PEGA A TUA DOR E A TRANSFORMA EM ALGO BOM, EM ALGO PRODUTIVO [DAUFEN BACH.]

Imagem colhida na internet

Existem algumas situações, algumas dores emocionais que, realmente, nos derrubam e acabam dando uma rasteira em nossas psiquês, já conturbadas pelos excessos do dia a dia, e ficamos com a sensação de que um prédio de quatro andares desabou sobre nossas cabeças. Por mais que nos digam que a felicidade é resultado de um processo biológico e químico, não tem serotonina ou dopamina que dê jeito. Naqueles instantes, dias ou meses, subjetivamente ou não, o que queremos mesmo é poder gritar para os quatros cantos o quanto estamos sofrendo e denunciar a grande tragédia que se acocorou em nossas costas, pois é praticamente insustentável, calados e sozinhos, dar conta de tanta dor.

Nesses momentos surgem os famosos aconselhadores com suas frases de efeito que, a todo custo, querem nos fazer sentir bem. É um tal de “você é forte, vai superar”, “você é maior que isso”, “na vida é assim mesmo, tu vais entender isso lá na frente”, “isso não perda, é livramento”, “respira”, enfim, mil e um clichês na tentativa de te fazer sentir bem e escancarar um sorriso.

Eu tenho lá minhas dúvidas com relação as intenções desses messias da felicidade, não sei se é altruísmo ou uma certa vergonha por estarem bem ao lado de alguém que despencou fosso adentro. Digo isso porque as pessoas ficam sem ação diante de alguém que está sofrendo. Elas não sabem o que fazer, a não ser te dar analgésicos, ansiolíticos e cachaça e, nessa “quase obrigatoriedade” de serem salvadores, acabam com betoneiras cheias de sensações desconexas atreladas em seus lombos. Nessa tentativa vã de nos tentar deixar melhor, absorvem nossas angústias, traumas e ficam naquela zona de desconforto que só os solidários se permitem.

Superar a dor, seja ela oriunda de qual motivo for, depende exclusivamente de nós. Não há terapeutas, psicólogos, botecos ou companhias que sejam capazes de extirpá-las. São nossas atitudes, o nosso olhar para as outras coisas que possuem igual importância e os limites que impomos a nós mesmos e que nos permitem conservar nossa energia emocional, que ditará a sanidade de nossas emoções.

Lembro-me que há alguns anos, quando passava por momentos difíceis, uma amiga, dessas que enquanto você insiste em caminhar no seu inferno ela te deixa lá, mas te acompanha passo a passo até tu atravessar e completar teu processo de cura, disse-me: “pega a tua dor e a transforma em algo bom, em algo produtivo”. Confesso que na hora, bêbado de minha auto piedade, não entendi e demorou alguns dias para a ficha cair. Quando entendi que não tinha como mudar a realidade, que minha recuperação não se daria em um passe de mágica e, parafraseando Bryant McGill, “eu teria que sentar com minha dor, ouvir minha dor e respeitá-la para, só assim, com o tempo, conseguir superá-la”, escrevi o que eu considero, os meus melhores poemas.

Então pega a tua dor e a transforma em algo bom, não tem ninguém que possa fazer isso por ti, além de ti! Ocupe-se, aprenda com o teu sofrimento e cuide-se, não importa a tempestade, os dias irão amanhecer! Igual as ostras, faça de tuas dores, pérolas!

[Daufen Bach.]

Escritor, poeta, educador e editor da Revista Biografia.