profissão demorou ainda muito
tempo.
Aos 12 anos, tive meu
primeiro contato com a fotografia através do pai de uma amiga; me lembro até
hoje da emoção que senti em seu laboratório fotográfico quando as imagens
captadas por sua câmera começaram a surgir como mágica, naquelas bacias com
líquidos estranhos. Fiquei completamente apaixonada por todo o processo. Aos 14
anos ganhei de presente a primeira câmera e já revelava e ampliava minhas
próprias fotos em casa.
Fiz faculdade de
Comunicação Visual na FAAP, mas nessa época eu já tinha dois bebês e meus
estudos ficaram para um segundo plano. A carreira de artista parecia cada vez
mais impossível.
Consegui retomar anos mais
tarde quando voltei a pintar em cursos livres no atelier da artista Silvia
Alves. Em seguida frequentei as aulas do pintor Paulo Pasta e fiz o curso de
história da arte do Rodrigo Naves. Neste momento comecei entender o que era
realmente ser um artista e tudo o que arte significava ou poderia significar.
Quando eu estava com quase
40 anos, conheci o grupo Dynamic Encounters e considero que a mais importante
parte da minha formação e conhecimento de arte veio das viagens que fiz com o
Charles Watson e o grupo de excelentes professores que o acompanham como
Frederico Carvalho, Agnaldo Farias, Jailton Moreira, Fernando Cocchiarale e
muitos outros.
Atualmente trabalho muito
com fotografia mas, mesmo sendo outro suporte, não pretendo dissocia-la da
pintura e do desenho. O meu processo de trabalho é lento e se dá em etapas,
podendo levar anos até finalizar um trabalho.
A câmera na mão me deixa
sempre atenta e curiosa assim, qualquer assunto pode me interessar; sem ter
necessariamente um projeto definido, vou descobrindo e fotografando aos poucos
as sutilezas do nosso mundo. Já no meu atelier inicio uma minuciosa seleção em
meu acervo de fotografias. Busco conjuntos de imagens que se relacionem por
suas características formais, cromáticas e/ou contextuais.
Através deste tipo de
organização encontro novas relações que nos fazem parar e refletir. Cada
fotografia é um instrumento e não a obra em si pois meu interesse está na
criação de uma nova imagem e/ou sensação que pode se formar a partir dessas
relações.
Que artistas influenciam
em sua obra?
São tantos e o tempo todo, mas não posso
deixar de falar do Édouard Vuillard, Mark Rothko, Richard Diebenkorn, Giorgio
Morandi, Lewis Baltz, Abbas Kiarostami, Jan Dibbets, Paulo Pasta, etc…
Como foi a experiência da
sua participação no Salão de Piracicaba?
A experiência de ver meus trabalhos expostos
no Salão de Piracicaba foi muito boa pois além de ser um Salão bem organizado,
é importante para o artista que o seu trabalho saia do atelier e chegue até as
pessoas.
Eu participei com três trabalhos, cada um
composto por três fotografias dispostas uma sobre a outra, formando colagens
digitais. A partir de fotos, cujos elementos principais são céu e mar, explorei
algumas das possibilidades nas maneiras de agrupá-las, transformando a relação
que se tem com a paisagem.
Por que o Rio e São Paulo
estão tão longe? Por que existe tão pouco intercâmbio entre os artistas?
Frequentei o grupo de estudos do Charles
Watson e toda semana eu ia para o Rio de Janeiro. A maioria dos meus amigos
artistas é do Rio e eu sinto que tem uma diferença bem grande em como as
pessoas se relacionam lá e aqui. No Rio parece que você tem mais acesso ao
outro, as pessoas se falam mais e se encontram mais.
Sinto em São Paulo os artistas mais
resguardados, talvez por ser uma cidade tão grande e tão difícil de se
locomover as pessoas fiquem ainda mais isoladas.
Currículo Resumido
Exposições
2014
· 46º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba -Piracicaba, SP
2013
· Programa de exposições MARP- 16ª
Semana da Fotografia - Museu de Arte de Ribeirão Preto - Ribeirão Preto SP
· Ressonâncias Brasil Berlim,
Kunstlerhaus Bethanien - Berlim, Alemanha
2012
· Exposição individual Nova Fotografia
2012, ”O Instante Expandido”- Museu da
Imagem e do Som (MIS) - São Paulo, SP
· 11º Bienal do Recôncavo - São Félix,
BA
· “Quase a última foto” - Exposição
coletiva, Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre, RS
2010
· Prêmio Aquisição no 38º Salão de Arte
Contemporânea Luiz Sacilloto, - Santo André, SP
· 9º Salão Nacional de Arte - Jataí,
GO
2009
· 15º Salão Unama de Pequenos Formatos
- Belém, PA
2008
· Programa de Exposições MARP -
Exposição individual simultânea, Casa da Cultura de Ribeirão Preto, SP
Formação
2012
· Histórias e discursos na arte atual:
a narrativa após o conceitualismo com a artista e professora Maria Helena
Bernardes
· Atelier aberto com Jailton Moreira em
Aparados da Serra, RS
2011
· Grupo de Estudos e Discussão de
Projetos de Charles Watson
2010
· Acompanhamento de projetos com o
artista Franz Manata
· Procedência e Propriedade, workshop
intensivo de desenho e conceitualização com professor Charles Watson
2009
· Leitura de Portfólios com Agnaldo
Farias e Dudi Maia Rosa
2008
· Pintura e Reflexão com Paulo Pasta no
Instituto Tomie Ohtake
· Tempo e Pensamento, módulo 1, com
Peter Pál Pelbart no Centro Cultural b_arco
2007
· Workshop “O Processo Criativo” modulo
I e II com Charles Watson no Instituto Tomie Ohtake
2006
· Pintura e Reflexão com Paulo Pasta no
Instituto Tomie Ohtake
· História da Arte com Agnaldo Farias
no Instituto Tomie Ohtake
1989
· Graduação em Comunicação Visual na
Faculdade Armando Álvares Penteado
Marcio Fonseca,
1943. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Responsável pelos blogs
art&arte marciofo,ocacadordeobjetos.blogspot.com e imagemsemanal
juntamente com Brenda. Professor Adjunto Fac Med UFRJ e médico inativo;
Estudou pintura e história da Arte com Katie van Sherpenberg e Arte
contemporânea com Nelson Leirner http://arteseanp.blogspot.com.br/
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